Empresa adquiriu 60 cavalos-motor, que também serão usados na indústria de celulose; compra dos veículos deve gerar novos empregos, tanto de motoristas quanto na manutenção
A Usina Termelétrica Onça Pintada, da Eldorado Brasil, cujas obras tiveram início em 2019, deve ser entregue para operação no próximo mês, segundo apurado pelo Perfil News.
O empreendimento reuniu um batalhão de mais de 1500 pessoas durante o auge das obras civis e recebeu investimentos de R$ 350 milhões – recursos próprios da empresa.
Com a inauguração do Projeto Onça Pintada, outra onda de contratações deve surgir: a de motoristas carreteiros. O processo de contratação já está sendo preparado.
A Eldorado comprou, com a intermediação da concessionária Rivesa, 60 cavalos-motor Volvo FH 540, além de 29 carretas bitrens, adquiridas da Librelato.
Dos veículos comprados, 29 cavalos serão atrelados aos novos bitrens para Operação da Onça Pintada e os outros 31 irão rodar com tritrens para transporte de madeira na fábrica de celulose.
A Rivesa abriu uma loja em Três Lagoas especialmente para atender à Eldorado. A reportagem apurou que o custo médio de cada conjunto desses (carreta + cavalo) é de cerca de R$ 900 mil. As informações são extraoficiais.
A Usina
O projeto Onça Pintada prevê a geração de energia a partir do reaproveitamento do resto do corte do eucalipto que sustenta a indústria de celulose. A biomassa é feita de tocos, raízes, cascas e restos de árvores que não eram aproveitados no campo e que, agora, passarão a gerar energia elétrica.
A usina processará 30 toneladas de biomassa para cada MW/h de energia produzida. A usina é a de maior geração de energia do Brasil com essas características: a Onça Pintada deve entregar 50 MegaWatts/hora ao sistema elétrico nacional, conhecido como “linhão”. A partir daí, a Aneel distribuirá a energia de acordo com o necessário para todas as regiões do país
Apesar de ficar no mesmo espaço físico em que está a fábrica da Eldorado, a Usina Onça Pintada não abastecerá a fábrica com energia. Mesmo porque a Eldorado, além de ser auto-suficiente (ela mesma gera a energia que usa) já produz energia suficiente para exportar para o grid nacional outros 50 MW/h.
“É um processo diferente, independente da produção de celulose, que utilizará o que sobra da colheita de eucalipto para a geração de energia verde”, afirmou, em entrevista ao Perfil News, o Diretor Industrial Carlos Monteiro.
A Onça Pintada será a primeira usina de geração de energia a partir de biomassa a produzir essa quantidade de energia. Existem outras, pequenas, produzindo cerca de 5 MW/h.
No prazo – apesar da Covid
A entrega da Onça Pintada não sofreu atrasos significativos, apesar da pandemia. As obras chegaram a ser suspensas e parte da equipe colocada em home office. Outros, essenciais, continuaram no canteiro de obras, recebendo materiais já encomendados e deixando tudo organizado para quando o período crítico passasse. A estratégia seguiu a mesma normativa já traçada para a planta de celulose.
Como a obra atraía motoristas de caminhão e funcionários das empresas parceiras que vinham de várias partes do país, a ideia era impedir a disseminação do novo coronavírus, que já avançava em território nacional.
A preocupação, além da saúde dos funcionários da Onça Pintada, era não trazer o vírus para o contingente de mais de quatro mil colaboradores da fábrica de celulose, que funciona em espaço anexo, é considerada serviço essencial e cujos trabalhos não pararam.
No entanto, a pedido da Agência Nacional de Energia Elétrica, os gestores da obra se viram obrigados a retomar os trabalhos. A Usina Termelétrica Onça Pintada vai fornecer energia elétrica para o chamado “linhão”. Assim como todas as usinas produtoras de energia, a Onça também é considerada serviço essencial e de importância nacional.
Energia verde, tendência mundial
Hoje, o mercado trabalha basicamente com três áreas energia limpa: a eólica, a solar e a energia verde, que é o caso da usina de Três Lagoas.
Existem atualmente 271 usinas à biomassa em operação no Brasil, o que representa 12,7 gigawatts em capacidade, segundo dados da CCEE. A maioria, entretanto, funciona à base de bagaço de cana. O potencial representa quase uma usina de Itaipu, que soma 14 gigawatts em potência instalada.
A Eldorado pode estar liderando o processo de energia verde no Brasil. Além da Onça Pintada a empresa já tem o projeto de mais duas usinas – todas no Mato Grosso do Sul. “Temos uma floresta enorme aqui, é uma matéria-prima que está lá e fica no campo apodrecendo. Se você consegue transformar isso em energia você está agregando valor”, afirmou Monteiro.