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Três Lagoas
quarta-feira, 9 de outubro de 2024

MPF envia ao STJ pedido para investigar presidente do TCE por contratos da empresa da esposa

Presidente do TCE pode ser investigado por tráfico de influência por causa de contratos milionários firmados pela empresa da esposa e do filho 

Por Edivaldo Bitencourt

O Ministério Público Federal encaminhou para o Superior Tribunal de Justiça o pedido de investigação por tráfico de influência contra o presidente do Tribunal de Contas do Estado, conselheiro Iran Coelho das Neves. A denúncia foi feita a partir de dois contratos milionários, firmados sem licitação, com a empresa da esposa e do filho do dirigente da corte fiscal.

A representação para investigar Das Neves foi feita pelo advogado Ênio Martins Murad. Apesar de não ter experiência, apenas oito meses de fundação e capital social de R$ 200 mil, a Prosperitate Consultoria Ltda, de Maria Francisca Silva Neves (esposa) e do auditor fiscal Adnan Silva Coelho das Neves (filho), foi contratada sem licitação por “notória especialização”.

O prefeito de Corumbá, Marcelo Iunes (PSDB), topou pagar R$ 3 mil pela regularização fundiária de cada lote. No total, a Cidade Branca pagaria R$ 4,188 milhões, mas o contrato foi suspenso pela Justiça.

Já o prefeito de Selvíria, José Fernando Barbosa dos Santos (PSDB), aceitou pagar R$ 2,5 mil por cada lote. No total, a cidade no leste pagaria R$ 4,685 milhões. Após Murad ingressar com ação popular pedindo o cancelamento do contrato, o tucano se antecipou a Justiça e suspendeu o contrato por um ano.

Paralelamente, o advogado pediu a investigação do presidente do TCE. O procurador da República, Armando César Marques de Castro, de Três Lagoas, declinou competência sobre a improbidade administrativa porque não há, teoricamente, recursos federais no contrato. Ele pediu para o caso ser encaminhado para o Ministério Público Estadual.

“Requer sejam adotadas medidas necessárias para apuração e responsabilização do Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, Iran Coelho das Neves, pelo cometimento, em tese, do crime de tráfico de influência e outros delitos, bem como, o afastamento do cargo”, ponderou o procurador.

“Ainda, com relação à notícia de crime de tráfico de influência, supostamente cometido pelo Conselheiro Presidente do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul, Iran Coelho das Neves, tem-se que é autoridade com foro por prerrogativa de função (artigo 105, inciso I, alínea “a”, da Constituição Federal), vez que, em tese, o crime está sendo cometido durante o exercício do cargo e está relacionado à função desempenhada, o que justifica o envio de cópia dos autos para Secretaria da Função Penal Originária no STJ, da Procuradoria-Geral da República, para ciência e providências que entender cabíveis”, pontuou, determinando o encaminhamento do caso para Brasília.

Em junho do ano passado, o STJ determinou o cumprimento de buscas e apreensão na casa e nos gabinetes de três conselheiros do TCE – Waldir Neves, Ronaldo Chadid e Osmar Jeronymo – na Operação Mineração de Ouro. Eles são investigados por tráfico de influência, venda de sentença e até contratação de funcionários fantasmas.

No entanto, a Procuradoria-Geral da República pode analisar a representação feita por Ênio Murad e descartar a investigação por falta de indícios. O conselheiro Iran Coelho das Neves não se manifestou até o momento sobre o caso. A Prosperitate negou que houve superfaturamento no contrato de Corumbá e usou o contrato de Selvíria para justificar que tinha experiência na área em pedido para retomar o contrato milionário. O recurso é analisado pelo desembargador Dorival Renato Pavan, que negou liminar para a retomada imediata do contrato de R$ 4,188 milhões.

O Jacaré

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