Novo cronograma foi informado pelo Secretário de Desenvolvimento, Jaime Verruck
A novela da venda da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN3) pode ter um fim neste ano. A fábrica, localizada em Três Lagoas e de propriedade da Petrobras, pode ser vendida ao grupo russo Acron até o fim de março. As informações são do Correio do Estado.
O novo cronograma foi informado pelo titular da secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Jaime Verruck.
“O governador Reinaldo [Azambuja] teve uma reunião virtual com a Petrobras e ficou sinalizada uma reabertura de prazo até 28 de março”.
“A Petrobras continua com posicionamento de tanto fornecer gás quanto aquisição direta, isso dá uma segurança para o futuro comprador do requerente da planta. Então, nesse momento nós vamos ter que aguardar essa data de 28 de março”, disse Verruck.
Ainda de acordo com o secretário, a ideia é que a gigante russa de fertilizantes Acron mantenha o interesse na planta, mas caso a venda não seja concretizada, a estatal deve lançar um novo edital.
“Após 28 de março, não ocorrendo [a proposta da Acron], vai ter que estudar o edital e fazer uma reabertura de processo. Tenho certeza que nem a Petrobras nem a estratégia brasileira do Ministério de Minas e Energia têm interesse que essa planta não seja negociada, dado que já está com mais de 80% das suas obras concluídas”, explicou Verruck.
A UFN3 começou a ser construída em 2011. A unidade integrava um consórcio composto por Galvão Engenharia, Sinopec (estatal chinesa) e Petrobras. Quando foi lançada, a planta estava orçada em R$ 3,9 bilhões.
Após a Operação Lava Jato, na qual os responsáveis pela Galvão foram envolvidos em denúncias de corrupção, as obras pararam.
A Petrobras absorveu todo o empreendimento e acabou ficando com a parte das outras integrantes do consórcio.
Em dezembro de 2014, as obras da unidade foram paralisadas, já com 83% da indústria concluída. O secretário aponta que, como está há sete anos parada, o prejuízo com a planta fica cada vez maior.
“Quanto mais tempo esse projeto demorar para ser retomado, maior é o custo, maior a necessidade de investimento e maior é a necessidade de alteração de tecnologia”, afirma.
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Em meados de 2019, a gigante russa de fertilizantes Acron havia fechado acordo para a compra da empresa.
Caso o negócio fosse concluído com sucesso, as obras do empreendimento estavam programadas para recomeçar em 2020.
O principal motivo para que o contrato não fosse firmado na época foi a crise boliviana, que culminou na queda do ex-presidente Evo Morales.
Além de ser a fornecedora oficial do gás natural – matéria-prima para o funcionamento da fábrica –, a estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) era sócia, com 12% do negócio e opção de ampliar a participação para 30%.
O secretário Jaime Verruck explicou, na época, que a crise na Bolívia foi o grande entrave para o fechamento do negócio, mas o fato de a venda ser em conjunto e a matéria-prima não ser fornecida pela Petrobras também influenciaram no fim das negociações.