Williams Araújo
Pé de orelha
Pelo andar da carruagem, a briga pelo comando da Assembleia Legislativa promete ir até a véspera da eleição, aquela em que um deputado dorme presidente e acorda chupando o dedo. Essa conversa de que está tudo tranqüilo é conversa pra boi dormir, enquanto que, na verdade, o circo está pegando fogo no Parlamento Estadual.
Ontem de manhã, o governador eleito Reinaldo Azambuja (PSDB) esteve no gabinete do presidente da Casa, Jerson Domingos (PMDB), onde conversou muito com o peemedebista e com o cardeal Londres Machado (PR). A presença do presidente do TCE, Cícero de Souza, também despertou curiosidade.
Competição
Instante depois, a correria foi vista no gabinete do deputado estadual Zé Teixeira (DEM), potencial candidato à sucessão de Jerson Domingos em fevereiro e que tem a benção de Azambuja. O democrata recebeu a visita de vários colegas e também de Cícero de Souza.
Ou seja, enquanto uns acham que a eleição está definida em favor do peemedebista Júnior Mochi, outros acreditam que haverá surpresa no dia do pleito. Correndo por fora estão Paulo Corrêa (PR) e Onevan de Matos (PSDB). É esperar pra ver.
Rebeldia
O vereador Edson Shimabukuro, o My Body (PTB), não quer mais saber de ficar sob o comando do atual presidente do partido. Em carta enviada à direção nacional, solicitou aos getulistas que abram eleições diretas e promovam uma renovação geral dos diretórios municipal e estadual em Mato Grosso do Sul.
Pelo jeito, o ‘japa’ quer ver Ivan Louzada pelas costas e sem direito até de tentar uma reeleição. Certamente, fará um lobby dos diabos para evitar surpresas.
Crise
Aliás, a desavença entre o vereador campo-grandense e o comando regional só faz aumentar a crise no PTB, que não conseguiu eleger ninguém nas eleições de outubro e continua a amargar constantes bloqueios de verbas do Fundo Partidário por conta de dívidas milionárias, originárias de ações judiciais.
Além do mais, Louzada corre o risco de perder o controle da legenda para o ex-prefeito de Campo Grande, Nelsinho Trad (PMDB), que articula um golpe de mestre em Brasília para recuperar o partido que já foi presidido pelo seu pai, Nelson Trad (falecido).
No front
Diante de votações importantes no Congresso Nacional, entre elas a do Orçamento da União para
2015, o ainda deputado federal Reinaldo Azambuja (PSDB) atendeu pedido do seu líder e vai ficar por lá até sua diplomação no TRE. Deve, com isso, se juntar ao coro dos descontentes e tentar dificultar a aprovação da LDO que permite a flexibilização do superávit primário.
De partido opositor à presidente Dilma (PT), deve usar esse discurso para justificar sua postura e não sofrer retaliação depois.