25/09/2004 08h23 – Atualizado em 25/09/2004 08h23
Agência Estado
Os próximos dez dias serão decisivos para a definição de um novo nível de preços dos combustíveis, disse ontem o presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra. Segundo ele, a empresa continua avaliando o mercado antes de decidir por reajustes. “Os próximos 10 dias terão elementos que vão influenciar a consolidação de um novo patamar de preços, como a utilização dos estoques norte-americanos e até uma possível alta de cotas da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo)”, afirmou.
Dutra rechaçou qualquer relação entre o prazo citado e as eleições municipais, apesar de os 10 dias terminarem um dia após o primeiro turno do pleito. “Não tem vinculação com eleição”, afirmou. A Petrobras vem segurando os preços internos desde junho, quando aumentaram os preços da gasolina e do diesel em 10,8% e 10,6%, respectivamente. Neste período, o preço do petróleo atingiu níveis históricos no mercado internacional, chegando próximo dos US$ 50 por barril.
Quando promoveu o último reajuste, a Petrobras levou em consideração um petróleo na casa dos US$ 35, mas, desde meados de julho, a cotação não fica abaixo dos US$ 40. Mesmo assim, a empresa mantém o discurso de que precisa esperar a definição de novos patamares antes de mexer nos preços. Segundo cálculos de especialistas, a defasagem no preço do diesel, em relação à cotação americana, chega perto dos 30% e na gasolina, fica em torno de 40%. A valorização do real nos últimos dias, no entanto, vem dando um alívio à empresa, que compra diesel no mercado externo.
Na Argentina, a crise do petróleo levou a subsidiária local da estatal brasileira a aumentar os preços da gasolina e do diesel em 1,8% e 2,9% respectivamente, ainda no final de julho. A empresa seguiu um movimento iniciado pela Shell e Esso e, mais tarde, acompanhado também pela ex-estatal Repsol-YPF.
Esta semana, o Governo norte-americano informou que vai liberar parte de suas reservas estratégicas para minimizar os problemas causados pela paralisação da produção no Golfo do México durante a passagem do furacão Ivan. A decisão teria o objetivo de frear a alta nas cotações provocada pela suspensão na produção local. Mas o fim do verão americano e a proximidade de climas mais frios já mudaram a curva de preços do diesel, produto usado nos Estados Unidos como combustível para calefação.
A tendência é de que a cotação do diesel continue subindo nos próximos meses, até que o abastecimento para os meses de inverno seja contratado.