Após fracassada as negociações com o grupo russo, Acron, a Unigel mostrou interesse na compra do projeto que está parado desde dezembro de 2014
A Unigel, empresa do setor químico líder na produção de fertilizantes nitrogenados no Brasil, está interessada na compra de um projeto da Petrobras (PETR4) em Mato Grosso do Sul idealizado para produzir ureia e amônia, visando expandir sua atuação no setor, afirmou o CEO da companhia à Reuters.
O interesse aumentou após o anúncio, nesta semana, da fracassada negociação entre a Petrobras e a russa Acron para a venda do empreendimento, que ainda precisa ser concluído para começar a operar.
OBRA PARALISADA
A operação da unidade, que teve capacidade projetada pela Petrobras em 3.600 toneladas/dia de ureia e 2.200 toneladas/dia de amônia, poderia ajudar o Brasil a reduzir sua dependência do produto importado, enquanto o país lida com dificuldades advindas da guerra entre Ucrânia e Rússia.
A Petrobras tenta há anos vender a Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III), localizada em Três Lagoas (MS), cuja construção foi paralisada em 2014, com cerca de 80% das obras finalizadas. E, recentemente, havia assinado uma minuta contratual com a Acron.
ESTRATÉGIA
A unidade de Mato Grosso do Sul se encaixaria na estratégia da Unigel, que já opera duas fábricas de fertilizantes nitrogenados arrendadas da Petrobras, na Bahia e Sergipe.
“Existe essa perspectiva (de entrar em negociação com a Petrobras). Mas vai depender do rumo que a Petrobras vai dar, dependendo do edital, e vamos olhar com carinho”, afirmou o presidente-executivo da Unigel, Roberto Noronha Santos.
“O Brasil é grande importador de ureia, comprando cerca 8 milhões de toneladas, a Unigel já produz 1 milhão de toneladas/ano, e Três Lagoas produzirá 1,2 milhão de toneladas/ano”, ressaltou o executivo.
Ele disse que, se a Unigel sair vencedora em eventual licitação, gostaria de “retomar a obra no mais curto espaço de tempo possível”.
CRONOGRAMA
Segundo o executivo, um projeto químico demora normalmente três a quatro anos, “mas como já tem mais de 80% da obra dá para encurtar o prazo: faltariam uns 18 meses para pôr a planta em operação”.
O custo estimado para a conclusão da unidade, na qual a Petrobras investiu cerca de 3 bilhões de reais, seria de “centenas de milhões de dólares”.
Ele lembrou que a Unigel investiu 530 milhões de reais nas unidades de Sergipe e Bahia.
Uma vez em operação, a UFN-III garantiria mais oferta nacional da matéria-prima de adubo aos agricultores do Brasil, quarto maior consumidor de fertilizantes nitrogenados, que tem importado cerca de 75% de sua demanda desse tipo de produto sendo que a Rússia está entre os principais fornecedores.
Melhor Opção
A Unigel seria uma melhor opção que a Acron, segundo duas fontes com conhecimento do interesse da empresa química brasileira, que falaram na condição de anonimato.
CONHEÇA A UNIGEL
A Petrobras informou na quinta-feira que falharam as negociações com a Acron para a venda da unidade nitrogenados.
Segundo a estatal, o plano de negócios proposto pela Acron impossibilitou as aprovações governamentais necessárias para a continuidade da transação.
As negociações foram encerradas porque poderiam se prolongar por um tempo muito e os resultados seriam incertos, “com risco de a Acron não concluir a UFN-III, usando o espaço apenas como entreposto e mistura de nitrogenados”, disse uma das fontes.
Já a Unigel, com o arrendamento das duas unidades da Petrobras, alcançou uma posição de liderança na produção de fertilizantes nitrogenados do país, e estaria mais apta a concluir o projeto, acrescentou a fonte.
“A empresa já investe em fertilizantes no Brasil, e tem interesse de concluir a UFN-III e ocupar 50% do mercado de fertilizantes”, ressaltou uma das fontes.
A Unigel conta com mais de 2,9 milhões de toneladas de capacidade instalada, sendo 925 mil toneladas de amônia, 1,125 milhão de toneladas de ureia e 670 mil toneladas de sulfato de amônio, segundo informações da empresa.
Reuters
Texto extraído do portal Money Times