Parte desses investimentos já está sendo aplicado através do Projeto Cerrado, maior planta de celulose do mundo que está sendo construída pela Suzano em Ribas do Rio Pardo
Mato Grosso do Sul terá pouco mais de R$ 34 bilhões de um total de R$ 60,4 bilhões que serão investidos no Brasil no setor de celulose entre os anos de 2022 a 2028, conforme a Oji Papéis. O desempenho da cadeia produtiva levará MS a consolidar-se como o Vale da Celulose, com empreendimentos na indústria e ampliação do maciço florestal.
Em indústrias, ainda segundo a Oji Papeis, MS terá R$ 19,4 bilhões da Suzano na planta de Ribas do Rio Pardo, e conta mais recentemente com a garantia da fábrica da Arauco prevista para 2024 em Inocência que vai garantir mais R$ 15 bilhões. Isso sem contar com os investimentos destinados à ampliação do maciço florestal.
“O Brasil é líder mundial na produção de celulose de mercado e isso se deve à sua alta competitividade frente aos outros países fabricantes. Os vários usos que a celulose está encontrando, não só na indústria do papel como em outros mercados diversos, a exemplo de vestimentas, alimentos e cosméticos, comprovam seu crescimento e sua importância para o País e para o mundo”, contextualiza Agostinho Monsserrocco, presidente da Oji Papéis.
MOSTRANDO A POTENCIALIDADE DE MS
Em evidência no cenário nacional da celulose, com projetos robustos na indústria, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar (Semagro) participou de 04 a 06 de outubro com um estande no maior evento de tecnologias para o setor do Brasil, o 54° Congresso de Celulose e Papel, que aconteceu no Transamérica Expo Center em São Paulo.
De acordo com o titular da Semagro, Jaime Verruck, o objetivo com a participação da feira foi mostrar o potencial e a força da cadeia da celulose e papel do Estado. No evento foram debatidos temas como sociedade, meio ambiente e governança.
“Temos a maior parte dos investimentos previstos para o setor no próximo ano. Neste momento temos a Suzano que está avançando no Projeto Cerrado, já em construção na região de Ribas do Rio Pardo. E mais recentemente recebemos a informação de que a Arauco vai construir uma outra planta em Inocência”, salientou o secretário.
PROJETO BILIONÁRIO
Ao todo, a Suzano prevê investimentos de R$ 19,3 bilhões na planta. Somente esta iniciativa gera expectativa de aumentar a área plantada da empresa para 600 mil hectares de eucalipto.
Outro megaprojeto com previsão de conclusão em 2024 e processamento de 2,3 milhões de toneladas por ano, é o da chilena Arauco. O anúncio foi feito no primeiro semestre deste ano e prevê uma planta na região de Inocência.
Os investimentos na planta serão de R$ 15 bilhões, com a implantação do Projeto Sucuriú. O empreendimento terá a geração de 12 mil empregos no pico da construção e 250 empregos diretos e 300 indiretos quando entrar em operação, além de 1,8 mil empregos permanentes na área florestal. Atualmente, são 45 mil hectares, e o projeto da Arauco prevê necessidade de 340 mil hectares para suprir a demanda da fábrica. Esta expansão requer mais de R$ 5 bilhões em investimentos para plantar 290 mil hectares.
SETOR DE CELULOSE VAI TER NOVA FÁBRICA EM MS
O setor de celulose de Mato Grosso do Sul vai receber mais uma mega fábrica. Com dois produtos totalmente inéditos em fabricação no portfólio industrial de MS, o cloreto de sódio e o peróxido de hidrogênio, a empresa Nouryon Pulp And Performance Indústria Química Ltda vai instalar uma indústria em Ribas do Rio Pardo. O anúncio foi feito na segunda-feira (4) pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Produção, Desenvolvimento Econômico e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, durante o 54° Congresso de Celulose e Papel da ABTCP em São Paulo.
O empreendimento com investimento de R$ 406 milhões atenderá o “Projeto Cerrado”, fábrica de celulose da empresa Suzano, naquele município e funcionará dentro da planta. A área necessária para implantação da empresa será de 7,27 hectares com construção em 2,73 hectares.
POLÍTICA DE INCENTIVOS
Para o governador Reinaldo Azambuja, o investimento é fruto da política de incentivos fiscais e, principalmente, da confiança conquistada por Mato Grosso do Sul. “Desde 2015 implantamos a política de trocar impostos por empregos. Abrimos mão dos tributos e, além dos incentivos fiscais, que são importantes, existe uma confiança. O investidor não vem para um Estado se ele não tem segurança jurídica, se ele não confia nos termos assinados”, disse.
“Essa nova indústria, em Ribas do Rio Pardo, vai gerar empregos e movimentar a economia. Ultrapassamos R$ 55 bilhões em investimentos privados, em todas as áreas. Não somos mais do binômio soja-boi. Somos o Estado que diversificou a economia, multiplicou as atividades industriais e gerou emprego, renda e oportunidade para as pessoas de Mato Grosso do Sul”, acrescentou o governador.
