28/03/2007 07h38 – Atualizado em 28/03/2007 07h38
Diário MS
Uma discussão banal entre vizinhos por causa de som alto teria motivado a mais sangrenta chacina da história de Dourados. O pedreiro Abrão Israel Lucas, 36, sua mulher Vera Lúcia Leonardo Daleste, 48, e os dois filhos do primeiro casamento de Abrão, Bruno, 13, e Natália, 8, foram mortos a tiros enquanto dormiam, na madrugada de domingo, porque ele reclamava constantemente do barulho provocado pelo som alto na casa de um de seus vizinhos, onde mora uma adolescente de 14 anos. A desavença entre Abrão e o namorado da menor, Cleber Junior Garças, 24, o “Caiçara”, se repetiu por pelo menos três vezes. Na madrugada de domingo, Cleber foi à casa da namorada com o objetivo de matar o vizinho. Acabou matando também Vera Lúcia e as duas crianças. Cleber, a menor e outro envolvido nos crimes, Fábio Teixeira Severo, 23, foram presos na manhã desta terça-feira por policiais do SIG (Serviço de Investigações Gerais). Todos moram no Jardim Canaã I. A arma utilizada no crime, um revólver calibre 38, foi apreendido na casa de Cleber. Em entrevista coletiva no 1º Distrito Policial, na manhã desta terça, o delegado responsável pelas investigações, Sandro Márcio Pereira, disse que os três acusados tiveram participação direta ou indireta na chacina. Ele disse que todos confessam envolvimento nas mortes. O delegado afirmou que todos estavam alcoolizados e drogados. Com a ajuda de Fábio Teixeira, Cleber Junior Garças teria arrombado a porta da casa e se dirigido ao quarto do casal, onde matou Abrão Lucas com dois tiros no peito e Vera Lúcia com um tiro na cabeça. Bruno, que dormia em um colchão na sala, e Natália, que dormia também sobre um colchão em outro quarto, teriam sido acordados pelo barulho dos tiros. Como conheciam os criminosos, os dois foram obrigados pela dupla a deitar de volta nos colchões e executados com tiros na cabeça, disparados por Cleber Garças. Após matar a família inteira, Cleber e a namorada pegaram o carro de Abrão, um Fusca, e se dirigiram para a rodovia estadual que liga o Jardim Canaã ao distrito de Panambi. Na estrada, atearam fogo no carro e fugiram por uma lavoura de soja. Por ainda estar se recuperando de um ferimento à bala na perna, Fábio Teixeira não acompanhou o casal até o local onde o carro foi incendiado e após a chacina voltou para sua casa. Recentemente, ele foi preso por agredir a própria mãe. Durante a prisão, resistiu à prisão investindo contra os policiais com uma faca. Foi baleado na perna e levado para o hospital, mas pagou fiança e foi colocado em liberdade. Na tarde desta terça-feira, a Polícia Civil deve divulgar uma nota oficial contando os detalhes do crime. Os acusados maiores de idade também devem ser apresentados à imprensa no período da tarde. O delegado Sandro Márcio Pereira chamou o crime de “bárbaro” e disse que vai solicitar ao Judiciário o recolhimento da menor à Unei (Unidade Educacional de Internação).