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Três Lagoas
terça-feira, 19 de novembro de 2024

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel

Existem momentos em que parece que o mundo está contra você e somente coisas ruins acontecem. No entanto, isso é normal. Tanto que muitas pessoas já passaram por situações bem ruins, “sacudiram a poeira e deram a volta por cima”

A três-lagoense e jornalista, Flávia Guedes Rocha, de 37 anos, é um exemplo de superação. Após fechar os dois restaurantes que possuía na cidade, ela se viu em uma situação que achava que tinha mais solução. Uma dívida de aproximadamente R$ 100 mil, situação que complicou sua vida, chegado abalar seu estado emocional. Mesmo com uma profunda depressão, a jornalista conseguiu unir as forças que lhe restavam para buscar uma nova oportunidade em Londres, onde está há quatro meses a convite de um amigo.

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel

FIGURA CONHECIDA

Figura conhecida de Três Lagoas, Flavinha, como é chamada, vivia uma vida feliz e com os negócios decolando. Através de sua grande rede de amizade, a jornalista virou empresária e montou um restaurante as margens do Rio Sucuriú, o conhecido Píer da Marina.

Considerado um dos concorridos restaurantes da cidade, o espaço chegou a se tornar um ponto turístico de Três Lagoas. Com uma retirada, a título de salário mensal de R$ 8 mil, Flávia via seus sonhos aos poucos se concretizando.

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel

Após quase dois anos de sucesso do Píer da Marina, Flávia resolveu expandir seus negócios, montando, desta vez, a Casa Rocha, na circular da Lagoa Maior. Apesar de todo o investimento, o segundo restaurante não prosperou e foi quando a vida da empresária começou a declinar.

DÍVIDAS

Sem a renovação do contrato de aluguel do primeiro restaurante, Flávia precisou entregar o ponto, ficando com as dívidas dos dois comércios. De uma hora para outra, a empresária se encontrou em volta de uma dívida de R$ 100 mil.

Após muito esforço, realizando bicos, Flávia conseguiu um emprego em um famoso Buffet da cidade, o qual era recebia um salário de R$ 2.300. Ou seja, R$ 6 mil a menos ao que era acostumada a ter mensalmente.

A jornalista não esperava que seus negócios não iriam prosperar. Sendo assim, antes de precisar fechar os restaurantes, ela realizou o sonho de ter uma casa própria, quando só o valor mensal do financiamento era R$ 1.300. Ou seja, metade do salário que estava recebendo. Isto sem contar a dívida do carro e as dos dois restaurantes, que estavam se tornando uma bola de neve e a empresária não sabia mais o que fazer.

DEPRESSÃO

Com as dívidas, Flávia entrou em depressão. Não tinha vontade de sair de casa por sentir vergonha das pessoas que estava devendo. Um amigo da empresária que já residia em Londres a chamou e foi quando ela viu uma luz no fim do túnel.

“Minha mãe me ensinou a nunca dever e acabei entrando em depressão. Não conseguia sair de casa, eu tinha vergonha. Tinha vergonha de sentar em um bar com uma amiga e encontrar alguém que estava devendo. Foi muito difícil”, lamentou.

PARTIDA PARA RECOMEÇAR A VIDA EM LONDRES

Ela vendeu o carro para o dono do buffet por R$ 10 mil e comprou suas passagens com o objetivo de trabalhar muito e conseguir honrar com suas dívidas. Flávia deixou para trás o filho de 16 anos e sua namorada, a Karla, com quem tinha um relacionamento há dois anos.

“Meu ex-patrão assumiu o financiamento e me devolveu R$ 10 mil pelo carro e foi quando comprei as passagens para vir. Meu colega me deu abrigo e hoje em dia alugo um quarto em uma casa. Cheguei na cidade com -3ºC. Encontrei boas pessoas que me ajudaram. Costumo dizer que Londres é uma São Paulo mais civilizada. Fiz um curso de inglês por dois meses. Ia todas as noites e estou me virando. Aqui não é possível seguir em um ritmo lento ou a cidade te engole. Encontrei alguns brasileiros aqui que tem me ajudado bastante, não só os brasileiros, mas encontrei boas pessoas, graças a Deus”, contou.

