Nascida no distrito de Culturama, a empreendera que atualmente mora em Macaé (RJ), residiu 28 anos em Três Lagoas, cidade que ela se considera filha
Com um simples vídeo que ajuda crianças a se protegerem de pedófilos, a empreendedora Gisele Vergete, de 38 anos, viu a vida mudar em minutos. Pouquíssimo tempo após realizar a publicação em seu perfil do Instagram, ela passou a ter milhares de seguidores e a sua conta já foi até verificada. Doa dia para a noite, de 30 mil seguidores ela passou a 100 mil seguidores verificados.
Gisele conversou com o Perfil News e comentou sobre o sucesso repentino nas redes. Ela explica que há muito tempo ouviu uma música e com a boneca da filha nas mãos, pediu para o filho adolescente gravar um vídeo que viralizou em questão de minutos.
“Sou mãe de quatro filhos e no quarto de um deles estava cantarolando a música que ouvi há muito tempo. A canção diz os lugares do corpo que as crianças não podem deixar qualquer pessoa tocar. De repente peguei uma boneca da minha filha e pedi para o meu filho de 15 anos gravar um vídeo. Foi uma gravação caseira, não imaginei que tomaria tamanha repercussão”, disse.
Gisele conta que um de seus filhos é autista e ela costuma postar vídeos sobre o tema em suas redes. Alguns deles ajudam mães a enfrentarem dificuldades do cotidiano. Nesta semana, a publicação que ajuda a combater a pedofilia foi uma forma que a empreendedora encontrou de ajudar os pais a deixarem as crianças atentas contra os pedófilos.
“Muitos pais têm dificuldade de conversarem sobre o assunto com os filhos. Normalmente eles não sabem abordar o tema. Aos quatro anos eu fui abusada por um vizinho. Eu não sabia o que estava fazendo e não entendia que aquilo era um abuso. Achei a música educativa e pensei que poderia ajudar a combater esse bárbaro crime que costumam acontecer dentro de casa ou por pessoas próximas”, lamentou.
VIROU INFLUENCIADORA
Ex-moradora de Três Lagoas, Gisele se mudou para o Estado do Rio de Janeiro após o marido passar em um concurso público. Em território fluminense, a empreendedora disse que em três dias passou a ter mais de 100 mil seguidores na conta do Instagram.
“Postei o vídeo e de repente comecei a ter vários seguidores. O número só foi aumentando com o passar das horas. Muitas pessoas começaram a comentar e a compartilhar o vídeo que havia acabado de postar. Fiquei sem reação. A minha intenção é abordar o tema. Acredito que precisamos sempre combater a pedofilia não só durante campanhas. Ações para combater o crime precisam ser sempre divulgadas. A criança não tem escolha. Ela não sabe que está sofrendo um abuso sexual. Com a música os pequenos conseguem saber quais as partes de seu corpo não podem ser tocadas”.
“É algo que nunca esquecemos. Eu tenho 38 anos e mesmo não sabendo que estava sendo abusada, eu nunca vou me esquecer do rosto do homem que abusou de mim. Os pais precisam saber que o perigo mora ao lado. Os abusadores estão acima de qualquer suspeita. Acredito que quando falo abertamente sobre o assunto, encorajo outras mulheres a também falarem”, destacou.
CRIME NA BARRA DA TIJUCA
Uma das pessoas que interagiu ao vídeo de Gisele foi o pai do menino Henry Borel, assassinado em março de 2021 aos quatro anos, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
O menino foi assassinado no apartamento onde morava a mãe Monique Medeiros e o padrasto, o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, mais conhecido como Dr. Jairinho, filho do ex-deputado estadual Coronel Jairo.
O caso gerou grande repercussão no Brasil, sendo muito assemelhado aos casos Isabella Nardoni, ocorrido 13 anos antes, e Bernardo Boldrini, ocorrido 7 anos antes.
Agora Gisele quer aproveitar que as redes ganharam grande alcance para fazer o vídeo circular ainda mais e assim, conseguindo proteger ainda mais crianças.
“Seria importante o vídeo ser divulgado em escolas. Acredito que na brincadeira, os pequenos conseguem ter noção de ações que podem barrar a pedofilia”, salientou.
DECORE A LETRA DA MÚSICA
Nisso e naquilo
Várias partes o meu corpo tem
cabeça, boca, pé e pernas também
algumas partes ficam bem escondidinhas
e uma delas fica em baixo
da minha barriguinha
Nelas ninguém pode tocar não
se não tiver a minha permissão
se desobedecer e nelas tocar
eu vou correndo pra mamãe contar
Se não resolver eu tenho que pensar
quem é a pessoa que pode me ajudar
titia, vovó, professor, um irmão
um deles terão solução
Nisso e naquilo ninguém pode mexer
nisso e naquilo eu tenho que proteger
nisso e naquilo ninguém pode tocar não
porque eu sou corajoso e não aceito não