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sábado, 21 de dezembro de 2024

Você come só peixe na Semana Santa? Bairro do Jupiá, em Três Lagoas é destaque quando o assunto é pescaria

É de conhecimento geral que a religião é um grande determinante das formas de alimentação para o Brasil e o mundo. O catolicismo celebra um de seus grandes eventos: a Páscoa. E para entender um pouco mais sobre o processo das tradições alimentares presentes nesse período é preciso aprofundar a visão para além da escolha do alimento.

De forma geral, o período de 40 dias que antecede a Páscoa é denominado Quaresma. Nesse período, os fiéis jejuam e realizam obras de caridade, uma vez que a ressurreição de Jesus é motivo de renovação. Porém, com o passar dos anos, em função da urbanização e novos modelos de vida, o período de jejum passou a ser menor e diferente em cada família praticante. Ademais, o processo de uma semana completa sem carnes vermelhas nem sempre acontece, mesmo assim a Sexta-feira Santa ainda possui grande força entre os brasileiros praticantes.

TRADIÇÃO

Você come só peixe na Semana Santa? Bairro do Jupiá, em Três Lagoas é destaque quando o assunto é pescaria

Não é difícil deparar-se com aumentos absurdos de carne de peixe durante essa época, sendo o mais consumido pelos compradores o bacalhau. Especula-se que seja uma tradição herdada dos portugueses por ser um peixe típico de Portugal e, devido à salga, ser conservado durante longos períodos. De toda forma, a escolha de comprar peixe para a Semana Santa ou apenas jejuar traz em sua origem a aproximação do divino, uma vez que a fé é um grande influente nas escolhas alimentares do ser humano, seja ele católico, evangélico, protestante, umbanda, axé ou muçulmano.

Acredita-se que o consumo de peixe prevaleça por ser uma carne leve para quebrar o jejum, assim como por ser um alimento muito presente na região do Mediterrâneo nas histórias de Cristo. A escolha e o preparo do alimento muitas vezes, mesmo que não seja de todo ligado ao pertencer religioso nessa época, pode partir de um princípio de criação com traços religiosos, onde havia convivência familiar e costume de servir tal alimento.

O que pode comer na Sexta-Feira Santa?

Você come só peixe na Semana Santa? Bairro do Jupiá, em Três Lagoas é destaque quando o assunto é pescaria

A tradição refere-se especificamente ao consumo de carne vermelha e frango. Muitas pessoas substituem o consumo dessas carnes pela de peixe, mas outras pessoas optam por não consumir nenhum tipo de carne no período. O que consumir exatamente, durante o período da Quaresma e na Sexta-Feira Santa, tem relação com a consciência e com aquilo em que cada um acredita.

ASSUNTO POLÊMICO

O Perfil News questionou alguns leitores e se o peixe é indispensável durante a Semana Santa. O assunto sempre é polêmico e divide opiniões. Alguns internautas dizem só comer peixe e outros alegam que não considera o alimento necessário nesta época do ano.

“Se tiver peixe já está no lucro. A situação de hoje não dá para escolher. Tempos difíceis. O que tiver a gente come e agradece”, disse um leitor.

“É totalmente indispensável comer peixe na Semana Santa”, comentou uma internauta.

Ao consultar algumas páginas da internet, a reportagem encontrou um posicionamento do pastor Cezar Augusto, que edita uma página no You Tube, intitulada Fé Perfeita. No vídeo o pastor explica detalhadamente que a Bíblia não proíbe o consume de carne animal, ao contrário, o livro ainda induz ao consumo, conforme mostra o vídeo abaixo.

TRÊS LAGOAS É REFERÊNCIA EM PESCARIA

Três Lagoas é uma cidade abençoada. Banhada por três rios, sendo o Sucuriú, o Tietê e Paraná, a pesca ainda é algo muito comum no município. Apesar de diminuir com o passar os anos, a pescaria ainda é o ganha-pão de muitas famílias.

