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Três Lagoas
quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Mortandade de peixes nos rios de Três Lagoas já abala turismo da cidade

Mal cheiro e possível contaminação da água já traz preocupação aos rancheiros e donos de pousadas localizadas às margens do rio Sucuriu e Paraná

Há mais de uma semana, peixes estão sendo encontrados mortos nos Rios Sucuriú e Paraná. O fato já denunciado pelo Perfil News está causando impacto no turismo de Três Lagoas. Visitantes estão reclamando da cena lamentável e do odor na região, principalmente nos ranchos e pousadas localizados às margens do Rio Sucuriu, como mostra a foto abaixo.

Mortandade de peixes nos rios de Três Lagoas já abala turismo da cidade

Além dos peixes de diversas espécies até tartaruga foi encontrada morta às margens do Rio Sucuriu, como mostra a imagem abaixo

Mortandade de peixes nos rios de Três Lagoas já abala turismo da cidade

Segundo o proprietário de uma pousada localizada às margens do Rio Sucuriú, os turistas hospedados no estabelecimento estão impactados com a quantidade de peixes mortos. Além de ser um problema ambiental assustador, o fato também está apavorando os visitantes.

“As famílias estão com crianças, mas quando saem para passear ficam vendo centenas de peixes mortos. Há alguns dias estamos encontrando, mas a situação está piorando. Ontem tiraram quatro carrinhos de mão lotados de peixes mortos”, lamentou o proprietário.

O dono de um rancho também às margens do Rio Sucuriú conversou com a equipe do Perfil News. Ele conta que há alguns anos o local teve registro de peixes mortos, mas em 2023 a situação está piorando cada vez mais.

“Está acontecendo nos Rios Sucuriú e no Rio Paraná. Entrei em contato com Secretaria de Meio Ambiente de Três Lagoas, mas fui informado que a situação precisa ser revolvida com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), lugar que também já fiz uma denúncia”.

MAU CHEIRO

Um leitor do Perfil News tem uma propriedade no Rio Sucuriú e contou que hoje pela manhã percebeu os peixes mortos no rancho que reside. “Só hoje pela manhã que eu percebi. São muitos peixes mortos e não sabemos o motivo da morte. Tenho um rancho distante apenas 9 quilômetros do shopping de Três Lagoas e o mau cheiro está muito forte”.

Uma leitora também entrou em contato com a equipe de reportagem e diz estar assustada com toda a situação. “Hoje notamos muitos peixes mortos no Rio Sucuriú. Temos um rancho na região do Marrecas e a quantidade é enorme. O cheio do rio está horrível. É muito assustador”.

Mortandade de peixes nos rios de Três Lagoas já abala turismo da cidade

No último dia 20 de janeiro, o site Perfil News já havia denunciado o mesmo problema na região da Cascalheira. Na ocasião, a equipe de reportagem entrou em contato com várias autoridades, mas ainda continua sem a informação oficial sobre o que de fato aconteceu.

HIDRELÉTRICA JUPIÁ

A CTG Brasil é detentora da Usina Hidrelétrica de Jupiá, que está situada sobre o Rio Paraná, na intersecção com o rio Sucuriú, no ponto chamado Jupiá, entre as cidades de Três Lagoas e Castilho. Na última semana, para o Perfil News, a empresa disse que a operação da Usina não tem envolvimento com as mortes dos peixes e ressaltou ainda que tem compromisso com o meio ambiente.

NOTA DA CTG


“A Rio Paraná, concessionária da UHE Jupiá, informa que a Usina está operando conforme a coordenação e determinação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a legislação ambiental brasileira, e que não foi identificada mortandade de peixes relacionada à operação da Usina. Ressalta, ainda, que realiza periodicamente monitoramentos da água e da ictiofauna nas regiões de atuação, sempre em conformidade com os processos de licenciamento ambiental. A empresa reforça seu compromisso com o meio ambiente, com as comunidades onde atua e com o cumprimento das leis brasileiras”, diz a nota encaminhada ao Perfil News.


