Grupos criminosos lançaram uma série de ataques em cidades do Equador nesta última terça-feira (9) em resposta ao estado de exceção decretado pelo presidente Daniel Noboa para combater o narcotráfico.
Conforme as agências internacionais, os ataques, que incluem queima de carros e ônibus, sequestros de policiais e vandalismo, ocorreram em paralelo à invasão de um canal de TV ao vivo em Guayaquil, a maior cidade do país.
Em Esmeraldas, próximo à fronteira com a Colômbia, criminosos atearam fogo em carros. Aulas foram canceladas e comércios, fechados. O governo não divulgou um balanço geral, mas relatos apontam que várias cidades sofreram ataques simultâneos, incluindo Quito e Guayaquil.
Ataques em Guayaquil
Em Guayaquil, a situação foi mais grave. Homens armados e encapuzados invadiram o estúdio da emissora TC Televisión. O canal estava ao vivo e registrou o momento em que um grupo de bandidos avançou e ameaçou jornalistas e cinegrafistas.
Durante a invasão, disparos foram ouvidos no estúdio e os funcionários da emissora usaram o WhatsApp para pedir ajuda: “Socorro, eles querem nos matar”, dizia a mensagem.
A polícia anunciou que controlou a situação, após realizar “várias prisões”, e divulgou fotos que mostram pelo menos dez suspeitos deitados no chão, com as mãos atadas.
Reação do governo
O presidente Noboa respondeu aos ataques decretando “conflito armado interno” no Equador. O decreto considera 22 facções criminosas como organizações terroristas e autoriza os militares a agir para combater todas as facções.
“Ordenei às Forças Armadas que realizem operações militares para neutralizar esses grupos”, disse o presidente equatoriano.
Fuga de líder do crime organizado
Os ataques estão sendo atribuídos à fuga de Adolfo Macías, conhecido como “Fito”, líder dos Choneros, maior facção criminosa do Equador. Macías fugiu de uma prisão de Guayaquil no domingo, 7.
A fuga levou o presidente Noboa a decretar o estado de exceção, que inclui um toque de recolher das 23 horas às 5 horas.
“Não vamos negociar com terroristas”, disse o presidente Noboa. “Esses grupos narcoterroristas pretendem nos intimidar e acreditam que cederemos às suas exigências.”
Aumento da violência
A taxa de homicídios do Equador em 2023 foi de 46,5 assassinatos por 100 mil habitantes – oito vezes mais do que era em 2018. O presidente Noboa atribui o aumento da violência a uma retaliação pelas suas ações para “recuperar o controle” das prisões equatorianas.