Você come só peixe na Semana Santa? Bairro do Jupiá, em Três Lagoas é destaque quando o assunto é pescaria

O Bairro do Jupiá surgiu na época da construção da estação da Noroeste em 1910 e com construção da ponte ferroviária Francisco de Sá, em 1920. Devido a necessidade de abrigar trabalhadores que vieram de várias regiões para a construção das obras. Porém, decorridos alguns anos o bairro ganhou novos moradores, principalmente pescadores que sempre tiraram dos rios o sustento das suas famílias. A região é parte fundamental da história de Três Lagoas e hoje é considerada até ponto turístico da cidade.

Você come só peixe na Semana Santa? Bairro do Jupiá, em Três Lagoas é destaque quando o assunto é pescaria

O Bairro Jupiá é famoso por ser um ponto turístico, mas também devido ao atrativo de pesca no rio Paraná, além dos pescadores que vendem peixes geralmente na garagem ou na área de suas residências.

Você come só peixe na Semana Santa? Bairro do Jupiá, em Três Lagoas é destaque quando o assunto é pescaria

Mais de 300 famílias residem na região e pelo menos 25% deles dependem exclusivamente da pesca para viverem. Um exemplo é Alfredo Alvez Cruz, de 42 anos. Pescador desde quando se conhece por gente, o trabalho é uma herança familiar que atravessa gerações.

Alfredinho como é mais conhecido, conversou com o Perfil News e comentou sobre o aumento das vendas na época da Páscoa. Ele adianta que antigamente o número de trabalhadores que dependiam da pesca era bem maior, mas com o tempo foi diminuindo.

Com mais de 2,5 mil quilos, a variedade de peixes que Alfredo vende é grande. Referência quando o assunto é pesca, o pescador tem peixes para todos os gostos, pintado, tilápia, curimba e piapara são apenas algumas das opções que o cliente pode encontrar tanto no seu comércio, localizado na Rua Alfa, 295 ou na feira central que ele é expositor.

NEM TUDO SÃO FLORES

Apesar de considerar as vendas boas, o pescador lamenta a diminuição dos peixes no local, devido a usina hidroelétrica de Jupiá. Com o passar dos anos, os peixes não estão conseguindo desovar. Durante o período de piracema eles sobem o rio, mas devido à usina fechada eles não conseguem passar para fazer a desova.

No vídeo mostra imagem aérea do bairro Jupiá, tendo em segundo plano a ponte ferroviária Francisco de Sá e mais ao fundo a Usina Hidrelétrica de Jupiá que impede a subida dos peixes para desova; esse seria um dos motivos para a diminuição do pescado no rio Paraná

A única maneira do peixe conseguir passar seria quando existe a eclusagem, mas segundo os moradores nem isso está acontecendo, o que dificulta o setor de pesca na região.

As eclusas são obras de engenharia que permitem que as embarcações subam e desçam rios em locais onde há desníveis como barragens, quedas de água e corredeiras. Elas funcionam como elevadores para embarcações onde duas portas separam os dois níveis do curso d’água. É nesse processo de eclusagem que os peixes conseguem subir o rio e fazer a desova.

Esse sistema viabiliza a transposição de obstáculos que existem entre os trechos navegáveis e ameniza os impactos dos ciclos de chuvas ao longo do ano. Dessa forma, além de aumentar a extensão navegável, possibilita o trânsito de embarcações durante um maior período do ano.

INAUGURAÇÃO

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Inaugurada em 15 de janeiro de 1998, a eclusa de Jupiá localiza-se no rio Paraná, no município de Três Lagoas, na divisa entre os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Faz parte da hidrelétrica Engenheiro Souza Dias, construída em 1974.

 DADOS GERAIS DA ECLUSA:

Desnível máximo – 26,00 m

Comprimento da câmara – 210,00 m

Largura da câmara – 17,00 m

Calado permissível da câmara – 5,00 m (máximo)

A eclusa está ligada à barragem da UHE.

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