O pecuarista contou que o raio caiu por volta das 23 horas de quinta-feira, porém os animais só foram vistos na manhã desta sexta-feira
A queda de um raio matou 16 gados, na noite desta quinta-feira (2), em uma fazenda, distante 18 quilômetros da cidade de Brasilândia. O dono da propriedade conversou com o Perfil News e disse que o prejuízo é de aproximadamente R$ 60 mil.
Conforme o pecuarista, ele acredita que o raio caiu por volta das 23h de ontem, mas os animais só foram vistos na manhã desta sexta-feira (3).
MUITA CHUVA
“Ontem choveu demais. Teve muitos raios e trovões. Hoje pela manhã que os funcionários encontraram os gados mortos. Eles ainda percorreram toda a propriedade para averiguar se poderia ter mais animais vítimas do raio, mas ainda bem que não tinha. Apesar do prejuízo acredito que o importante é que nenhuma pessoa ficou ferida”, disse.
O veterinário Ricardo Bueno elencou as principais dicas para os pecuaristas preocupados em proteger sua fazenda da incidência de raios, que matam lotes inteiros e causam prejuízo às propriedades e ao bem-estar animal.
Segundo o profissional, ainda não há solução que garanta 100% de proteção contra o fenômeno natural. “No caso rural, existe a questão de uma cultura de que não se tenha um sistema de proteção para as fazendas. O pessoal se preocupa muitas vezes com a sede, onde você tem pessoas, mas a propriedade rural é muito extensa e os animais ficam espalhados”.
PONTO PREFERENCIAL
O especialista afirmou que árvores isoladas em uma pastagem são um ponto preferencial para a queda dos raios por conta da altura elevada na área geralmente descampada. “Toda vez que você tem um ponto alto, é preferencial para a queda de um raio. Aquela história que um raio não cai duas vezes no mesmo lugar é mentira, ele cai em um ponto mais alto”, revelou.
“Se você tem um pasto do qual você tirou toda a vegetação elevada e ficou com uma árvore, ela vai ser um ponto preferencial pra queda de raio. O interessante é que muitas vezes, durante uma chuva, os animais se dirigem exatamente para esta árvore. Então, se cai um raio, todos os animais em volta dela serão eletrocutados porque a descarga atmosférica cai na árvores, mas a corrente se espalha pelo chão e toda a região do entorno desta árvore fica perigosa, por isso vários animais morrem”, completou.
COMO EVITAR
O profissional afirmou que nesses casos é possível até instalar um para-raios em árvores nestas condições, mas o mais comum é evitar o acesso dos animais em um raio de 10 a 20 metros do seu tronco. “Se tem uma árvore isolada, é muito importante que você evite o acesso dos animais perto dela. Tem fazendas que põem cerca em volta da área para que o animal não chegue”, exemplificou.
Além desta medida, deixar pequenas regiões de mata também pode minimizar o risco da morte por descarga elétrica de raio. “Se eu não tenho nenhum ponto proeminente, nenhum ponto mais alto, uma árvore específica deixa de ser um ponto preferencial. Se uma pessoa está debaixo de uma pequena floresta, de um capão um pouco maior, ela está relativamente protegida, ou em uma situação muito melhor do que se estivesse debaixo de uma árvore isolada”, recomendou.
“Para as pessoas, o melhor, caso elas estejam em meio à queda de raios, é procurar um abrigo mesmo, uma construção, se possível de concreto, se possível que tenha para raio. Mas uma região que não tenha nenhuma ponta é uma região mais segura e isso vale para uma árvore, uma torre, um moinho, para qualquer objeto elevado”, acrescentou, dizendo ainda que máquinas agrícolas com cabinas muito altas e mais abertas também oferecem riscos aos trabalhadores rurais.
CERCAS
As cercas podem ser elementos perigosos por conta de sua extensão e por serem compostas por fios metálicos, condições que favorecem a condução de energia. “Quando o raio cai em cima de uma árvore, ela fica perigosa em uma região de 10 a 20 metros no entorno de sua base. Mas quando um raio cai numa cerca, ele corre uma distância muito maior porque a cerca é composta por arames metálicos e a corrente vai andar pela fiação, às vezes 200 a 300 metros distante do ponto da queda e todo o gado que estiver ali perto pode tomar choque”, avisou.
Para minimizar eventuais acidentes, Ricardo ensinou que a primeira técnica a ser usada é o aterramento, ou seja, criar caminhos para que a corrente que caiu no fio metálico da cerca vá para a terra. “A corrente do raio quer ir para a terra. Ela começa na nuvem e quer atingir a terra, não quer cair na cerca. Se eu criar caminhos para esta corrente ir pra terra, eu vou minimizar o risco. Com o aterramento, eu vou ligar os fios da cerca na terra para o raio ir embora”, afirmou.
MINIMIZANDO
Outra técnica a ser usada é o seccionamento. “Ao seccionar, eu vou tornar a cerca pequena. Ao invés de ter uma cerca com comprimento enorme em que o raio cai e energizar a cerca toda, se eu separo ela em vários pedaços, quando um raio cair, só aquele pedaço vai ser energizado, então eu estou minimizando a área perigosa”, observou.
O profissional também comentou que, no entanto, ao contrário do seccionamento usado em cercas próximas a linhas de energia, o vão entre um palanque e outro deve ser maior para evitar a continuidade de uma descarga com a força de um raio. “Os fazendeiros fazem o seccionamento da cerca quando ela está perto da linha de energia pra evitar que a indução dê choque, mas esse seccionamento não é suficiente para um raio”, avisou.