28/11/2005 11h09 – Atualizado em 28/11/2005 11h09
Folha Online
O julgamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein (1979-2003), retomado nesta segunda-feira (28) após uma interrupção de 40 dias, foi adiado novamente e deve continuar no próximo dia 5. O juiz que preside a audiência, Rizgar Mohammed Amin, tomou essa decisão para que a equipe de defesa possa repor três advogados –dois deles foram assassinados e o terceiro fugiu, após ser ferido em um atentado. O julgamento de Saddam começou a ser realizado em 19 de outubro passado, e foi suspenso por Amin três horas após começar, depois que dezenas de testemunhas não compareceram à corte por medo. Em 21 de outubro último, a polícia encontrou o corpo do advogado Saadoun Sughaiyer al Janabi, que representava Awad Hamed al Bandar, o antigo chefe da Corte Revolucionária de Saddam –que também está sendo julgado–, em um depósito de lixo de Bagdá. Ele foi assassinado com vários tiros na cabeça. Depois, no último dia 8, o advogado Adel al Zubeidi, que representava o ex-vice-presidente iraquiano Taha Yassin Ramadan e Abdullah Kazim Ruwayyid, membro do antigo partido Baath, foi assassinado. Thamir al Khuzaie –que trabalhava na defesa do meio-irmão de Saddam, Barazan Ibrahim–, ficou ferido nesse ataque e fugiu do iraque. A corte enviou outros três advogados para substituir os que não participam mais da equipe de defesa, mas Ramadan rejeitou o profissional escolhido pela corte para defendê-lo e insistiu no direito de escolher uma pessoa para representá-lo no tribunal. Além da reclamação contra os advogados enviados pela corte, o meio-irmão de Saddam, Barazan, também disse não ter recebido tratamento médico apropriado, desde que médicos diagnosticaram que ele tem câncer. Ele afirmou perante o juiz que a falta de ajuda médica é um “assassinato indireto”. Saddam, que já tinha reclamado do tratamento que os guardas o dispensaram, e do elevador quebrado no prédio em Bagdá, onde ocorria o julgamento –o que o obrigou a subir quatro lances de escada– disse ter escrito “três ou quatro bilhetes” para o juiz desde o último dia 19. Amin afirmou desconhecer tal fato.