Por Jefter Guerra
Chamada de avó pela turma, atualmente, aos 62 anos, é assim que a ex-policial civil, Maria Antonia Moraes Cabral, é cordialmente tratada pelos colegas de classe do curso de Enfermagem a qual ela escolheu cursar após se aposentar, aos 60 anos, e 30 da carreira da Polícia Civil do Estado de São Paulo (SP).
Mas sabe o porquê ela é chamada de vó pelos colegas? Não somente pela idade, mas porque Tônia, como também é conhecida por amigos e familiares, é avó de umas de suas colegas de classe, a estudante Emily Caroliny, de 25 anos.
A união das duas na mesma classe começou quando Maria , entre uma conversa e outra com a neta, a questionou qual faculdade a jovem gostaria de cursar. Emily, por sua vez, respondeu Enfermagem, a mesma que Maria sonhava em cursar.
Vale ressaltar que Emily não é neta biológica da ex-policial, mas sim do marido dela, de um casamento anterior.
“Foi então que aos 60 anos resolvi fazer um novo vestibular para o Curso de Enfermagem, e hoje, eu e minha neta, estamos na mesma sala e adoramos estudar juntas com meus outros netos colegas”, sorri a estudante.
Maria nasceu em 1961 no município de Registro (SP), mas foi criada na cidade de Iguape, litoral Sul do Estado. E no dia dos namorados, 12 de junho, completou 62 anos.
Mas quem ficou feliz em ter a avó como colega de classe, foi a jovem Emily.
“Foi uma situação totalmente nova pra mim. E minha avó, se adaptou melhor no ambiente escolar do que eu”, disse a jovem.
Dificuldades e superação
Porém, nem tudo foram flores no início para Maria na universidade, quando alguns estudantes souberam que ela era uma mulher de 60 anos, na época, a rejeitaram por conta da sua idade.
“No começo, alguns colegas não gostaram muito de ver minha vó estudando. Mas o tempo foi passando e tudo foi melhorando. Hoje, graças a Deus, todos a amam e eu tenho muito orgulho de tê-la como colega de classe”, disse Emily.
“Minha família me dá maior apoio para estudar. Detalhe, nunca perdi um dia de aula e não me vejo como uma autodidata, mas como uma pessoa que gosta de conhecimentos e descobrir novos conhecimentos. Sofri durante o primeiro semestre, mas depois acabaram por comer na minha mão para fazer tarefas e trabalhos”, afirma a exemplar estudante Maria.
Graduação
Mas antes de ingressar na faculdade de Enfermagem e até de ser uma policial civil, Tônia fez três outras faculdades: Direito, Estudos Sociais e Pedagogia, e, posteriormente, prestou concurso e passou em 1º lugar para a Polícia Civil, passando a atuar na função de investigadora.
Família
Casada por duas vezes, atualmente com Benedito Aldevino da Silveira, Maria é mãe de dois filhos, Fausto Cabral Torres, 40 anos, do primeiro casamento,e Analícia Cabral da Silveira Alyassen, 34 anos, filha de Benedito. Mas, ao se unir a Benedito, Maria ganhou ainda mais três filhos do coração, frutos do relacionamento dele com outro casamento. Formando assim, uma grande família.
Carreira
“Exerci a função de Policial Civil durante 30 anos e requeri minha aposentadoria, pois passei a ver a polícia de uma outra forma, embora adorasse a profissão, observei que o governo não nos beneficia da maneira correta. Nunca tive uma advertência durante minha carreira toda”, lembra.
Cuidados com a família
Mesmo tendo apoio da família para estudar e trabalhar, os únicos obstáculos sofrido por Maria foi cuidar de seus pais e de seus sogros, os acompanhando até suas partidas.
“Nessa época, além de cuidar da minha família, trabalhava no 5º Distrito Policial, onde recebia R$ 150,00 reais por plantão que puxava para os colegas que tinham outras atividades fora da delegacia”.
Na faculdade
Na faculdade de Enfermagem, Maria já participou de dois trabalhos em que ela foi elogiada pelos colegas e professores por sua determinação e inteligência. O primeiro foi sobre o tema “AUTOLESÃO UM PEDIDO DE SOCORRO NA ADOLESCÊNCIA”, e outro, sobre a Saúde da Mulher, que tratava sobre métodos anticonceptivos e ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) .
“Essas doenças são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina”, conclui a exímia estudante, que utiliza sua antiga função de investigadora para pesquisar seus temas da faculdade.