Jovem foi morto a tiros em ação policial: imagens chocaram a internet e levantaram discussão sobre os limites nas abordagens policiais
Uma abordagem policial relativamente simples, para atender a uma ocorrência de perturbação de sossego, terminou com a morte de Diego Kaliniski, de 26 anos, em Vera (MT), e com o irmão dele ferido. As imagens da ação policial, gravada por testemunhas, causaram comoção nas redes sociais.
Os vídeos mostram que Diego resistiu à prisão e recusou-se a entrar na viatura policial. Na reação, ele e outro rapaz tentam agredir os militares com socos, enquanto outras pessoas também avançam na direção de um policial. Na luta, o jovem consegue tomar o cassetete e parte para cima do PM. Neste momento são ouvidos dois disparos, feitos por outro policial e, na sequência, quatro tiros são disparados contra Diego, que morre no local.
O irmão de Diego, de 31 anos, também foi baleado, passou por uma cirurgia na mão e teve alta. O caso é investigado pela Polícia Civil e os PMs envolvidos foram afastados. A Polícia Militar informou que abriu sindicância. Nas redes sociais, a abordagem suscitou uma discussão sobre os limites da polícia em abordagens que envolvem um grande número de pessoas.
Legítima defesa
Depois de analisar as imagens, a advogada criminalista e mestre em Direito Penal pela PUC-SP, Jacqueline Valles, avalia que os policiais podem ser denunciados pelo Ministério Público por homicídio doloso, já que houve disparo quando o jovem já estava caído e, portando, não apresentava riscos, mas a advogada prevê um embate entre defesa e acusação pela tese da legítima defesa. “Diante de todo o cenário, aparentemente o PM agiu para se defender. Havia muitas pessoas, o rapaz resistiu, agrediu, retirou o cassetete do policial e o atacou. No vídeo ouvimos dois disparos, provavelmente de advertência feitos pelo outro policial, que não serviram para que a vítima parasse. É possível sustentar a legítima defesa”, comenta.
![Jurista vê elementos de legítima defesa na ação da PM de Mato Grosso Jurista vê elementos de legítima defesa na ação da PM de Mato Grosso](https://www.perfilnews.com.br/wp-content/uploads/2023/02/fc66e54e93b270708d0cf44f040360a4_medium.jpg)
Segundo Jacqueline, os advogados do policial deverão demonstrar que, diante daquela situação envolvendo um grupo de pessoas, os policiais em menor número agiram para se defender. “A polícia é treinada para agir em casos de conflito preservando vidas. Naquela situação, resta claro que o policial atirou para preservar a própria vida. Apesar de todo treinamento que recebe, estamos falando de seres humanos que têm o instinto de preservação”, observa.
Jacqueline, que tem mais de 30 anos de experiência em Tribunal do Júri, conta que durante o julgamento, todas as circunstâncias serão analisadas para evidenciar se a tragédia poderia ter sido evitada com uma reação diferente dos policiais. “Depoimentos, laudos, vídeos e até mesmo os históricos dos envolvidos são levados em consideração durante um julgamento para, neste caso, determinar se o PM agiu corretamente ou não”, completa.
Por: Adriano Kirche Moneta – AKM Comunicação