Aprender através de histórias, do processo de criação de artistas e despertar um sentimento de identidade são alguns dos benefícios que o contato com a arte pode trazer. Visando fortalecer o processo de ensino dos alunos, o Sesi inaugurou, na última terça-feira (20/06), na Escola Sesi de Campo Grande, o programa de oficinas culturais para os alunos e apresentou como primeiro convidado o artesão Sebastião de Souza Brandão, reconhecido nacionalmente pela fabricação da viola de cocho.
Para o superintendente do Sesi, Régis Borges, trazer a cultura regional para dentro das escolas é uma forma de valorizar as raízes do Pantanal sul-mato-grossense e ir além no processo de aprendizagem. “São os jovens aprendendo questões de comunicação, de física e de matemática através de um processo manual e artesanal e não necessariamente através de tecnologia de ponta”.
Borges pontua que as escolas do Sesi são extremamente tecnológicas e focadas no desenvolvimento de habilidades e competências exigidas no mundo do trabalho, porém, o contato com a cultura apresenta ferramentas básicas para o desenvolvimento humano. “Integrar cultura com educação é nosso objetivo nessa primeira de várias oficinas que pretendemos realizar”, explicou.
Da região de Corumbá, Sebastião é um artesão reconhecido nacionalmente pela produção de instrumentos musicais e por contribuir com a tradição do cururu, dança típica da região pantaneira e marcada pela batida da viola de cocho. Atualmente, Sebastião vive e trabalha em Ladário, onde aproveita madeiras como ximbuva, imburana e seriguela para transformá-las em diferentes peças artesanais e musicais.
Além de ensinar a confeccionar o instrumento, o artista impressionou os alunos do 3º ano do ensino médio com histórias, como a de uso de tripa de macaco para confeccionar as cordas dos primeiros instrumentos do tipo. Segundo ele, a viola é de tradição indígena, mas é marcada por animar festas religiosas de São Sebastião e São João.
A viola teria origem na divisa entre os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul e a confecção se perpetua de pai para filhos, para netos, como é o caso de Sebastião com o neto Bruno Brandão, que o ajuda nas oficinas. “Esta cultura é nossa e de mais ninguém. Está registrada como patrimônio nacional. É um patrimônio pantaneiro que foi registrado como nacional”, ressaltou.
A previsão é realizar as oficinas com estudantes das sete unidades da Escola Sesi em Mato Grosso do Sul: Campo Grande, Dourados, Corumbá, Três Lagoas, Naviraí, Aparecida do Taboado e Maracaju.
A ação é de caráter contínuo e está em sintonia com o item 4 de Educação de Qualidade dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). As metas representam um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.