POSIÇÃO DA SECRETARIA DE MEIO AMBIENTE DE TRÊS LAGOAS


A equipe de reportagem também entrou em contato com o Secretário Municipal de Meio Ambiente e Agronegócio de Três Lagoas, José Mauro De Grandi Junior. O chefe da pasta relatou que encaminhou uma equipe ao local para apurar os fatos. (veja foto abaixo)

Mortandade de peixes nos rios de Três Lagoas já abala turismo da cidade

Ainda segundo o Secretário, testemunhas informaram que há aproximadamente três anos o local teve o mesmo problema. Conforme relatado, quando os vertedouros das barragens são abertos, parte da água tem muita pressão e o fundo do rio fica sem oxigênio.


O chefe da pasta ressalta que o fato não é uma confirmação, pois uma equipe da prefeitura foi ao local e levou oxímetro da água. No lugar que os peixes foram encontrados mortos está tudo certo e segue com oxigênio. O Secretário explica que o licenciamento das hidroelétricas não é de competência da Prefeitura e sim do Ibama.


REPERCUSSÃO


Nesta quinta-feira (26), a equipe de reportagem conversou com várias testemunhas. Todas informam que é grande a quantidade de peixes mortos na região. Também existem alguns casos já registrados em cidades do interior de São Paulo.


Ainda em busca de explicações, o Perfil News também conversou com o Promotor do Meio Ambiente de Três Lagoas, Antonio Carlos Garcia de Oliveira. A autoridade disse nesta tarde que não tem informações, mas destacou que em breve vai procurar a equipe de reportagem para comentar sobre o fato.


POSICIONAMENTO DO IMASUL


No fechamento dessa matéria, o site G1 publicou o posicionamento do Imasul, conforme nota a seguir:


“A mortandade de peixes é consequência de procedimentos realizados em hidrelétricas localizadas no rio Tietê no estado de São Paulo com impactos inclusive na captação de água da Empresa Eldorado de celulose, devido ao acúmulo de macrófitas no ponto de captação de água. Desta forma o IMASUL irá oficiar o IBAMA e a CETESB dos fatos ocorridos para que sejam tomadas as providências de notificação e aplicação de sanções pertinentes”.

VERTEDOUROS ABERTOS


De acordo com reportagem divulgada no site Perfil News no dia 7 de janeiro passado, a hidrelétrica de Jupiá estava operando com os vertedouros abertos no intuito de promover limpeza e liberação do excesso de plantas aquáticas a montante da usina.
Abaixo a íntegra da nota enviada ao site Perfil News.


NOTA DA CTG


“A CTG Brasil informa que, entre os dias 4 e 16 de janeiro, a Usina Hidrelétrica Jupiá vai operar com uma vazão defluente de aproximadamente 6.000 m³/s. Trata-se de uma operação normal, coordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), com o objetivo de promover a limpeza e liberação do excesso de plantas aquáticas a montante da Usina. Vale ressaltar que a Usina Hidrelétrica Jupiá, assim como as demais hidrelétricas do País, tem sua operação coordenada pelo ONS conforme os procedimentos aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), tanto no que se refere à produção de energia, quanto ao controle do nível do reservatório.”

COINCIDÊNCIA

Estranhamente após esse procedimento, depois de decorridos alguns dias do início da operação foi constatado o problema na região da cascalheira, conforme publicado pelo Perfil News na semana passada. Com o passar dos dias, o problema ganhou grande proporção, impactando toda área dos rios Sucuriu e Paraná, principalmente na região da Vila dos Operadores.

PAULICEIA E PANORAMA


O Perfil News recebeu denúncias de pescadores das cidades de Paulicéia e Panorama relatando a grande quantidade de mortandade de peixes, inclusive de grande porte (como mostra a foto acima).


Embora a reportagem notificou todas as autoridades ligadas ao Meio Ambiente do município de Três Lagoas, não obteve nenhuma resposta conclusiva. O único posicionamento oficial foi repassado pelo Imasul ao site G1, conforme publicado no parágrafo anterior dessa reportagem.

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