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Três Lagoas
quinta-feira, 18 de julho de 2024

Após filha morrer, avó tenta guarda de neto e denuncia maus-tratos de pai em Três Lagoas

Há quase dois anos a vida da Vera Maria Guedes tem virado um pesadelo. Como se não bastasse perder a filha que sofreu complicações após um acidente, agora a avó tenta a guarda do neto em uma batalha judicial. Ela também relata que o adolescente está sofrendo maus-tratos do pai, um professor de Três Lagoas.

Vera conta que a filha teve dois filhos. Um hoje em dia com 15 e outro com 13 anos. O ‘pesadelo’ da avó começou em setembro de 2021, quando a filha sofreu um acidente e morreu após complicações.

FUGIU DE CASA

A mãe já era separada do pai das crianças, mas as guardas dos menores ficaram com ele após o falecimento. O menor, que na época tinha 11 anos, passou a dizer que estava sendo agredido pelo pai, até que um dia fugiu de casa após supostamente não aguentar mais as agressões.

Ao fugir, o adolescente procurou uma amiga da falecida mãe, a qual o encaminhou a um posto de saúde e ao Conselho Tutelar. O garoto teria passado por exames de corpo de delito, os quais supostamente confirmaram as agressões.

Vera mora na cidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. Ela chegou a vir até Três Lagoas para cuidar da filha quando sofreu o acidente, mas após o sepultamento voltou para a cidade natal, deixando a guarda dos menores com o pai.

“Após dez dias do falecimento da minha filha, em setembro de 2021, eu voltei para o Rio Grande do Sul, deixando meus netos com o pai deles. Em outubro, pouco dias após o falecimento da minha filha, o mais novo, que tinha 11 anos na época, me ligou dizendo que havia fugido de casa devido às agressões do pai. Sai da minha cidade e no dia seguinte estava em Três Lagoas quando fiquei sabendo que o tio dele tinha ficado com a guarda provisória do meu neto”, contou.

Na casa do tio, o garoto relata para a avó que também sofre maus-tratos, não físicos, mas sim psicológicos. Além disso, o homem também não estaria deixando o menor ter contato com a avó materna.

TRISTE RELATO

“Ele estava sofrendo deboche e xingamentos. O celular do meu neto também foi retirado. Impediram meu acesso ao menino. Tive que ir à delegacia, ao Conselho Tutelar e após muita luta consegui o direito de sair com ele três horas por dia. Quando ele voltava para casa era revistado e até dinheiro que dava para comprar lanche o meu neto precisava esconder nas roupas íntimas. Nem chocolate ele podia receber”, lamentou.

Depois de algum tempo em Três Lagoas, Vera precisou retornar para o Rio Grande do Sul para cuidar da mãe idosa que estava doente. Ano passado, o pai novamente conseguiu a guarda do filho até a decisão final do processo e novamente o garoto diz ter sido agredido.

“Ele passou a agredir de uma forma de não deixava marcas tão visíveis. Costumava torcer o braço, mas em uma ocasião ele agrediu meu neto dentro do carro. O garoto desceu gritando por socorro. Ele deixou o menino e foi embora. A criança precisou ser resgatada por um tio dele, que também é irmão do pai e conselheiro tutelar de Três Lagoas”.

Nas imagens acima o registro de Boletim de Ocorrência feita pela avó na delegacia de polícia de Três Lagoas

Com medo da criança novamente contar o ocorrido às autoridades, Vera relata que tio e pai falaram que se não contasse nada eles o levariam para morar com a avó. Acreditando, o garoto se calou.

“Meu neto acreditou que viria morar comigo e não chamou a polícia. Em outro episódio, após um desentendimento na escola, o garoto foi novamente agredido pelo pai, momento que decidiu fugir. Ele estava sem celular e pediu emprestado o aparelho de um colega para entrar em contato comigo. Me pediu dinheiro para fugir da cidade. Como é um garoto que hoje em dia ainda tem 13 anos, pedi para uma pessoa de confiança cuidar dele até eu ir de novo a Três Lagoas”.

Após filha morrer, avó tenta guarda de neto e denuncia maus-tratos de pai em Três Lagoas

Na imagem acima o exame de corpo de delito feito no menor e de acordo com o laudo, evidencia que o menor sofreu ação contundente

Quando cheguei na cidade, eu contratei um advogado de Três Lagoas para me acompanhar até a delegacia. “Conversei com o delegado, registrei um boletim de ocorrência e fiquei com o meu neto que fez exame de corpo de delito, o qual novamente comprovou a agressão”.

Após o ocorrido, desde o dia 26 de junho, o menor está morando a avó no Rio Grande do Sul. Vera explica que quando chegou na cidade procurou todos os meios legais para ficar com o menor.

“Procurei o Conselho Tutelar, mostrei os boletins de ocorrência e me deram um termo de responsabilidade. Ele passou por todos os procedimentos necessários. Passou por psicólogos, médicos e estava até feliz jogando basquete. Meu neto veio só com a roupa do corpo. Comprei tudo para ele. Fiz um quarto”.

MATRÍCULA

Ao tentar matricular o menor em uma escola de Canoas, novamente mais um problema. Vera diz que por ele estar matriculado em Três Lagoas não consegue fazer com que o neto volte a cursar o ano letivo.

Mesmo assim a luta judicial para ficar com a guarda do menor continuou. Ao saber que o filho estava em Canoas, o pai pediu um mandado de busca e apreensão, o qual foi negado pelo juiz da cidade. Já em Três Lagoas o homem conseguiu e com um oficial foi até a casa de Vera para buscar o adolescente.

Com medo do neto sofrer novas agressões, Vera contou que saiu antes do pai do adolescente chegar na residência, mas alega que ele continua na cidade e supostamente está ameaçando os parentes da ex-mulher.

“Ele ligou no trabalho do meu marido dizendo que somos foragidos. Está indo na casa de vários parentes para saber se estamos no imóvel. Eu não vou desistir do meu neto. Não posso deixar sofrer mais agressões que já sofreu. Ele perdeu a mãe com 11 anos e não conseguiu ter um luto digno. O garoto não está conseguindo dormir com medo de voltar para o pai. Tem pesadelos e acorda de madrugada”, lamentou a avó.

Embora não tenha citado o nomes do pai do menor, o canal Perfil News segue aberto caso o pai dos menores ou sua defesa queiram realizar alguma manifestação ou algum pronunciamento sobre os fatos. Nesse caso é só manifestar através do e-mail: [email protected].

(*) Na foto da capa os avós maternos da criança em imagens extraídas das redes sociais

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