Irenio Moreira da Silva, 72 anos, morreu após ser atropelado por uma caminhonete no último Dia dos Pais. O motorista do veículo fugiu sem prestar socorro à vítima que estava indo levar bolinho de chuva à filha
Geovana Soares da silva, 29 anos, é filha de Irenio. Ela conta que o pai morava com a mãe num rancho, localizado em Brasilândia. Como de costume, pegou a sua motocicleta para ir a um supermercado, em seguida, iria até à casa da filha entregar bolinhos de chuva e receber um abraço de Dia dos Pais, mas acabou sendo covardemente atropelado.
“Logo cedo a minha mãe me ligou dizendo que o meu pai passaria na minha casa para me entregar o bolinho de chuva que ela tinha feito. Ele estava indo a um supermercado para comprar pão, assim como fazia todos os dias. Ele foi surpreendido por uma caminhonete, foi atropelado e deixaram o meu pai na rua como se fosse um animal. A gente não faz nem com um animal. Infelizmente o meu pai não resistiu”, lamentou a filha.
TRISTE NOTÍCIA
Geovana conta que recebeu uma ligação do irmão dela dizendo que o pai havia sofrido um acidente e quando chegaram ao local, os irmãos encontraram o pior. “Quando chegamos o meu pai estava morto, não acionaram socorro. Nas imagens que tivemos acesso, o meu pai foi atropelado pelas costas e nem viu o acidente. A gente esperava ter um dia feliz, já que era Dia dos Pais. Esperava dar um abraço no meu pai e eu o encontrei morto. A marmitinha com os bolinhos de chuva que ele ia me entregar estava jogada na rua. A nossa família está sem chão, ainda mais sabendo que não teve justiça no caso”, desabafou.
SUSPEITOS
Para a família, a polícia contou que dois menores, sendo um de 14 e outro de 17 anos estariam na caminhonete, quando mataram o idoso. O veículo pertenceria a um rapaz que seria maior de idade, mas após terem acesso a várias câmeras de monitoramento, a família suspeita que outra pessoa poderia estar no volante na hora dos fatos.
“Nos contaram que o adolescente de 14 anos estava dirigindo e o de 17 era passageiro. O dono da caminhonete foi detido, mas foi solto após o pai dele pagar uma fiança de R$ 15 mil. O menor que estaria ao volante foi apreendido e encaminhado para a Unei, onde vai ficar apenas 60 dias. Tivemos acesso a imagens que podem dar uma reviravolta no caso”.
NOITE NA FESTA
Após os fatos, a família também foi informada que todos os envolvidos teriam passado a noite em uma festa que aconteceu num rancho. “Moradores já tinham chamado a polícia durante a madrugada por causa do barulho que eles estariam fazendo. Em seguida, pela manhã, atropelaram, mataram e deixaram o meu pai jogado na rua”.
ESCLARECENDO OS FATOS
O advogado da família da vítima, Thiago Dalalio, explica que conseguiu ter acesso a várias câmeras de segurança, as quais mostram o acidente. Nas imagens é possível perceber que o motorista da caminhonete estava com a mesma roupa do dono do veículo em uma festa, minutos antes do atropelamento.
“Temos elementos que o dono da caminhonete que seria maior de idade supostamente estaria dirigindo o veículo. Pouco tempo depois do acidente ele foi pego com outra roupa, que não era do seu tamanho. O local onde ele foi encontrado fica a poucos metros da casa do pai dele. Também temos vídeos que mostram o dono do veículo bem alterado durante a festa que aconteceu antes do atropelamento. A responsabilidade ficou com o menor de idade, mas gostaríamos de esclarecer todos os fatos”, destacou.
DIFICULDADE PARA TER ACESSO AOS DOCUMENTOS
O advogado da família do idoso alega estar com dificuldades para ter acesso às informações do acidente.
“Estou há três dias tentando ter acesso aos autos. Peticionei no processo, que está em segredo de justiça, juntando as procurações da esposa e dos filhos da vítima. Apesar de ligar incessantemente no cartório e no gabinete, até o momento o acesso não me foi concedido. O acesso ao processo é garantido ao advogado por Lei Federal (Estatuto da Advocacia e da OAB)”, disse a defesa da família de Irenio. O advogado também ressalta que não teve acesso ao processo, ao Juiz e ao inquérito na fase policial, o que são direitos garantidos pela Lei Federal. O profissional destaca que acionou a Comissão de Prerrogativas da OAB e que o Presidente da Subseção de Três Lagoas está oferecendo apoio.
