A situação é tensa para quem mora dos dois lados da fronteira. Os soldados não estão permitindo a circulação de pessoas, até mesmo dos moradores das cidades fronteiriças
Não durou nem 48 horas a abertura da fronteira do Paraguai com o Brasil, através de Ponta Porã. Na segunda-feira, 5, um dos maiores shopping da América Latina, o Shopping China, reabriu as portas, recebendo os clientes com uma grande festa.
A empresa adotou todos os procedimentos sanitários de segurança, como exige o Ministério da Saúde do pais vizinho.
Entretanto, na tarde do dia seguinte, os militares retornaram à divisa da fronteira e impediram a circulação das pessoas que moram nas duas cidades fronteiriças. Inclusive, quem passou para o lado vizinho não conseguiu voltar pelas vias principais, tendo que encontrar outros pontos que ainda não havia fiscalização para atravessar a fronteira.
Na manhã de hoje, 7, a fiscalização foi mais intensa na linha que divide as duas cidades, Ponta Porã, no Brasil, e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Militares tomaram toda a extensão da fronteira proibindo o tráfego de veículos e a circulação de pessoas. Até o trevo dá acesso ao Shopping China foi fechado com pneus na parte de manhã, e agora à tarde militares estão posicionados no local.
Diante disso, os comerciantes, que estiveram com as atividades suspensas por sete meses, estão se organizando e prometendo novas mobilizações até a reabertura total da fronteira. Eles garantem que a situação epidemiológica está estável, sem aumento significativo de infectados e mortes por Covid-19.
De acordo com informações, a presença de militares na linha de fronteira voltou a ocorrer porque ontem várias empresas reabriram as suas instalações, tendo em vista que a grande maioria dos cidadãos depende do comércio de fronteira.
Devido a esse fechamento, muitas empresas já estavam submersas em crises. O governo não apresenta soluções quanto à abertura da fronteira, mantendo toda a zona de Pedro Juan Caballero com presença militar e constantes barreiras que dificultam a circulação normal dos cidadãos e, portanto, afetam mortalmente os negócios.
Vários comerciantes afirmaram que estão indignados com esse tipo de retaliação na área de fronteira, o desemprego está crescendo e os prejuízos são incalculáveis.
Embora o governo brasileiro, por meio da portaria nº 470 de 2 de outubro, preveja a prorrogação do fechamento de fronteira ao estrangeiro por mais 30 dias, um dos pontos mais relevantes para o nosso país está entre as exceções estipuladas no Artigo 4, subseção 11, que determina que será permitido o tráfego de residentes fronteiriços em cidades-gêmeas, mediante apresentação de documento de residente ou outro documento comprobatório, desde que seja garantida a reciprocidade no tratamento dos brasileiros pelo país vizinho.