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sexta-feira, 19 de julho de 2024

FALTA DE ÁGUA: 2,4 bilhões de pessoas podem ser afetadas até 2050, diz Unesco

Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) revelou que de dois a três bilhões de pessoas no mundo sofrem com a falta de água por pelo menos um mês no ano

Em 2016, ano do levantamento mais recente, 930 milhões de pessoas sofriam com a escassez de água.

A projeção é que em 2050 entre 1,7 e 2,4 bilhões de pessoas sejam afetadas pela escassez hídrica, segundo dados divulgados em 2023.

“Esse quadro representa graves riscos para os meios de subsistência, principalmente a segurança alimentar e o acesso à eletricidade”, diz a Unesco. No Brasil, por exemplo, 64% da eletricidade é produzida por cerca de 1,5 mil usinas hidrelétricas, de acordo com o Ministério de Minas e Energia.

Várias áreas do país têm sido afetadas por crises hídricas nos últimos anos, a exemplo do estado de São Paulo e do Distrito Federal. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) afirma que, entre março e maio de 2021, foi registrada uma redução de 267 km³ no volume total de água existente em rios, lagos, solo e aquíferos (conjunto de formações geológicas que pode armazenar água subterrânea) no centro-sul em relação à média dos últimos 20 anos.

O resultado da falta de água, segundo o IPEA, é o impacto imediato na alta dos preços de energia elétrica. Entre 2020 e 2021, o aumento foi de cerca de 130%. Além disso, a agropecuária produz menos com menos água — um dos fatores que contribui para alimentos mais caros nas prateleiras.

A Associação e Sindicato Nacional das Concessionárias Privadas de Serviços Públicos de Água e Esgoto aponta dez possíveis soluções para o enfrentamento às crises hídricas. Entre elas, está o estímulo ao reúso de água. O diretor-executivo da Abcon Sindcon, Percy Soares Neto, ressalta que incentivar a atividade, por meio de tecnologias avançadas de tratamento da água, favorece a utilização racional do recurso no país.

“O reúso aumenta a resiliência das cidades frente às crises hídricas. Quando a gente analisa as mudanças climáticas, a gente vê que vai ter momentos de insegurança climática maior, impactos, secas mais prolongadas, chuvas mais intensas. Então, o avanço e a boa regulamentação do reúso reduzem a vulnerabilidade dos sistemas urbanos industriais a essas crises hídricas decorrentes das variações climáticas”, afirma.

Entre as vantagens do reúso da água, estão:

Redução do consumo de água potável: o reúso pode ser utilizado para fins não potáveis, como irrigação, limpeza e industrialização, o que reduz a demanda por água potável.
Conservação dos recursos hídricos: o reúso ajuda a preservar os recursos hídricos naturais, evitando a captação excessiva de água de rios, lagos e aquíferos.
Redução da poluição: o reúso pode ser utilizado para tratar efluentes, evitando que eles sejam lançados no meio ambiente e causem poluição.

No Brasil, o reúso da água ainda é uma prática incipiente, mas vem crescendo nos últimos anos. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), em 2020, o país tinha 1.075 sistemas de reúso de água em operação, com capacidade de tratamento de 1,8 bilhão de litros de água por dia.

Projeto de Lei 10.108/2018

A regulamentação do reúso de água é um passo importante para a promoção da prática no país. O Projeto de Lei 10.108/2018, que tramita na Câmara dos Deputados, institui normas sobre o abastecimento de água por fontes alternativas e regulamenta a atividade de reúso. O projeto prevê, entre outras medidas, a obrigação do Poder Público implantar rede de abastecimento de água por fontes alternativas, quando houver viabilidade técnica, econômica e ambiental.

“A regulamentação do reúso é essencial para o desenvolvimento da prática no Brasil. Ela traz segurança jurídica para os investidores e promove a conscientização da população sobre a importância da reutilização da água”, afirma Percy Soares Neto.

O reúso da água é uma solução viável e sustentável para enfrentar a crise hídrica. Com o avanço da tecnologia e a regulamentação da atividade, o reúso deve se tornar uma prática cada vez mais comum no Brasil.

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