Anderson Schereiber, acusado de parcialidade pela J&F, se defende, mas pede para deixar o caso
O árbitro Anderson Schereiber renunciou no sábado, 14, ao processo arbitral entre a J&F Investimentos e os indonésios da Paper Excellence, que travam uma briga de foice pela Eldorado Celulose. Em uma carta de 40 páginas enviada à Corte Internacional de Arbitragem da CCI, Schereiber rebate as acusações feitas pelas J&F sobre sua parcialidade por não ter informado ao tribunal arbitral que trabalhou fisicamente em um mesmo escritório da banca Stocche Forbes, que advogada para os indonésios, e também por supostamente ter trabalhado em casos junto com o escritório. A J&F, empresa de Joesley Batista, perdeu a Eldorado em um processo no tribunal arbitral e, para tentar anular a decisão na Justiça, passou a questionar a parcialidade de Schereiber.
Schereiber, em sua longa carta, coloca dúvidas sobre o fato de a J&F ter feito questionamentos somente depois de ter pedido a causa, apesar de ter tido outras oportunidades, segundo alega. Ele diz ainda que o uso do mesmo andar em um prédio de escritórios se tratava apenas de contratos de locação feitos entre a banca que trabalhava à época e à outra banca que antecedeu a sociedade do Stocche Forbes. Tais contratos de aluguel teriam terminado dois anos antes dele se tornar árbitro do caso. O advogado também diz que nunca trabalhou em casos com o Stocche Forbes.
A renúncia do árbitro deixou o mercado de arbitragem em polvorosa. Apesar de sua renúncia não significar mudança na sentença arbitral, a atitude pode influenciar o Judiciário que analisa se anula a sentença. Atualmente, a decisão arbitral está suspensa por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo e o caso poderá ainda se arrastar por anos. A Paper Excellence tem mais de 7 bilhões de reais depositados em uma conta para fazer frente ao negócio que fechou com a J&F sem, no entanto, conseguir assumir a Eldorado Celulose. O caso já teve todo tipo de polêmica e foi parar na polícia depois de trocas de acusações de espionagem e hackeamento.
Por: Josette Goulart
(*) Veja.abril.com