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sábado, 28 de setembro de 2024

Autoridades pedem para pais vistoriarem mochilas dos filhos e psicóloga comenta notícias de ataques

“A gente vive em uma época que as notícias se espalham rapidamente, sem sabermos o que é real e o que é mentira e o caos acaba se espalhando

Após o Governo do Estado anunciar plano para ampliar de 258 câmeras para 1,8 mil até o fim de abril nas escolas e botão do pânico com resposta de 6 a 10 minutos, os deputados estaduais pediram nesta quinta-feira (13) mais vigilância dos pais, com o cuidado de vistoriarem as mochilas dos filhos antes de ficarem na escola.

Autoridades pedem para pais vistoriarem mochilas dos filhos e psicóloga comenta notícias de ataques

Durante sessão na Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), Coronel David (PL) pediu mais cuidado no ambiente familiar. “Existem grupos de apoio da Secretaria de Estado de Educação, com orientação para profissionais de educação. A responsabilidade é do poder público, que não fugiu a essa responsabilidade, mas também da família, de todos. Pai e mãe têm que ficar, sim, de olho no filho, tendo na mochila antes de ir para escola”.

PARA SE DEFENDER

O parlamentar lembrou que na quarta-feira, um aluno foi encontrado com uma faca na escola, e alegou que a levou para se defender.

Rinaldo Modesto (Podemos) destacou que o autor do ataque geralmente quer confronto. “Esse debate é tema que os especialistas e inteligência da segurança pública têm que estar nesse processo para dar tranquilidade às crianças agora”.

ASSUMIR RESPONSABILIDADES

Gleice Jane (PT) alertou que é preciso fortalecer as redes de enfrentamento à violência. “Observando como funciona a mente desses adolescentes para construir críticas nesse sentido. Quanto mais a gente falar sobre isso, mais dar valor a isso, mais a gente vai ter esses casos. Precisamos de serviço de inteligência e tratar isso com seriedade e discrição para não incentivar o processo”, opinou.

Presidente da Casa, Gerson Claro (PP) destacou que é uma preocupação para família assumir a responsabilidade e o ambiente proporcionado. “Precisamos reconhecer que o poder público está fazendo sua parte. É preciso acalmar o ambiente“, finalizou.

Autoridades pedem para pais vistoriarem mochilas dos filhos e psicóloga comenta notícias de ataques

BOTÃO DO PÂNICO NAS ESCOLAS

O monitoramento em tempo real é uma das medidas colocadas em prática em 245 unidades de ensino, incluindo um aplicativo que pode ter o botão do pânico acionado por servidores, com tempo de resposta de 6 a 10 minutos.

Das 301 escolas estaduais, apenas 43 ainda não contam com o videomonitoramento, essas estão localizadas em área rural ou indígena. O gerente da empresa terceirizada INN Tecnologia, Vicente Lopes, explica haver um plano em elaboração para instalação nas defasadas, pois o principal problema é a estabilidade na conexão.

O plano do Governo do Estado, anunciado nesta quarta-feira (12), visa ampliar de 258 câmeras para 1,8 mil até o fim de abril. Cada unidade escolar conta com uma ou duas câmeras, dependendo do tamanho estrutural de cada uma.

A empresa terceirizada tem contrato com o governo no valor de R$ 1,4 milhão por mês, somando no orçamento o trabalho de vigilância, manutenção do serviço e apoio técnico.

PSICÓLOGA COMENTA SOBRE NOTÍCIAS DE ATAQUES

A psicóloga e perita do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, Janaina Catolino, bateu um papo com o Perfil News e comentou sobre as ameaças que estão acontecendo nas Escolas do Estado e também de todo o Brasil.

Devido à preocupação dos pais com a disseminação do caos nas redes sociais, Janaina é uma pessoa de gabarito para comentar sobre o assunto. Com um vasto currículo, a psicóloga presta atendimento às pessoas de todas as idades. Pós-graduada em transtorno do aspecto autista, psicanálise, perícia psicológica e palestrante, ela conversou sobre o que está acontecendo em vários municípios do país.