Flavinha disse que na capital britânica nem tudo são flores. Ela passou e segue passando por muitas dificuldades. Apesar das ajudas dos amigos e boas pessoas que conheceu nesses quatro meses, a jornalista tem trabalhado em várias áreas.

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel

“Eu trabalho em um restaurante aos finais de semana. Durante a semana cuido de três senhoras, além de levar e buscar uma criança na escola. Quando tenho tempo também levo cachorros para passear. Eu só tenho visto de turista, então só consigo empregos que ninguém quer”, disse.

VISTO DE TURISTA

Por estar com visto de turista, o qual, ela só pode ficar na cidade por seis meses, conseguir trabalhar é muito difícil, pois as pessoas não contratam, mesmo assim, Flávia não desanimou e se emprenha nos serviços que aparecem.

Para se manter e conseguir guardar uma renda para honrar as dívidas que ficaram em Três Lagoas, Flávia trabalha em restaurante, cuida de idosos, leva crianças para a escola, passeia com cachorros. Tudo o que aparece ela segue aceitando com o sonho de voltar, pagar o que deve e pedir a sua amada em casamento.

DESAFIOS

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel

“Aqui nem tudo são flores. Tenho trabalhado muito em vários empregos todos os dias. Emagreci sete quilos. Um amigo tem me arrumado trabalhos de fotografia. Aqui não dá para romantizar. É muito trabalho. Às vezes a saudade da família aperta e choro o dia todo.  Longe da família a cabeça fica confusa. Estou me redescobrindo. Estou lendo um livro que ensina a desapegar de sentimentos de arrependimentos, pois já passou. Agora é focar no futuro e viver o presente”, ressaltou.

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel
Formatura do curso de inglês

Marinheira de primeira viagem, Flavinha contou que já passou por alguns perrengues na capital britânica. Quando eu cheguei eu me perdi no metrô de Londres, pegava ônibus errado. Tinha que voltar.  Mas depois que você aprende tudo fica mais fácil. As linhas do metrô são divididas por cores, você aprende rápido e daí ninguém te segura mais. Também teve uma semana que fiquei sem internet no celular, não dava acessar o Google Maps. Porém eu me virei numa boa!”

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel
Ann Thwaite, jornalista e escritora, com cinco livros publicados. Uma das senhoras que fica sobre cuidados da três-lagoense (Foto: Divulgação)

Para passar o tempo que está com a agenda ociosa, ela disse que assiste vídeos no YouTube, para aprende o inglês de forma mais rápida. “Ajuda muito, principalmente as palavras corriqueiras do dia a dia. Quando eu me aperto, vou para o Google tradutor, que sempre salva a vida do imigrante”.

EDUCAÇÃO BRITÂNICA

A jornalista disse que ficou impressionada com a educação dos ingleses. Seja na rua, no ônibus ou no metrô, se a pessoa apenas encosta sem querer em você, já vem um Sorry! Tudo eles pedem desculpa! “Eu que não sou acostumada com tamanha gentileza, achei até estranho no começo, agora até eu falando também.”

Flávia é sinônimo de persistência e mostra que mesmo com obstáculos da vida sempre tem uma luz no fim do túnel

Flavinha contou também que teve que se “virar nos 30” para fazer compras em supermercados e farmácias. “Aqui você tem que ser esperto; em supermercado, farmácias. Vários lugares não têm ninguém para lhe atender. Você faz suas compras e você mesmo passa tudo no caixa, empacota e paga. Não tem ninguém, só o totem.”

RECADO PARA A FAMÍLIA

A jornalista aproveitou para mandar um recado para alguém muito especial, que ama muito! E por conta desse sentimento o coração está dolorido. “Dói ficar longe das pessoas que a gente ama, principalmente meus pais, meu filho, minha família e uma pessoa muito especial pra mim que deixei aí e que está me esperando.”

MENSAGEM PARA ALGUÉM ESPECIAL

Para essa pessoa muito especial Flavinho deixou a seguinte mensagem: “Em meio às dificuldades, agi com a cabeça e não com o coração. Mas são em suas palavras que busco conforto e sabedoria. A vida é um rio, estamos no mesmo barco, remaremos juntas.”

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