Trabalho de mulheres que cumprem pena no Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas traz alegria aos pequenos que estão internados; kits vêm com livros, giz de cera, quebra-cabeça e outros itens lúdicos
O trabalho de mulheres em situação de prisão está garantindo atendimento mais lúdico e humanizado a crianças que ocupam leitos na pediatria do Hospital Auxiliadora, no município de Três Lagoas. Ao todo, foram confeccionadas bolsas e máscaras de tecido lavável, como parte de kits infantis de entretenimento distribuídos a todas as crianças que realizam algum tipo de tratamento hospitalar.
A iniciativa é da Associação de Ação e Proteção das Crianças e Adolescentes em Situação de Risco de Três Lagoas e Selvíria (APA), que firmou parceria com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio do Estabelecimento Penal Feminino de Três Lagoas (EPFTL), para execução do projeto.
A união de esforços tem como objetivo proporcionar conforto e alegria aos pequeninos em um momento tão difícil. Os kits são compostos por bolsa artesanal de tecido, contendo duas máscaras laváveis e estampa infantil, um álcool em gel, um livro de história, um livro de atividades, uma caixa de giz de cera, um quebra-cabeça e um livro de colorir.
A entrega do material foi realizada na última semana, e contou com a presença de representantes do Hospital Auxiliadora, inclusive do corpo clínico da Ala Pediátrica, além de conselheiros do APA e a diretora da unidade penal, Leonice Miranda Rocha Guarini.
Na opinião da servidora, a parceria possibilita um trabalho humanitário que vem realizando juntamente com o Hospital, desde a produção dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e artesanatos. “É gratificante ver esse resultado, as crianças ficarão felizes e também contribui na ressocialização das internas, uma oportunidade de remição e de realizar um trabalho que reverte em prol da sociedade”, enfatizou Leonice.
Todo o material foi custeado pela APA, que realizou ainda a doação de R$ 700, que foi dividido entre as seis internas que atuam na oficina de costura do presídio, como forma de incentivo à dedicação diária.
Além da contribuição financeira, as reeducandas também recebem remição de um dia na pena a cada três dias de serviços prestados, conforme estabelece a Lei de Execução Penal.
De acordo com a presidente da APA, Fernanda Rocha Gonçalves, por ser uma associação de utilidade pública, a entidade prima em seus projetos pela utilização de serviços locais que, preferencialmente, também tenham a característica de relevância pública e social. Dessa forma, a parceria com o sistema prisional foi sugerida pelos próprios colaboradores para este projeto e foi prontamente acatada pela Diretoria e Conselho Deliberativo.
“A ideia surgiu a partir do momento que a humanidade vem enfrentando com a chegada da pandemia, com considerável ocupação de leitos. E o resultado ficou incrível, está sendo doado às crianças internadas um material de excelente qualidade, com visual lúdico e agradável”, ressaltou a dirigente, informando que além da bolsa artesanal ter estampas lúdicas, as máscaras são dupla face, podendo ser utilizadas dos dois lados pelas crianças, que certamente ficarão encantadas com esse carinho.
O Hospital Auxiliadora ficou responsável pelo intermédio para buscar os itens necessários para confecção. Após o resultado final, a diretora-geral, Nilda Cavalcante, destacou o grande envolvimento da sociedade em prol das crianças. “É muito gratificante ver o empenho para presentear nossas crianças, é um trabalho muito bonito e que certamente irá alegrá-las”, disse.
A acompanhante Evelim Aparecida de Moura, que está com seu filho Yantomas de Moura, de 5 meses, ficou muito feliz com a entrega dos kits. “Gostei bastante, vou ler várias histórias para ele”, contou emocionada.
A ampliação e reforma da Unidade de Pediatria do Hospital Auxiliadora, há três anos, também foi obra da APA, que adequou o espaço para atender às necessidades de crianças atendidas pelo SUS, em Três Lagoas e macrorregião, com a mesma qualidade e conforto destinado aos pacientes particulares, com estrutura adequada e atendimento humanizado.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, proporcionar ocupação produtiva em benefício social incute nos apenados novos valores e incentivam mudanças de comportamento, proporcionando mais dignidade e esperança de uma vida diferente longe da criminalidade.
(*) Tatyane Santinoni, Agepen