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terça-feira, 19 de novembro de 2024

CASO JOCA: e se fosse o seu cão, o que você faria?

É preciso ter respeito e amor pelos animais e não os tratar como objetos

Enquanto você não descobrir o que implica amar um animal, não terá conseguido compreender o que é a nobreza e o despertar de emoções que podem curar a alma. Dar amor a um cão, a um gato ou a qualquer ser vivo, por menor, mais inquieto e singular que seja, é se enriquecer e descobrir que eles podem ter sentimentos tão valiosos quanto os nossos.

Cada um de nós poderia relatar com grande carinho esse momento em que alguém muito especial chegou em casa e a deixou do avesso. Do mesmo jeito que com nossos corações. Alguma coisa desperta em nosso interior quando adotamos um cão, quando resgatamos um gatinho da rua, faminto, sujo e precisando de afeto.

É como se uma luz lá do fundo se acendesse, como se um mecanismo peculiar movesse as engrenagens da mudança para nos ajudar também a sermos pessoas melhores.

O AMOR DE UM CÃO PELO SEU TUTOR

CASO JOCA: e se fosse o seu cão, o que você faria?

Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significavam nada para ele. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou não, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?

Quando amamos um cão, a dor da sua perda é irreparável. O tamanho do sofrimento da sua perda, é tão grande que mal podemos imaginar a dor de João Fantazzini, tutor de Joca, um cachorro da raça Golden Retriever de cinco anos que morreu durante um transporte aéreo realizado pela Gollog, empresa da companhia aérea Gol.

A morte do animal ocorreu após uma falha operacional durante o embarque do cão de estimação. O pet foi transportado em um avião diferente do que levava o seu tutor. A ocorrência foi registrada na segunda-feira, 22.

Por meio das redes sociais, o tutor de Joca, lamentou a perda de seu amado amigo, assim como responsabiliza a Gol pela fatalidade “Você é o amor da minha vida, desculpe por qualquer coisa. Eles precisam pagar. Mataram meu filho”, publicou nos stories do Instagram. “Você me ensinou o que é um amor verdadeiro, o que é empatia e o verdadeiro significado de parceira e amor! Minha saudade vai ser diária!”

COMOÇÃO NACIONAL

De acordo com a empresa aérea, Joca deveria ter seguido para Sinop, em Mato Grosso, no voo 1480 de segunda-feira, a partir do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, porém, o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza, no Ceará.

“Mandaram ele para Fortaleza, que nem o meu destino era. Ele ficou dentro da caixa no sol de 40 graus e ainda voltou para Guarulhos. Um voo de 2 horas que se tornou 10 horas para ele”, criticou o tutor, por meio das redes sociais.

CASO JOCA: e se fosse o seu cão, o que você faria?

O crime, rapidamente, causou comoção em todo o país. Em Campo Grande, tutores de cães até planejam uma manifestação pacífica em frente ao aeroporto internacional da cidade neste domingo (28), às 9h. A ação tem o objetivo de pressionar companhias aéreas a mudarem as regras de transporte de animais em voos.

Viajar sem o seu animal de estimação é sempre um dilema para os tutores, por isso, alguns optam por levá-los nas viagens em vez de deixar em hotéis para pets ou com alguém de confiança. Em situações de mudança de cidade ou país, também surge essa necessidade. No entanto, a falta de segurança no transporte é um ponto de preocupação entre os tutores.

Como levar meu pet no avião?

De acordo com a legislação brasileira, o embarque de animais é permitido em três ocasiões: cão-guia, animal de estimação e animal de apoio emocional. Mas qual é a diferença entre elas?

CASO JOCA: e se fosse o seu cão, o que você faria?

Cão-guia – animal castrado, sem agressividade, de qualquer sexo e de porte adequado, treinado exclusivamente para guiar pessoas com deficiência visual. O transporte de cães-guia está regulamentado pelo Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006, e pela Resolução nº 280/2013 da ANAC.

Animal de estimação – convive em uma residência, mantendo uma relação de companhia, interação, dependência ou afeição com uma, ou mais pessoas da casa. São animais não agressivos.

Animal de assistência emocional – ajuda o tutor a lidar com aspectos associados às condições de saúde emocional e mental, proporcionando conforto com sua presença. Assim como os animais de estimação, são não agressivos.

Vale lembrar que o transporte de animais de estimação e animais de assistência emocional também está regulamentado pela Portaria ANAC nº 12.307/SAS, de 25 de agosto de 2023. Essa portaria se aplica a todas as espécies de animais de estimação e de assistência emocional.

 Empresas aéreas são obrigadas a transportar animais?

A legislação estabelece que o transporte de cães-guia é obrigatório para possibilitar a locomoção de passageiros com deficiência visual. Conforme a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), nesse caso, o animal deve ser transportado gratuitamente no chão da cabine da aeronave. O cão deve estar equipado com arreio, mas dispensa-se o uso de focinheira.

Por outro lado, o transporte de animais de estimação e animais de assistência emocional não é obrigatório. Esse serviço depende de uma série de fatores, como o perfil de operação realizado pela empresa aérea, o modelo de aeronave e as rotas específicas.

Além disso, as empresas aéreas que optam por oferecer o serviço podem restringir a quantidade ou até mesmo negar o transporte de animais de estimação, ou de assistência emocional por uma série de motivos.

 Isso inclui questões como a capacidade da aeronave, incompatibilidade com o espaço disponível na cabine e a capacidade de atendimento da tripulação. Também podem ocorrer negativas nos casos em que haja risco à segurança das operações aéreas.

Conforme a Anac, cada companhia aérea define o limite de peso permitido para animais de estimação. Da mesma forma, os limites de tamanho e materiais permitidos para as caixas de transporte variam de acordo com as características das aeronaves

ANAC E MINISTÉRIO VÃO INVESTIGAR

A Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) e Ministério de Portos e Aeroportos vão investigar a morte do cachorro Joca. A Gol suspendeu por 30 dias a partir desta quarta-feira, 24, o serviço de transporte de cães e gatos para viagens no porão das aeronaves.

A decisão foi tomada após a morte do Golden Retriever. Segundo a empresa, o objetivo é concluir o processo de investigação do caso. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), a família que era tutora do cão prestou depoimento na tarde de terça-feira, 23.

“A Delegacia do Meio Ambiente (Dicma) de Guarulhos instaurou inquérito policial para investigar todas as circunstâncias dos fatos. A mãe do tutor do animal compareceu à unidade policial e prestou depoimento”, disse a SSP.

Conforme a investigação, o Golden Retriever morreu durante o transporte aéreo. O cachorro foi encaminhado a um hospital veterinário, onde foi submetido a exames de necropsia.

“Os laudos estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial, que seguirá com as demais diligências para a elucidação do caso”, acrescentou a pasta.

ANIMAIS NÃO SÃO OBJETOS

Não são brindes. Não são enfeites. Não são itens de sorteio. Os animais não são ‘coisas’. Por muito tempo, na sociedade moderna, preponderou a ideia de que os animais estariam à disposição dos interesses humanos.

Agora, isso precisa ter fim. Sabemos que os animais têm direitos. Têm questões que devem ser vistas. Os animais merecem o respeito da sociedade e de nossas leis. Eles não são objetos nem devem ser tratados como coisa.

Apesar da Gol ser responsabilizada, nada vai trazer a vida do querido Joca para o seu tutor. Não há dinheiro que pague a vida de um amigo querido. A tragédia por falta de responsabilidade já foi feita, mas é necessário que o erro não volte a acontecer.

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