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terça-feira, 23 de julho de 2024

Fogo surpreende pescadores no Pantanal

Com recorde histórico de queimadas, região já perdeu 10% de seu território no ano; veja vídeo

Um grupo que praticava pesca profissional na margem direita do rio Paraguai foi surpreendido por um incêndio de grandes proporções na mata em região próxima à cidade de Cáceres (MT). A queimada registrada em vídeo ainda não está na conta dos 4,2 mil focos de incêndio contabilizados de janeiro a julho deste ano pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Este é o maior número desde 1998, quando a série histórica foi criada. Segundo o instituto, os incêndios na zona pantaneira saltaram 240% este ano, e o bioma já perdeu cerca de 10% de sua área.

“Foi muito triste e desesperador ver tudo isso. Estou sem chão ainda. Só quem está vendo de perto para ter noção”, conta a pescadora Enilza Silva, que estava presente quando o fogo se alastrou no sábado (15). “Me trouxeram agora a pouco para cidade porque meu psicológico não está legal. Os bichos desesperados sem saber pra onde ir, outros já mortos. É desesperador.”

“Imagens registradas por grupo de pescadores
em Cáceres (MT)

O grupo que desenvolvia a atividade na região é experiente e usa uma base de apoio localizada em um rancho nas proximidades. Acampados, eles chegam a pescar durante 5 a 7 dias ou até atingir a cota máxima permitida, que é de 125 kg de peixes por pessoa, por semana. Os pescadores relatam que ultimamente não estão conseguindo atingir essa cota.

“O rio já está quase atingindo a maior baixa dos últimos 50 anos. E no mês de fevereiro ocorreu um fenômeno chamado decoada exatamente porque o rio não encheu o suficiente, o que causa a decomposição de matéria orgânica, como folhas e galhos. Isso tira o oxigênio da água, matando muitos peixes no rio. E ainda tem o assoreamento”, explica Joari Costa de Arruda, professor da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) e coordenador da ONG Ecopantanal. Ele é especialista em biodiversidade e biotecnologia e atua no projeto “Corredor ecológico, econômico e cultural do Rio Paraguai” junto a pescadores e comunidades ribeirinhas da região. “Este ano não está favorável para o rio e para quem depende dele para tirar o sustento da família”, lamenta o pesquisador.

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