Em média, são confeccionados 300 capotes e 1.200 máscaras em tecidos semanalmente; para as internas, contribuir com a saúde pública, principalmente no hospital onde os próprios familiares são atendidos, é gratificante.
Dedicação e trabalho responsável das mulheres em situação de prisão do município de Três Lagoas tem garantido Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) ao Hospital Nossa Senhora Auxiliadora (HNSA), referência no tratamento de pacientes com coronavírus na região. Em média, são confeccionados semanalmente 300 capotes, além de 1.200 máscaras em tecidos.
A iniciativa é realizada pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas (EPFTL) e tem contribuído com profissionais de saúde do hospital, assim como, pacientes e familiares atendidos no local. Todos os insumos são fornecidos pelo Hospital Auxiliadora.
Nas mãos de sete reeducandas já foram produzidos 2.340 capotes, 1.552 gorros e mais de 12,2 mil máscaras – feitas com retalhos de tecidos. As peças têm sido tão importantes no suporte ao atendimento hospitalar que as internas receberam kits de beleza e higiene pessoal, como forma de agradecimento.
A ideia surgiu da direção de ambas instituições, tanto do hospital como do presídio, representadas pelas gestoras Carla Machado de Lourenço e Leonice Miranda Rocha Guarini, respectivamente; e tem como foco valorizar o trabalho prisional desenvolvido diariamente pelas internas. Até o momento, foram realizadas duas entregas de kits às internas.
A gerente de Qualidade e Captação de Recursos do HNSA, Daniela Mekaru, classificou a retribuição como justa, dada a relevância da produção no atendimento à população. “Acreditamos que o reconhecimento da dedicação das mulheres do presídio eleva o sentimento de realização pelas boas ações”, informa.
O HNSA é uma entidade filantrópica, na qual 93% dos atendimentos são voltados ao Sistema Único de Saúde (SUS), sendo referência para dez municípios na costa leste do estado. A pandemia do coronavírus trouxe uma doença com alta transmissibilidade, e para redução do contágio, o uso de materiais de proteção é um dos principais pilares para manter o pleno funcionamento do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora durante a pandemia.
Em Três Lagoas, até o final de junho foram registrados 287 casos confirmados da doença e mais de 2 mil notificados. “Desta forma, a confecção de EPIs no presídio feminino é essencial para ajudar a manter a proteção dos colaboradores e pacientes contra a Covid-19”, complementa Daniela.
Em sua opinião, a união de esforços entre o sistema prisional e a saúde pública mostra que a essência do ser humano é ser bom. “Ao mesmo tempo em que estão aprendendo um novo conhecimento na área de confecção, as reeducandas ajudam a salvar vidas e isso é muito importante para a sociedade”, revela a gerente de Qualidade e Captação de Recursos do HNSA.
Satisfação e reconhecimento
Para as internas, contribuir com a saúde pública, principalmente no hospital onde os próprios familiares são atendidos, é gratificante. “Trabalhar e ajudar quem está lá fora, a população como um todo, nos faz sentir útil e isso é muito importante, por isso agradecemos essa oportunidade”, ressalta a interna Claudirene Batista, uma das participantes da oficina de confecção instalada no presídio.
Na opinião da diretora da unidade penal, essa parceria é de extrema relevância, porque além de aumentar as vagas de trabalho é algo diferenciado e se tornou uma questão humanitária. “Anonimamente, as reeducandas estão ajudando uma grande parcela da sociedade e todos os materiais produzidos diariamente têm sido imprescindíveis para os atendimentos realizados no hospital e essa humanização as fazem se sentirem realizadas, o que contribui na reintegração social dessas mulheres”, garante Leonice.
Pelo trabalho, as internas recebem remição de um dia na pena a cada três trabalhados, conforme previsto na Lei de Execução Penal. Ações como essa são coordenadas pela Diretoria de Assistência Penitenciária da Agepen, por meio das Divisões de Saúde e Trabalho Prisional.
Além do EPFTL, a Agepen possui polos de produção de mascaras e outros EPIs em outras 21 unidades prisionais do Estado, já tendo sido confeccionadas ao todo cerca de 150 mil peças, que têm levado proteção contra à Covid-19 dentro e fora das prisões.
Tatyane Santinoni, Agepen
Fotos: Arquivo Agepen