ERA DIGITAL

“A gente vive em uma época que as notícias se espalham rapidamente, sem sabermos o que é real e o que é mentira e o caos acaba se espalhando. Vivendo em uma era digital é quase impossível as pessoas não divulgarem, mas a imprensa tem um papel importante e responsável”.

Comentando sobre a imprensa, a psicóloga pontuou a importância dos jornalistas divulgarem os casos que estão acontecendo. Divulgar de forma responsável, mas sem detalhes, com foco na responsabilidade e prevenção.

“As coisas estão acontecendo. Se a gente divulga pode, sim, se tornar um efeito dominó. Se a gente não alerta, a gente pode estar escondendo uma informação. Acho que deve ter um equilíbrio. Informar de maneira menos detalhada e responsável”.

Autoridades pedem para pais vistoriarem mochilas dos filhos e psicóloga comenta notícias de ataques

Fatos que acontecem há anos, inclusive em países de 1º mundo, assim como aconteceu nos Estados Unidos, mas em 2023 os casos tiveram um grande aumento. A psicóloga ressalta que existem grupos em lados obscuros da internet, mas hoje em dia tudo está mais acessível.

“Às vezes é uma curiosidade, mas tem gente que quer fazer parte daquilo. Quando essas pessoas se submetem a atacar uma escola, geralmente tem uma família desestruturada. Então esses jovens vão buscar acolhimento em qualquer lugar. Os grupos de ódio são os que acolhem, justamente visando fazer a cabeça do jovem. A questão é muito mais profunda”

A psicóloga ressalta a importância da família, destacando que os pais precisam ficar atentos aos filhos quando o assunto é internet, ressaltando que o perigo das redes está crescendo cada vez mais.

Autoridades pedem para pais vistoriarem mochilas dos filhos e psicóloga comenta notícias de ataques

LIBERDADE, PORÉM COM LIMITES

“Saber quais são os contatos dos filhos é fundamental. Antigamente o perigo ficava fora de casa, mas hoje está na palma da mão. Atrás da tela pode ter qualquer coisa. Os pais precisam ter consciência que a liberdade dos filhos precisa ter um limite”.

Janaina também comentou sobre o famoso bullyng, apontado como um dos principais fatores de possíveis ataques as escolas. A psicóloga descarta essa possibilidade e adianta que pessoas que possuem tamanha crueldade têm distúrbios psicológicos.

“O bullyng deixa marcas profundas em uma vida. Pode causar sentimento de vingança, mas não a ponto de concluí-la. Acredito que o bullyng deixa as pessoas irritadas, mas a diferença é que as pessoas não têm coração de se vingar. A gente tem o conceito moral. Acredito que os autores de massacres têm distúrbios psicológicos”.

Janaina também explica que ‘cada caso é um caso’, mas que o principal ‘pilar’ de um jovem sempre vai ser a estrutura familiar. Muitos adolescentes acabam buscando outros meios de serem ‘notados’ e nem sempre são as melhores formas.

“O problema é multifatorial. Vem da estrutura familiar, rejeição e falta de diálogo com os pais, principalmente. A desestrutura pode acontecer com pais ausentes, sem tempo para os filhos. Não tem tempo de qualidade com as crianças que vão se sentido menos importantes. Existem maneiras positivas dos filhos chamarem atenção, mas também existem as formas negativas, que são esses extremos”

A psicóloga comentou que um dos fatores dos adolescentes não ficarem com receio de seus atos está ligado diretamente as leis mais brandas do Brasil. Com a certeza que não passará muito tempo detido, o menor de idade não se preocupa muito com as consequências.

“Eu acredito que as leis do Brasil são brandas. Até que ponto um adolescente não sabe o que fez? Ele pode, sim, não ter o mesmo discernimento de uma pessoa de 30 anos, mas ele sabe sim o que está fazendo”, disse.

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