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sábado, 2 de novembro de 2024

CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP)

Considerados globalmente ameaçados de extinção, 40 mutuns-de-penacho serão soltos em Brasilândia (MS) e em Castilho (SP). Nesta primeira etapa, foram 20 aves soltas em áreas de soltura e manejo da companhia

A CESP – Companhia Energética de São Paulo, subsidiária integral da Auren Energia, irá realizar a soltura de 40 aves da espécie mutum-de-penacho (Crax fasciolata) no leste de Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo, área de influência da Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera). A ação faz parte do projeto de Soltura do Mutum-de-Penacho, uma iniciativa da empresa para a preservação dessa espécie na região.

CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP)

De acordo com André Rocha, gerente de Sustentabilidade e Operações da empresa, os animais que serão soltos são descendentes de indivíduos resgatados há cerca de duas décadas pela companhia, durante a construção do reservatório da Usina. Na época, foram resgatadas cerca de 140 aves, sendo a grande maioria solta na natureza e levada para instituições como zoológicos e centros de conservação. O restante, em torno de 40 indivíduos, foi encaminhado para o Centro de Conservação de Aves Silvestres (CCAS), da Usina Hidrelétrica de Paraibuna, em Paraibuna (SP), visando a proteção da espécie por meio da reprodução em cativeiro, com o acompanhamento de equipe técnica e qualificada.

“A CESP tem o compromisso com a conservação da biodiversidade e proteção dos nossos recursos naturais. Faz parte do nosso negócio. Por isso, mantemos várias ações com o objetivo de promover a preservação da fauna e da flora na região, que incluem ações de manejo e proteção de Unidades de Conservação e APPs (Áreas de Preservação Permanente) e de reflorestamento de regiões degradadas, visando, principalmente, a criação de corredores ecológicos para auxiliar na proteção de animais silvestres. Por isso, é com muito orgulho que dizemos que, depois de 20 anos de muita dedicação e cuidados, essas aves tão importantes para o equilíbrio ambiental dos biomas estão retornando para casa.”, destaca Rocha.

Devido aos cuidados que a operação envolve, o processo de soltura dos animais foi dividido em duas etapas. Na primeira delas, iniciada no dia 26 de outubro, foram transferidos 20 animais da UHE Paraibuna, dez seguiram para a Área de Soltura e Manejo de Fauna da Fazenda Cisalpina, Unidade de Conservação da CESP no município de Brasilândia, e outros dez, para a Área de Soltura e Manejo de Fauna da Foz do rio Aguapeí, em Castilho (SP).  

CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP)

Para receber os animais, dois viveiros semelhantes ao existente no CCAS, com 17 metros de comprimento, por 4,5 metros de altura e 7,8 metros de largura, foram construídos nas duas propriedades com o objetivo de facilitar o processo de adaptação das aves. “Esta é uma ação bastante complexa. Vai muito além de pegar essas aves do viveiro e soltar na natureza. O projeto começou com meses de antecedência, com a construção dos viveiros, estudos e planejamento estratégico. Depois, iniciamos as avaliações constantes dos animais, incluindo exames médicos e treinamentos comportamentais, visando garantir que eles estejam saudáveis e aptos para a soltura. A viagem da UHE Paraibuna, no estado de São Paulo, até a Reserva Cisalpina também teve atenção especial, com contratação de empresa especializada no transporte de animais silvestres, e foi realizado no período noturno, tudo para reduzir qualquer estresse dos animais e garantir que eles cheguem bem e saudáveis”, completa Rocha.

CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP)

Já nas áreas de soltura e manejo nos dois municípios, a equipe técnica do projeto, que envolve biólogos e veterinários, continuou com o processo de adaptação e treinamento dos animais.

Soltura branda

No dia 26 novembro, após período de quarentena das aves, foi iniciada a ação de soltura branda. Nesta etapa, as portas do viveiro foram abertas e as aves continuam recebendo alimentação dos tratadores – os alimentos são escondidos na mata para incentivar a integração das aves ao ambiente – até que o viveiro seja por fim fechado. Antes disso, porém, todos os indivíduos receberam equipamentos radiotransmissores no dorso, para que possam ser monitoradas pela equipe responsável.

Fortalecimento da espécie

Para o pesquisador Sérgio Posso, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), especialista em Ornitologia e coordenador do projeto, a ação de soltura dos mutuns-de-penacho só tem a enriquecer a fauna das regiões leste de Mato Grosso do Sul e oeste de São Paulo.

Hoje, explica o pesquisador, essa espécie já é considerada ameaçada em diversas regiões do país, principalmente na região sudeste, como Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, onde a classificação é de criticamente em perigo. Em outras regiões, sobrevivem somente pequenos grupos, o que aumenta as chances de extinção, uma vez que, além da redução da variabilidade genética, a ave também é alvo de caça predatória e de ataques de animais domésticos. 

“Como existem somente pequenos grupos, se reproduzindo entre si, podem ocorrer problemas genéticos e o enfraquecimento dos indivíduos, o que, somado aos outros riscos, entre eles a caça predatória, pode levar ao seu desaparecimento. A vinda de novos indivíduos, com novos genes só tem a agregar para a diversidade genética e aumentar a população dessa espécie na região”, reforça o pesquisador.

CESP realiza soltura de aves da espécie mutum-de-penacho em áreas de preservação de Brasilândia (MS) e Castilho (SP)

Reflorestador natural

Com cerca de 60 centímetros de altura e pesando de 2,5 a 3 quilos, o mutum-de-penacho também é conhecido por ser um excelente dispersor de sementes. Como se trata de um animal de solo – ele sobe em árvores somente para dormir -, o mutum se alimenta de pequenos insetos e de sementes de árvores, o que ajuda a disseminá-las pela região.

“Além de extremamente bonita, essa ave é muito importante para o equilíbrio ambiental. Por isso, ações como esta da CESP são extremamente importantes para a conservação e aumento da população da espécie e da biodiversidade como um todo, levando em consideração a importância dessa ave para o reflorestamento. Hoje, em Mato Grosso do Sul, ainda há muitos animais, mas não podemos repetir os mesmos erros cometidos por outras regiões no passado”, completa Posso. 

A segunda fase do projeto está prevista iniciar neste mês e consistirá na transferência de mais 20 indivíduos de mutum-de-penacho. Assim como na primeira etapa, serão soltos 10 em Brasilândia e outros dez, em Castilho.

CESP – ATENDIMENTO À IMPRENSA

Infomuts – Informação Inteligente

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