Palestrantes de mais de 12 Estados do país, além da Suécia e Alemanha, participam do evento
Debater produções mais sustentáveis e as principais transformações na indústria é o objetivo do 2º Workshop Internacional de Inovação em Biomassa – Futuro Verde, que teve início no auditório José Paulo Rímoli, no Sesi de Três Lagoas, na quarta-feira (26), com a participação de palestrantes de renome nacional e internacional.
O evento vai até esta quinta-feira (27).
Temas como economia circular, descarbonização, biocombustíveis, florestal, além da agenda ESG (ambiental, social e governança) estão entre os temas abordados por profissionais da indústria, academia e institutos de pesquisa.
Na mesa de abertura, o diretor-regional do Senai, Rodolpho Caesar Mangialardo, destacou a importância de o evento ser encabeçado pelo ISI Biomassa (Instituto Senai de Inovação em Biomassa), localizado justamente no município considerado o “novo vale mundial da celulose”, Três Lagoas.
“É de extrema importância esse encontro com grandes empresas nacionais e multinacionais, vários pesquisadores e doutores para debater o futuro, não só da área de biomassa, mas das áreas química e industrial. É um evento internacional, em que tentamos identificar o que vai acontecer nos próximos anos em termos de produtividade e inovação”, explicou.
O gerente de gestão e negócios do ISI Biomassa, João Gabriel Marini, destacou os esforços para a concretização do evento e a oportunidade de debater diretamente com os palestrantes. “São temas relevantes não só para o nosso instituto, mas para o mundo de uma maneira geral”, destacou.
A chefe de pesquisa do ISI Biomassa, Layssa Okamura, ressaltou o cuidado com a curadoria dos participantes. “Nossos especialistas foram selecionados a dedo em temas de alta relevância mundial”.
Do melhor aproveitamento do solo ao copo descartável de celulose
Na palestra “O papel da biotecnologia no agronegócio”, a pesquisadora do ISI Biomassa Jéssica Gallardo apresentou aos participantes a estrutura de pesquisa do instituto e os trabalhos desenvolvidos para dar soluções mais sustentáveis ao agronegócio. “Propomos soluções biotecnológicas como resposta ao crescimento no mercado de biodefensivos, por exemplo”.
O uso de organismos ou de substâncias de ocorrência natural para prevenir, reduzir ou erradicar a infestação de pragas e doenças nas plantações movimentou, no ano passado, R$ 1,7 bilhões.
O que mostra o grande potencial do mercado.
Já no painel “Inovações no setor agroflorestal”, comandado pelo gerente de biometria e extensão florestal da Bracell, Sergio Bentivenha, empresários e pesquisadores puderam apresentar soluções em inovações aplicadas para melhor aproveitamento do solo e de restos de matéria orgânica.
Representante de uma das líderes globais na produção de celulose solúvel, Betinvenha destacaouque é possível pensar novas formas de trabalhar na indústria, que vão desde etapas como a plantação, passando pelo manejo, insumos, bioinsumos e transporte.
“A biomassa tem importância na mitigação do aquecimento global e, por isso, é tão importante pensar nesse aproveitamento”.
A coordenadora de ciência da Natura, Camila Brás Costa, apresentou as possibilidades do programa SAF (Sistema de Agrofloresta) Dendê, em que pequenas áreas são utilizadas para a produção do óleo de palma preservando vegetação nativa e diversificada.
A maneira sustentável de produzir o insumo mais consumido no mundo tem dado resultado.
A SAF da Natura acumula em média 31% mais oxigênio que um agrofloresta convencional e pode ser uma alternativa na recuperação de áreas degradadas.
“O mercado de crédito de carbono pode ajudar a financiar a transição da monocultura para SAF”, destacou.
O especialista em produtos da Suzano, Danilo Ribeiro, apresentou as diversas possibilidades estudadas pela empresa para aproveitamento máximo do eucalipto, incluindo a produção de canudos, copos, bióleo e até tecido.
“Em todos os produtos em desenvolvimento na Suzano partimos da biomassa do eucalipto”, explicou.
Atuando em diversos países, a multinacional mantém diversos parceiros nas pesquisas, entre eles, o ISI Biomassa.
Pesquisadora da Embrapa, a bióloga Suzana Salis falou das pesquisas desenvolvidas pela instituição em relação a plantas nativas e ao manejo de espécies florestais, sendo o Senai parceiro em algumas delas.
“Temos uma diversidade enorme. Várias florestas poderiam ser melhor exploradas para produção. Precisamos investir mais nas nossas espécies nativas”, destacou.
Sharlles Dias, gerente de pesquisa e competitividade florestal da Eldorado Brasil, explanou sobre o resultado da usina de biomassa, inaugurada neste ano pela empresa, na unidade de Três Lagoas.
“Ela opera basicamente com 70% de madeira inservível, que são aquelas em que ocorre incêndio ou algum tipo de sinistro”, explicou.
O primeiro dia de evento encerrou-se com a palestra da pesquisadora Ewelyn Capanema, da sueca RISE Bioeconomy.
Com mais de 20 anos de experiência na área de bioprodutos, ela falou sobre os desafios e oportunidades no uso da lignina.
A macromolécula pode ser encontrada em plantas terrestres e pode ser aproveitada como biomassa.
“A lignina é muito complexa. Então, ainda não temos um parâmetro para definir a melhor a aplicação dessa molécula”, explicou.
A molécula é considerada o material aromático renovável mais abundante na Terra e o segundo polímero orgânico mais abundante depois da celulose.
Assessoria de Comunicação FIEMS