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segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

CPMI DE 8 DE JANEIRO: fotojornalista dá entender omissão da Força Nacional de Segurança Pública durante vandalismo em Brasília

Os ataques de 8 de janeiro de 2023 em Brasília, quando supostamente extremistas bolsonaristas invadiram o Palácio do Planalto, o Palácio do Congresso Nacional e o Palácio do Supremo Tribunal Federal com o objetivo de instigar um golpe militar contra o governo Lula e restabelecer Jair Bolsonaro como presidente do Brasil, gerou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) mista do 8 de Janeiro que buscar os culpados pelas séries de vandalismos nas sedes dos três poderes.

Um dos a ser ouvido na última terça-feira (15) como testemunha da CPI, foi o fotojornalista da agência Reuters, Adriano Machado, que afirmou que passou por um grupo de agentes da Força Nacional de Segurança Pública ao chegar à Esplanada dos Ministérios para registrar a invasão das sedes dos três poderes.

Adriano disse em depoimento, que os agentes estavam concentrados no estacionamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Veja na íntegra o depoimento do fotojornalista aos membros da CPMI divulgado pelo GauchaZH Política:

“Vários colegas (jornalistas) estavam cobrindo as manifestações. Por volta de 14h40min, um deles me ligou e informou que as pessoas tinham rompido o bloqueio próximo ao Congresso Nacional. Por volta das 15h15min, estacionei meu carro no estacionamento do anexo do Ministério da Justiça. Quando passei pelo estacionamento (do ministério), vi que tinha uma força de segurança próxima”.

O fotojornalista disse ainda, que não conhecia nenhuma das pessoas que fotografou no interior do Palácio do Planalto.

Machado contou que, quando chegou à Esplanada, um grupo de pessoas já tinha entrado no edifício sede do Poder Executivo. E mesmo com o clima tenso, ele decidiu entrar no palácio para fotografar o que acontecia do lado de dentro.

“Identifiquei uma situação muito relevante para eu fotografar, pois era algo que eu nunca tinha visto em mais de 20 anos cobrindo a Esplanada dos Ministérios. O clima era hostil e instável. Ao perceberem minha presença, me cercaram e questionaram o que eu estava fazendo ali. Identifiquei-me como fotojornalista. Naquele momento, me esquivei e só pensava em sair dali. Estava nervoso e tenso por ter sido tão duramente repreendido. Não conhecia nenhuma daquelas pessoas. Até hoje eu não saberia dizer seus nomes e quem são. Quando eu estava próximo à porta de saída, um deles me abordou e exigiu que eu deletasse as fotos daquele acontecimento. Após confirmar que eu tinha cumprido a exigência, uma das pessoas me cumprimentou, como pode ser visto nas imagens que circularam na imprensa. Naquele momento, eu não tinha como deixar de retribuir o cumprimento. Até por temer pela minha segurança. Asseguro que, no vídeo em que aparece conversando com um dos invasores, eu estou deletando ‘três ou quatro fotos’ para me desembaraçar do interlocutor”, concluiu o depoente.

Interesses e críticas dos parlamentares

O comentário sobre a presença de um efetivo policial especializado parado próximo ao Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e da sede do Supremo Tribunal Federal (STF) despertou o interesse dos parlamentares da oposição ao atual governo federal.

Um deles, foi do deputado federal Filipe Barros (PL-PR), que acrescentou:

“De tudo o que ele (Machado) disse hoje, dois pontos merecem destaque. O primeiro é que a Força Nacional de Segurança Pública estava no estacionamento do Ministério da Justiça, ao que tudo indica sem agir. Parados”.

Para o deputado, foi aparente a facilidade com que os vândalos e golpistas invadiram os prédios públicos, destruindo o patrimônio público.

“E o depoente também disse que, no dia 8, a imprensa monitorava o que podia acontecer desde a manhã. Ou seja, todos sabiam o que podia acontecer, menos o (então comandante-interino da Polícia Militar) coronel Klepter Rosa, que estava no comando e deixou os policiais militares em casa”, concluiu Barros.

Já o senador Espiridião Amin (PP-SC) avaliou que o depoimento de Machado reforça a tese de que os responsáveis pela segurança pública foram omissos:

“O senhor nos ajuda a demonstrar a grande, a escandalosa omissão de quem é pago para gerir a segurança na Esplanada dos Ministérios e reduziu a segurança, apesar dos inúmeros avisos. Nenhuma fotografia sua, nenhuma das fotos já vistas, mostra alguém confrontando, prendendo um visitante ou invasor no Palácio do Planalto”, completou Amim.

Oposição

Segundo o congressista da oposição, o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), o fotógrafo não agiu de forma profissional. “Nós já entramos com um requerimento para ter acesso à quebra de sigilo de dados telefônicos, telemáticos e sigilos outros para elucidar a questão”, disse Ramagem.

Explicação

Ainda na terça-feira (15), o presidente da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre os atos do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) pediu detalhes sobre a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou a entrega de imagens internas do Ministério da Justiça no dia das manifestações.

Segundo Maia, o Ministério enviou o registro de só duas câmeras e, por isso, pediu esclarecimentos sobre a “natureza” da decisão. “Obviamente, sabemos que não existem apenas duas câmaras, na entrada do Ministério da Justiça”, disse durante reunião da CPI.

“Lamento que essas imagens tenham chegado a menor. Espero que o ministro Flávio Dino tome consciência do papel que ele representa como ministro de Estado, da obrigação que ele tem de contribuir com os trabalhos desta CPMI e que ele envie a totalidade dessas imagens”, concluiu ele, segundo uma reportagem divulgada pelo Poder 360.

Andamento da CPMI

A CPMI mista do 8 de Janeiro está atualmente em andamento e já ouviu depoimentos de várias testemunhas, incluindo políticos, policiais e membros da sociedade civil. A comissão ainda não divulgou suas conclusões, mas é esperado que ela leve a recomendações para evitar que ataques semelhantes ocorram no futuro.

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