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domingo, 21 de julho de 2024

A proliferação do golpe do cartão no Brasil

Francisco Gomes Junior, advogado especialista em direito digital, explica como fraude acontece e quais as medidas protetivas

Segundo a consultoria de cibersegurança NordVPN, mais de 144 mil cartões de pagamentos foram ‘roubados’ no Brasil e colocados à venda na dark web. Esse número coloca o Brasil como o campeão de golpes com cartões na América do Sul e em 5º lugar entre os países que mais sofrem com roubos e fraudes no mundo.

Ainda de acordo com a consultoria, os cartões são colocados à venda na dark web (a internet subterrânea que opera com redes anônimas e não rastreáveis) por um preço médio de 42,25 reais. Atualmente, existem 92 mil cartões brasileiros disponíveis e à venda ilegalmente.

De acordo com Francisco Gomes Junior, advogado especialista em direito digital e presidente da ADDP (Associação de Defesa de Dados Pessoais e Consumidor), os dados alarmantes da quantidade de cartões à venda reforçam a importância de cuidar melhor dos dados pessoais. “Para colocar esses cartões em circulação, os golpistas conseguiram recolher inúmeros dados pessoais das vítimas, como nome, endereço, telefone, e-mail, ou seja, ao disponibilizarmos nossos dados pessoais na internet, sem muito critério, nos sujeitamos a que eles sejam capturados e utilizados em fraudes”.

Segundo a NordVPN, a arrecadação com a venda dos cartões fraudados pode gerar aos cibercriminosos cerca de 18,5 milhões de dólares, o equivalente a 93 milhões de reais. Para a confecção desses cartões, os golpistas recolhem os dados pessoais das vítimas disponíveis na internet, muitas vezes por meio de phishing, o link em que a vítima clica e permite o acesso a dados armazenados em seu celular ou computador.

As dicas para evitar ser vítima do golpe do cartão são conhecidas, como ter senhas fortes em seus aparelhos, sempre utilizar a verificação em duas etapas, tomar cuidados especiais com aplicativos bancários e somente autorizar operações financeiras após checar com seu banco e gerente, além de ter um software anti-malware instalado.

“Apesar de dicas de segurança serem conhecidas, as pessoas continuam caindo em golpes. Isso porque os bandidos se utilizam de artimanhas como a engenharia social (uma conversa convincente que conquista a confiança da vítima), além da simulação da verdade (que usa títulos como fraude bancária, prova de vida INSS, verificar seu auxílio ou bolsa família, dentre outros) e do senso de urgência (você deve fazer algo imediatamente para evitar uma fraude ou maior risco). Ou seja, simples dicas não se mostram suficientes para inibir os golpes”, complementa Gomes Júnior.

A proliferação do golpe do cartão no Brasil
Divulgação / Francisco Gomes Junior

De fato, do levantamento efetuado pela consultoria de cibersegurança, em análise de 6 milhões de cartões encontrados na dark web constatou-se que 67% deles vem com informações privadas das vítimas, como endereço, telefone e e-mail.

“Muitas pessoas, que inclusive nem entendem muito de golpes digitais, repetem dicas diariamente nas plataformas. Isso não está ajudando, a não ser na promoção dos próprios perfis. Está na hora de ouvir especialistas para conselhos mais contundentes. Um exemplo: não faça nenhuma operação bancária por telefone, dentre tantas outras que se mostrem efetivas e não apenas um lugar comum”, finaliza o especialista.

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