NOVA INDÚSTRIA EM RIBAS
O secretário, acompanhado do superintendente de Indústria e Comércio Bruno Bastos e de Agricultura, Rogério Beretta, recebeu o presidente da empresa Antônio Carlos Francisco e o controlador financeiro Renê Kachan no estande da Semagro no evento.
De acordo com o presidente da Nouryon, Antônio Francisco, a unidade vai produzir clorato de sódio, peróxido de hidrogênio, dióxido de cloro e hidrogênio. “São produtos que promovem o branqueamento da celulose. Muitas pessoas não sabem, mas a celulose tem a cor marrom quando sai da fábrica”, explicou.
A indústria que recebeu incentivos.do Governo do Estado por meio do Pro-Desenvolve vai gerar 60 empregos diretos em 2024 e 72 empregos de 2025 em diante. A planta de peróxido de hidrogênio terá capacidade industrial de produção de 38 mil toneladas/ano.
Francisco salientou que a Nouryon, já tem atividade em MS (antiga Akzo Nobel), com unidades industriais detentoras instaladas nos sites da Suzano e Eldorado, ambas em Três Lagoas, para a produção de dióxido de cloro e atendimento exclusivo às fábricas de celulose. “A novidade é que esta será a maior planta da Nutryon no Brasil destes produtos” enfatizou.
A chegada de mais este empreendimento no Estado mostra a força do segmento. “A implantação da Nutryon em Ribas do Rio Pardo é estratégica para MS, pois a planta poderá atender não só a Suzano, mas também outras fábricas de celulose no Estado ou fora dele. Isso vai tornar MS um player importante na fabricação de produtos químicos voltados à produção de celulose, adensando nossa indústria de base florestal”, afirmou o secretário de Produção Jaime Verruck.
HIDROGÊNIO VERDE
Outro ponto citado pelo titular da Semagro é que futuramente a indústria produzirá o hidrogênio verde. Apontado como a fonte de menor emissão potencial de carbono, o hidrogênio pode ser produzido através da eletrólise, utilizando a energia elétrica gerada no próprio processo produtivo de alguns tipos de indústria. No setor de celulose, por exemplo, a energia elétrica é produzida através da queima da biomassa, ou seja, há uma fonte renovável para a produção de energia elétrica e, por consequência, para a produção de hidrogênio, que, dessa maneira, é classificado como Hidrogênio Verde (H2V).
“O hidrogênio verde seria mais uma evolução dentro do projeto do MS obter a certificação de status de Carbono Neutro em 2030. Trata-se de um salto tecnológico que vai elevar a indústria estadual a um novo patamar de sustentabilidade”, acrescentou.
PRODUTO INÉDITO
O presidente da Nutryon explicou que a fábrica usará eletricidade renovável da nova fábrica de celulose da Suzano para produzir clorato de sódio.
“O clorato de sódio é um agente oxidante, usado para produzir dióxido de cloro para branqueamento da polpa de celulose. Ele é usado como um componente no processo de branqueamento, sendo uma etapa importante no processo de fabricação de celulose branqueada”, explicou.
Além do clorato que é inédito, existem também poucas fábricas no Brasil de peróxido de hidrogênio, correspondendo a uma novidade na matriz industrial do Estado. Tais plantas fabris são, por vezes, operadas remotamente, com uso intensivo de tecnologia e inovação. São fábricas modernas que trazem agregação de valor à nossa indústria local”, concluiu.
FLORESTAS
Todos os investimentos estão calcados no avanço da base florestal do Estado nos últimos anos. Nos últimos dez anos, a base florestal saiu de 300 mil hectares plantados para 1,3 milhão de hectares. A expansão ganhou mais força, segundo Verruck com a criação do Plano de Incentivo a Florestas Plantadas (PROFLORESTA).
“O PROFLORESTA busca diversificar a produção, fortalecer o encadeamento produtivo, ampliar a base florestal de eucalipto, pinus e seringueira, aprimorar os incentivos fiscais, entre outros objetivos”, argumenta o secretário.
De acordo com levantamento da Semagro, o setor florestal de Mato Grosso do Sul é responsável pela geração de 27,2 mil empregos, sendo 14.901 diretos e 12.312 indiretos. Em 2021, o segmento gerou 6.266 empregos a mais em relação a 2020. Esse crescimento de postos de trabalho deve continuar nos próximos anos, com os investimentos já em curso no Estado, como o da nova fábrica de celulose da Suzano, em Ribas do Rio Pardo, no valor de R$ 19 bilhões.
PLANTAS DE CELULOSE
Mato Grosso do Sul conta atualmente com três fábricas de celulose instaladas e em operação no município de Três Lagoas: uma da Eldorado Brasil, com capacidade de produção de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano; duas da Suzano, que produzem 3,25 milhões de toneladas por ano.