19/03/2015 10h35 – Atualizado em 19/03/2015 10h35
A certeza de que a política fiscal empregada, junto com o apoiamento devido do governo estadual, serão fatores determinantes para projetar ainda mais o desenvolvimento do Município faz da administração Silas José uma gestão empreendedora, dinâmica e futurista
Léo Lima e Ricardo Ojeda
“Sou amigo pessoal do governador Reinaldo. E com ele no comando do Estado, muda e muito para os municípios carentes de mais obras, como Água Clara”. A frase é do prefeito Silas José ao afirmar que tem bom trânsito na governadoria para conseguir melhorias para a cidade. Ele, que obteve apoio do governo anterior para atrair indústrias, como, por exemplo, a isenção de 95% de impostos para a instalação da Asperbras, diz acreditar que, na gestão atual, muitos outros investimentos poderão aportar o Município.
“Outras [indústrias] virão; com Reinaldo, os incentivos serão extremamente importantes para a vinda delas”, conclui, projetando: “seremos o primeiro polo moveleiro do Brasil”.
Para garantir a vinda da Asperbras para Água Clara, segundo Silas, a Prefeitura investiu na compra de 20 alqueires de terras para a construção da fábrica, além de ter realizado serviços de terraplanagem, entre outros serviços visando facilitar a instalação da primeira indústria de MDF (Medium Density Fiberboard – Fibra de Média Densidade), um produto ideal para a fabricação de móveis, decoração, construção, indústria gráfica, automotiva, caixas de som, publicidade, stands, maquetes, etc.
INSTALAÇÃO DA UNIDADE
O Governo do Estado assinou um termo de acordo com o grupo Asperbras – Tecnologia Industrial e Agronegócios – para a construção de uma fábrica de placas de fibra de madeira de média densidade (MDF e MDP) no município deÁgua Clara, com investimentos de R$ 304 milhões. A indústria produzirá 200 mil metros cúbicos de placas a partir de 2017.
O documento, em que o Estado garante incentivos fiscais aos empreendedores, foi assinado pelo governador André Puccinelli e a diretoria do grupo, no começo de abril do ano passado, na governadoria. A prefeitura de Água Clara é parceira no projeto, doando uma área de 500 mil metros quadrados para montagem da indústria, situada às margens da rodovia BR-262, e garantindo isenção tributária municipal.
“No primeiro ano de construção esperamos o emprego de aproximadamente mil pessoas; depois, já em operação, a indústria vai gerar cerca de 200 empregos diretos e outros 200 indiretos, com faturamento de R$ 170 milhões/ano”, assegurou Silas José.
Em uma segunda fase, a Asperbras industrializará painéis de madeiras chamados de MDF. O grupo já investe no Estado nos segmentos de pecuária e eucalipto, entre Água Clara e Naviraí, e tem unidades no Nordeste, Minas Gerais e São Paulo.
“Um evento muito importante para o Município e aumentará ainda mais a auto estima do água-clarense”, observou Silas José.
Confira acima o vídeo divulgado pelo SBT MS sobre o funcionamento da segunda turbina da usina São Domingos
HIDRELÉTRICA E ROYALTIES
“O maior investimento do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal no Centro Oeste”, avaliou o prefeito de Água Clara, ao falar da ativação da Usina Hidrelétrica São Domingos, de onde o Município é beneficiado com os royalties, como compensação financeira pela utilização dos recursos hídricos para gerar energia elétrica.
No dia 14 de junho de 2013, a Eletrosul colocou em operação comercial a primeira unidade geradora da Usina Hidrelétrica São Domingos, aproveitando o potencial hidrelétrico do rio Verde, nos municípios de Água Clara e Ribas do Rio Pardo. O empreendimento conta com duas unidades geradoras com capacidade instalada total de 48 megawatts (MW), suficiente para atender ao consumo de aproximadamente 550 mil habitantes.
Com investimento na ordem de R$ 485 milhões, a Usina São Domingos é o maior empreendimento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Mato Grosso do Sul. Somente em projetos socioambientais, foram investidos cerca de R$ 14 milhões.
Nos próximos 30 anos, os municípios da área de abrangência da usina receberão uma compensação financeira (royalties), no valor de R$ 21,5 milhões, pela utilização dos recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica. O Estado recebe a mesma quantia e a União, R$ 4,7 milhões, totalizando R$ 47,7 milhões. Com o início da operação da usina, a expectativa é de que novos investidores se instalem na região, favorecendo o desenvolvimento socioeconômico das cidades do entorno do empreendimento. Durante as obras, foram gerados aproximadamente 2 mil empregos diretos e indiretos.
CONSTRUÇÃO DA USINA
Com 32 metros de altura, a barragem da usina forma um reservatório com área de aproximadamente 19 quilômetros quadrados e volume de 131 milhões de metros cúbicos. O canal, de 400 metros de comprimento por 6 metros de profundidade, e todo o barramento são revestidos em manta de polietileno de alta densidade (PEAD), dando um aspecto exclusivo à obra.
“Diferente de empreendimentos que utilizam métodos convencionais com concreto ou solo argiloso protegido por rochas, a São Domingos é a primeira usina hidrelétrica do Brasil a adotar essa técnica no barramento, que viabilizou a construção do reservatório em terreno arenoso, característico da região”, detalhou o engenheiro responsável pela obra, André Batistela Ribeiro, na época. O escoamento da energia é feito por uma linha de transmissão (138 kV) de 53 quilômetros até a Subestação Água Clara, pertencente à Enersul, conectando a usina ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Reportagem da jornalista Emilia Chacom, do SBT MS enfoca o potencial energético de MS com a operação da usina São Domingos
“Não é bem assim que funciona, mas arrisco dizer que Água Clara é autosuficiente em energia elétrica e estamos vendendo”, colocou Silas, com ponta de humor nas palavras. Entretanto, não está longe de ser verdadeira sua afirmação, quando, para os investimentos aportarem, esse fator é imprescindível. Segundo o prefeito, existe ainda projeto de construção de mais três PCHs (Pequenas Centrais Elétricas), aumentando ainda mais o potencial energético.
Com a construção da barragem, outro atrativo surgiu: a formação de um grande lago, cuja visitação ainda está impedida devido à inexistência de acesso. “Precisamos facilitar o acesso ao lago da usina; um lugar muito bonito e que, certamente, proporcionará momentos de lazer aos visitantes”, salientou o prefeito.
MADEIREIRAS E MÃO DE OBRA
Um certo recalque Silas José não consegue esconder e é motivo de chateação para ele, até. Grande parte dos empregados das madeireiras acompanharam os patrões, que se mudaram para a vizinha Ribas do Rio Pardo. “Praticamente, não temos desempregados em Água Clara, falta é mão de obra. Mas, estamos cuidando disso, aproveitando o Sistema S (Senai, Sesi, Sesc) para qualificar nossa gente”, afirmou o prefeito.
De acordo com Silas José, existiam na cidade cerca de 45 madeireiras, que aproveitavam o maciço florestal do Município, formado principalmente por árvores da espécie Pinus. Na época, inclusive, a economia de Água Clara se baseava fundamentalmente no plantio e extração de madeiras, além do plantio de soja e na pecuária. Tais fatos atraíram muitos investimentos nas décadas de 80, 90.
O reflorestamento da região está em plena atividade e Água Clara, assim como Ribas do Rio Pardo, que vai ter uma indústria de celulose, tem mais essa fonte de receita, via recolhimento de impostos devidos.
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