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sábado, 21 de dezembro de 2024

SUPERAÇÃO: Aos 60 anos e com três cursos superiores, ex-policial civil ingressa na faculdade, vence preconceito e se torna colega de classe da neta

Por Jefter Guerra

Chamada de avó pela turma, atualmente, aos 62 anos, é assim que a ex-policial civil, Maria Antonia Moraes Cabral, é cordialmente tratada  pelos colegas de classe do curso  de Enfermagem a qual ela escolheu cursar após se aposentar, aos 60 anos, e 30 da carreira da Polícia Civil do Estado de São Paulo (SP).  

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Mas sabe o porquê ela é chamada de vó pelos colegas? Não somente pela idade, mas porque Tônia, como também é conhecida por amigos e familiares, é avó de umas de suas colegas de classe, a estudante Emily Caroliny, de 25 anos. 

A união das duas na mesma classe começou quando Maria , entre uma conversa e outra com a neta, a questionou qual faculdade a jovem gostaria de cursar. Emily, por sua vez, respondeu Enfermagem, a mesma que Maria sonhava em cursar. 

Vale ressaltar que Emily não é neta biológica da ex-policial, mas sim do marido dela,  de um casamento anterior. 

“Foi então que aos 60 anos resolvi fazer um novo vestibular para o Curso de Enfermagem, e hoje, eu e minha neta, estamos na mesma sala e adoramos estudar juntas com meus outros netos colegas”, sorri a estudante.   

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Maria nasceu em 1961 no município de Registro (SP),  mas foi criada na cidade de Iguape, litoral Sul do Estado. E no dia dos namorados, 12 de junho, completou 62 anos. 

Mas quem ficou feliz em ter a avó como colega de classe, foi a jovem Emily. 

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“Foi uma situação totalmente nova pra mim. E minha avó, se adaptou melhor no ambiente escolar do que eu”, disse a jovem.

Dificuldades e superação

Porém, nem tudo foram flores no início para Maria na universidade, quando alguns estudantes souberam que ela era uma mulher de 60 anos, na época, a rejeitaram por conta da sua idade. 

“No começo, alguns colegas não gostaram muito de ver minha vó estudando. Mas o tempo foi passando e tudo foi melhorando. Hoje, graças a Deus, todos a amam e eu tenho muito orgulho de tê-la como colega de classe”, disse Emily.   

“Minha família me dá maior apoio para estudar. Detalhe, nunca perdi um dia de aula e não me vejo como uma autodidata, mas como uma pessoa que gosta de conhecimentos e descobrir novos conhecimentos. Sofri durante o primeiro semestre, mas depois acabaram por comer na minha mão para fazer tarefas e trabalhos”, afirma a exemplar estudante Maria.

Graduação

Mas antes de ingressar na faculdade de Enfermagem e até de ser uma policial civil, Tônia fez três outras faculdades:  Direito, Estudos Sociais e Pedagogia, e, posteriormente, prestou concurso e passou em 1º lugar para a Polícia Civil, passando a atuar na função de investigadora. 

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Família

Casada por duas vezes, atualmente com Benedito Aldevino da Silveira, Maria é mãe de dois filhos,  Fausto Cabral Torres, 40 anos, do primeiro casamento,e Analícia Cabral da Silveira Alyassen, 34 anos, filha de Benedito. Mas, ao se unir a Benedito, Maria ganhou ainda mais três filhos do coração, frutos do relacionamento dele com outro casamento. Formando assim, uma grande família.

Carreira

“Exerci a função de Policial Civil durante 30 anos e requeri minha aposentadoria, pois passei a ver a polícia de uma outra forma, embora adorasse a profissão, observei que o governo não nos beneficia da maneira correta. Nunca tive uma advertência durante minha carreira toda”, lembra.  

Cuidados com a família

Mesmo tendo apoio da família para estudar e trabalhar, os únicos obstáculos sofrido por Maria foi cuidar de seus pais  e de seus sogros, os acompanhando até suas partidas. 

“Nessa época, além de cuidar da minha família, trabalhava no 5º Distrito Policial, onde recebia R$ 150,00 reais por plantão que puxava para os colegas que tinham outras atividades fora da delegacia”.

Na faculdade

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Na faculdade de Enfermagem, Maria já participou de dois trabalhos em que ela foi elogiada pelos colegas e professores por sua determinação e inteligência. O primeiro foi sobre o tema   “AUTOLESÃO UM PEDIDO DE SOCORRO NA ADOLESCÊNCIA”, e  outro, sobre a Saúde da Mulher, que tratava sobre métodos anticonceptivos e ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) . 

“Essas doenças são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos. Elas são transmitidas, principalmente, por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de camisinha masculina ou feminina”, conclui a exímia estudante, que utiliza sua antiga função de investigadora para pesquisar seus temas da faculdade.

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