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segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Sanduíche-íche prejudicou campanha de Ruth Lemos

06/10/2006 10h24 – Atualizado em 06/10/2006 10h24

Terra

candidatura da nutricionista Ruth Lemos (PPS) a uma vaga na Assembléia Legislativa de Pernambuco foi prontamente classificada como uma tentativa de tirar proveito político da desastrada entrevista que concedeu a uma afiliada da TV Globo, famosa pela divulgação na Internet. A insinuação, compreensível diante de um cenário repleto de candidatos exóticos, é rejeitada com firmeza pela nutricionista. E mais. Ela atribui ao episódio, conhecido como entrevista do sanduíche-íche, parte da responsabilidade por não ter obtido mais votos. “Aquilo só causa preconceito, porque me coloca numa situação de alguém limitado, sem potencial, sem formação. Como eu ia tirar partido? Se provocou alguma coisa, foi prejuízo”, destacou, sem esconder o incômodo. Na entrevista, Ruth falava o tempo todo repetindo o final das palavras porque, segundo ela, ouvia a própria voz com atraso através do ponto eletrônico. Fama na Internet Quem assistiu à cena, e inevitavelmente riu, conheceu outra Ruth na propaganda do horário eleitoral gratuito. Firme e seriíssima, ela contrasta com a entrevistada de gaguejar incontrolável, “estilo” este que alguns “fãs” sugeriram em blogs e comunidades do Orkut que ela usasse para conquistar eleitores. Longe de querer ligar sua candidatura àquele célebre turbilhão fonológico, a candidata avalia que os 1.160 votos que recebeu, embora insuficiente para obter a vaga, foram uma vitória diante da modéstia financeira de sua campanha e da imagem equivocada transmitida pela entrevista, à qual ela se refere como “o ocorrido”. “Consegui cada um dos votos no corpo-a-corpo, de porta-em-porta, falando com as pessoas. Quem votou em mim conhece quem eu sou realmente e conhece o meu trabalho”, disse, garantindo que nenhum voto recebido se deve à fama repentina. Empurrãozinho e críticas Porém, ela admite que o reconhecimento público, mesmo que de forma constrangedora, ajudou a levar adiante o plano de ingressar na política, que acalenta há anos. “Antes, era uma idéia remota, porque ter o nome conhecido é o primeiro passo para começar a vida política, e isso é muito difícil. Ficar conhecida ajudou a pôr adiante essa alternativa”, reconhece. Por conta da repercussão da entrevista, Ruth também foi convidada para protagonizar o comercial de uma operadora de telefonia, esta sim, simulando a gagueira original. Ruth revela que sua candidatura foi mal recebida por alguns pernambucanos. “Teve uma pessoa que perguntou: O quê é que Ruth Lemos sabe de política?”, lembra. E sentencia: “Se a política de que ele fala é essa que muitos estão praticando por aí, de gente que só está lá para ajudar a si mesmo, eu não quero entender nada. Eu acredito que política é trabalhar pelo social e não tirar dos que já não têm”. Ela reconhece sua falta de experiência, “mas todos os que estão hoje na política começaram um dia. E quando se começa, há muito que aprender”, pondera. Vontade de fazer política A vontade de entrar na vida pública, conta, partiu da intenção de realizar projetos sociais que individualmente não são viáveis. Sua plataforma prioritária é tirar as crianças das ruas. “É impossível conseguir justiça social e combater a violência sem tirar as crianças das ruas e levá-los para as escolas. A rua não tem nada para oferecer. Uma criança na rua, na maioria das vezes, é um futuro marginal”, destacou. Ela acrescenta que trabalharia para instalar turnos integrais nas escolas, em que os estudantes tivessem tanto educação formal quanto lazer. Outra proposta da candidata seria a redução do imposto de alimentos básicos, como pão. “O alimento básico do pobre aqui é o fubá (farinha de milho). Porque eles não têm dinheiro para comprar nem um pãozinho. O pão tem um percentual altíssimo de imposto”, protesta. Ruth Lemos foi presidente da Associação Pernambucana de Nutrição e do Conselho Regional de Nutricionistas.

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