O Núcleo de Inteligência da Polícia Civil foi acionado e está na busca dos criminosos
Com as denúncias de que possíveis ataques poderiam acontecer nas escolas de Três Lagoas, na manhã desta segunda-feira (10), a Polícia Civil, através do Núcleo de Inteligência, está investigando a origem dos autores das mensagens.
Para debater o tema e conseguir descobrir qual caminho seguir para barrar ataques e prender os autores, nesta tarde de hoje, foi realizada uma reunião com representantes da Secretaria Estadual e Municipal de Educação. No encontro também estavam presentes o Prefeito de Três Lagoas, Ângelo Guerreiro e o comando do 2º BPM local.
Em uma nota, divulgada nesta tarde, a reunião tem a finalidade e compilar informações do ocorrido, bem como traçar metas de trabalho para ações futuras que visem garantir a segurança dos estudantes nas escolas públicas e particulares de Três Lagoas.
Vale ressaltar que a Polícia Civil, através do Setor de Inteligência, encontra-se empenhada para identificar o autor ou autores dessas ameaças e apresentá-los à Justiça para poderem ser responsabilizados criminalmente.
O Delegado Regional da Polícia Civil de Três Lagoas, Airton Pereira, comentou sobre as ameaças dos ataques que estão acontecendo na cidade. A autoridade destaca que o assunto veio à tona na manhã desta segunda-feira e disse como foi o encontro para tentar controlar o problema que tanto assusta a população.
“As escolas entraram em contato com os órgãos de segurança. Imediatamente nosso núcleo de inteligência trabalhou para saber de onde estavam vindo as mensagens e percebemos ter muitas imagens que a princípio seriam montagens, mas não vamos pagar para ver. Acionamos as nossas forças de segurança para identificar e fazer o autor ser responsabilizado”.
O Delegado também ressalta que as polícias Civil e Militar estão trabalhando incansavelmente para garantir a segurança de toda população de Três Lagoas. A redação do Perfil News recebeu várias denúncias relatadas a autoridade.
“Por isso realizamos essa reunião de emergência nesta tarde com a direção das escolas e também com a presença do Prefeito. Foram traçadas linhas de trabalho e outras futuras reuniões. Realmente causa transtorno, mas quero repassar que as polícias e gestores das escolas estão atentos. Peço tranquilidade e tenho certeza que os autores serão encontrados”.
A IMPRENSA NÃO VAI DIVULGAR
O Brasil chocou-se no último dia 5 deste mês com o ataque a uma creche de Blumenau (SC) no qual um homem de 25 anos assassinou quatro crianças e deixou outras quatro feridas com uma machadinha e um canivete e em seguida entregou-se à polícia, por motivos ainda não esclarecidos.
O crime ocorreu pouco mais de uma semana após outro atentado em uma escola de São Paulo, no qual um adolescente de 13 anos matou uma professora com uma faca.
A ocorrência desse tipo de ataque em escolas está se tornando mais frequente no Brasil. Apenas nos últimos oito meses, foram dez episódios em estabelecimentos escolares, quase o mesmo número registrado no período de vinte anos anterior, segundo um levantamento feito por pesquisadores da Unicamp e da Unesp.
A repetição desses crimes abomináveis tem forçado especialistas e governos a se debruçarem sobre suas possíveis motivações. Costumam ser apontados o avanço da intolerância e do extremismo, a valorização da cultura de violência, a organização de grupos de ódio na internet e o aumento da frequência de problemas de saúde mental.
Especialistas e governos também buscam formas de evitar novas ocorrências do tipo. E uma das estratégias que vem sendo apontada por pesquisas a fim de reduzir a chance de novos ataques é calibrar a cobertura da mídia sobre esses episódios, para evitar que o comportamento dos criminosos seja exaltado e reproduzido por outros agressores no futuro.
CRIMINOSOS QUEREM VISIBILIDADE
Um material elaborado pela Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) sobre como cobrir ataques em escolas aponta que pesquisas sobre o tema identificaram que os agressores costumam ter o mesmo perfil.
São jovens de 10 a 25 anos, do sexo masculino, vítimas de bullying na escola, com características de isolamento social e indícios de transtornos mentais não diagnosticados ou não acompanhados.
Segundo a Jeduca, eles se articulam em comunidades online nas quais há incentivo à violência e à misoginia, muitas vezes de subcultura extremista, e lá aprendem os métodos de ataque.
“A motivação, muitas vezes, é se vingar e mostrar o próprio valor, fazendo o maior número possível de vítimas. E a intenção é ser visto, ser reconhecido pelo ataque, então a visibilidade alcançada na mídia é um dos efeitos desejados pelos agressores. Geralmente, esta não é uma decisão aleatória, e sim planejada“, afirma o texto da Jeduca.
A associação relata que pesquisas sobre o tema indicam que como a mídia cobre esses ataques pode aumentar a probabilidade de eles serem imitados e voltarem a acontecer.
“Quanto maior a exposição do agressor na mídia, maior a sua notoriedade, que geralmente é um dos objetivos dos ataques a escolas. Uma grande exposição do agressor gera um processo de ‘santificação’ do agressor entre seus pares, porque ele passa a ser visto como um grande exemplo”, afirma o material da Jeduca, com base em um seminário apresentado pela pesquisadora Catarina de Almeida Santos, da Universidade de Brasília (UnB).
EVITAR EFEITO CONTÁGIO
Na última quinta-feira, o jornal O Estado de S. Paulo publicou um texto elencando as razões que motivaram a decisão de não publicar foto, vídeo, nome ou outras informações sobre o autor do ataque em Blumenau.
“Essa decisão segue recomendações de estudiosos em comunicação e violência e o próprio pedido de organizações como o Ministério Público de Santa Catarina”, afirma o jornal. “Pesquisas mostram que essa exposição pode levar a um efeito de contágio, de valorização e de estímulo do ato de violência em indivíduos e comunidades de ódio, resultando em novos casos. A visibilidade dos agressores é considerada um ‘troféu’ dentro dessas redes.“
DENUNCIE
Importante salientar que o Ministério da Justiça e Segurança Pública, em parceria com a SaferNet Brasil, criou um canal exclusivo para receber informações referentes a ataques contra escolas, qual seja: www.gov.br/mj/pt-br/escolasegura, sendo que todas as denúncias são anônimas e mantido sigilo das informações.
Denúncias também poderão ser realizadas através dos telefones 67.3929.1173, 67.3521.4984 ou 67-9.9226.8210(WhatsApp).