O anúncio da construção da nova linha da Eldorado Celulose em Três Lagoas volta com um sonho antigo dos três-lagoenses. Nesta segunda-feira (22), o diretor do grupo J&F, Wesley Batista, disse que o investimento no empreendimento é de R$ 25 bilhões e que vai gerar 10 mil empregos.
Com a implantação do novo empreendimento, a Eldorado reforça sua posição como uma das mais modernas e competitivas empresas de Três Lagoas, estabelecendo padrões únicos de sustentabilidade e inovação.
SONHO VIRANDO REALIDADE
O sonho da segunda linha da empresa é um sonho de quase uma década. A construção do empreendimento já havia anunciado, mais precisamente quando Três Lagoas completou 100 anos, em 2015, mas uma batalha judicial adiou as obras.
A construção da segunda linha da Eldorado Brasil, estava tão adiantada que parte da obra já foi realizada. No total, foram concluídos a fase de terraplanagem e o trabalho de infraestrutura básica, arruamento, além da parte de drenagem, água pluvial e esgoto sanitário.
Porém, uma batalha judicial entre o grupo J&F e a Paper Excellence adiou a construção, mas após anos na justiça, neste mês de abril, os diretores da Eldorado Brasil conseguiram ver uma luz no fim do túnel para retomar com o empreendimento.
DECISÃO JUDICIAL
Neste mês, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) rejeitou nesta semana um recurso da Paper Excellence e confirmou, por unanimidade, a proibição de transferência de ações ou poder de gestão da Paper Excellence sobre a Eldorado Brasil.
Após a decisão, a J&F anunciou que pretende destravar o projeto de expansão da fábrica de Três Lagoas, projetado há 10 anos. A informação foi confirmada pela empresa ao Perfil News, salientando que a decisão foi muito importante para o desenvolvimento da região.
Conforme o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação, Jaime Verruck, nesta segunda-feira, a J&F anunciou um investimento de mais de R$ 50 bilhões de investimentos no Brasil e entre eles, a construção da segunda linha da Eldorado Brasil.
FÁBRICA E FERROVIA
“Foram informações extremamente relevantes para Mato Grosso do Sul. A J&F anunciou a ampliação da fábrica com investimento de R$ 25 bilhões, incluindo a empresa, a parte florestal e uma ferrovia, ligando a fábrica até o município de Aparecida do Taboado. Essa ferrovia, inclusive, está sendo licenciada pelo Imasul. Era uma expectativa, os grupos já tinham esse compromisso com o Governo do Estado. Com esse anúncio, além do projeto Cerrado em Ribas do Rio Pardo e a Arauco em Inocência, é uma notícia positiva para o nosso Vale da Celulose, mostrando o nível de competitividade da celulose no Estado e esse posicionamento estratégico das empresas na celulose e logística. Além desses R$ 25 bilhões, mas R$ 5 bilhões na área de mineração no município de Corumbá”, disse o secretário.
ESTRUTURA DA SEGUNDA LINHA
A segunda linha da Eldorado Brasil Celulose faz parte de um programa de expansão da unidade de Três Lagoas. Uma vez operando conseguirá produzir 4 milhões de toneladas por ano e confirmando a posição como uma das maiores produtoras de celulose do mundo.
O empreendimento vai manter todas as características socioambientais já adotadas na linha existente, além das mais modernas tecnologias da produção de celulose do mundo.
Carlos Monteiro, diretor Técnico e Industrial da Eldorado Brasil, falou com exclusividade ao Perfil News, sobre alguns aspectos técnicos do projeto. “A planta de processamento de madeira vai possuir cinco linhas de picagem de cavacos. Na área do cozimento, os cavacos alimentarão o digestor para cozimento e posteriormente o branqueamento. A tecnologia para esse processo será a ECF a qual não emprega o cloro elementar. Na secagem de celulose, duas máquinas em paralelo e cinco linhas farão a transformação da polpa para o produto acabado, que terá sete linhas de enfardamento”.
A recuperação de energia será instalada em um layout compacto visando otimizar as interligações. A caldeira de recuperação será do tipo alta eficiência e baixo odor e tem como objetivo a recuperação dos produtos químicos e geração de vapor.
Para a maximização da geração de energia da fábrica, será instalado uma caldeira de força que utilizará como combustível os resíduos do pátio de madeira. Os turbos geradores serão responsáveis por gerar energia elétrica para consumo próprio, garantindo a autossuficiência e permitindo um excedente de aproximadamente 180MW para exportação.
As turbinas serão acionadas com vapor de alta pressão provenientes das caldeiras. Para reduzir a quantidade de água fresca utilizada na fábrica, a água limpa de resfriamento será coletada e resfriada na torre de resfriamento para depois retornar ao processo.
A água usada no processo será utilizada dos rios e bombeada para estação de tratamento de água onde será tratada
Os efluentes gerados na fábrica serão enviados para tratamento com objetivo de remoção de sólidos, neutralização, resfriamento e tratamento biológico e ser posteriormente devolvido para o rio dentro de todos os parâmetros de qualidade exigidos pela legislação
Foi considerada a instalação de uma chaminé unificada para emissão dos gases gerados na caldeira de recuperação, caldeira de força de acordo com os critérios de dispersão para a saúde e meio ambiente.