É preciso ter respeito e amor pelos animais e não os tratar como objetos
Enquanto você não descobrir o que implica amar um animal, não terá conseguido compreender o que é a nobreza e o despertar de emoções que podem curar a alma. Dar amor a um cão, a um gato ou a qualquer ser vivo, por menor, mais inquieto e singular que seja, é se enriquecer e descobrir que eles podem ter sentimentos tão valiosos quanto os nossos.
Cada um de nós poderia relatar com grande carinho esse momento em que alguém muito especial chegou em casa e a deixou do avesso. Do mesmo jeito que com nossos corações. Alguma coisa desperta em nosso interior quando adotamos um cão, quando resgatamos um gatinho da rua, faminto, sujo e precisando de afeto.
É como se uma luz lá do fundo se acendesse, como se um mecanismo peculiar movesse as engrenagens da mudança para nos ajudar também a sermos pessoas melhores.
O AMOR DE UM CÃO PELO SEU TUTOR
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Para um cão, você não precisa de carrões, de grandes casas ou roupas de marca. Símbolos de status não significavam nada para ele. Um cachorro não se importa se você é rico ou pobre, inteligente ou não, esperto ou burro. Um cão não julga os outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Dê seu coração a ele, e ele lhe dará o dele. É realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que realmente importa ou não. De quantas pessoas você pode falar isso? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas fazem você se sentir extraordinário?
Quando amamos um cão, a dor da sua perda é irreparável. O tamanho do sofrimento da sua perda, é tão grande que mal podemos imaginar a dor de João Fantazzini, tutor de Joca, um cachorro da raça Golden Retriever de cinco anos que morreu durante um transporte aéreo realizado pela Gollog, empresa da companhia aérea Gol.
A morte do animal ocorreu após uma falha operacional durante o embarque do cão de estimação. O pet foi transportado em um avião diferente do que levava o seu tutor. A ocorrência foi registrada na segunda-feira, 22.
Por meio das redes sociais, o tutor de Joca, lamentou a perda de seu amado amigo, assim como responsabiliza a Gol pela fatalidade “Você é o amor da minha vida, desculpe por qualquer coisa. Eles precisam pagar. Mataram meu filho”, publicou nos stories do Instagram. “Você me ensinou o que é um amor verdadeiro, o que é empatia e o verdadeiro significado de parceira e amor! Minha saudade vai ser diária!”
COMOÇÃO NACIONAL
De acordo com a empresa aérea, Joca deveria ter seguido para Sinop, em Mato Grosso, no voo 1480 de segunda-feira, a partir do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, porém, o animal foi embarcado em um voo para Fortaleza, no Ceará.
“Mandaram ele para Fortaleza, que nem o meu destino era. Ele ficou dentro da caixa no sol de 40 graus e ainda voltou para Guarulhos. Um voo de 2 horas que se tornou 10 horas para ele”, criticou o tutor, por meio das redes sociais.
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O crime, rapidamente, causou comoção em todo o país. Em Campo Grande, tutores de cães até planejam uma manifestação pacífica em frente ao aeroporto internacional da cidade neste domingo (28), às 9h. A ação tem o objetivo de pressionar companhias aéreas a mudarem as regras de transporte de animais em voos.
Viajar sem o seu animal de estimação é sempre um dilema para os tutores, por isso, alguns optam por levá-los nas viagens em vez de deixar em hotéis para pets ou com alguém de confiança. Em situações de mudança de cidade ou país, também surge essa necessidade. No entanto, a falta de segurança no transporte é um ponto de preocupação entre os tutores.
Como levar meu pet no avião?
De acordo com a legislação brasileira, o embarque de animais é permitido em três ocasiões: cão-guia, animal de estimação e animal de apoio emocional. Mas qual é a diferença entre elas?
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Cão-guia – animal castrado, sem agressividade, de qualquer sexo e de porte adequado, treinado exclusivamente para guiar pessoas com deficiência visual. O transporte de cães-guia está regulamentado pelo Decreto nº 5.904, de 21 de setembro de 2006, e pela Resolução nº 280/2013 da ANAC.
Animal de estimação – convive em uma residência, mantendo uma relação de companhia, interação, dependência ou afeição com uma, ou mais pessoas da casa. São animais não agressivos.
Animal de assistência emocional – ajuda o tutor a lidar com aspectos associados às condições de saúde emocional e mental, proporcionando conforto com sua presença. Assim como os animais de estimação, são não agressivos.
Vale lembrar que o transporte de animais de estimação e animais de assistência emocional também está regulamentado pela Portaria ANAC nº 12.307/SAS, de 25 de agosto de 2023. Essa portaria se aplica a todas as espécies de animais de estimação e de assistência emocional.
Empresas aéreas são obrigadas a transportar animais?
A legislação estabelece que o transporte de cães-guia é obrigatório para possibilitar a locomoção de passageiros com deficiência visual. Conforme a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), nesse caso, o animal deve ser transportado gratuitamente no chão da cabine da aeronave. O cão deve estar equipado com arreio, mas dispensa-se o uso de focinheira.
Por outro lado, o transporte de animais de estimação e animais de assistência emocional não é obrigatório. Esse serviço depende de uma série de fatores, como o perfil de operação realizado pela empresa aérea, o modelo de aeronave e as rotas específicas.
Além disso, as empresas aéreas que optam por oferecer o serviço podem restringir a quantidade ou até mesmo negar o transporte de animais de estimação, ou de assistência emocional por uma série de motivos.
Isso inclui questões como a capacidade da aeronave, incompatibilidade com o espaço disponível na cabine e a capacidade de atendimento da tripulação. Também podem ocorrer negativas nos casos em que haja risco à segurança das operações aéreas.
Conforme a Anac, cada companhia aérea define o limite de peso permitido para animais de estimação. Da mesma forma, os limites de tamanho e materiais permitidos para as caixas de transporte variam de acordo com as características das aeronaves
ANAC E MINISTÉRIO VÃO INVESTIGAR
A Anac (Agência Nacional da Aviação Civil) e Ministério de Portos e Aeroportos vão investigar a morte do cachorro Joca. A Gol suspendeu por 30 dias a partir desta quarta-feira, 24, o serviço de transporte de cães e gatos para viagens no porão das aeronaves.
A decisão foi tomada após a morte do Golden Retriever. Segundo a empresa, o objetivo é concluir o processo de investigação do caso. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo (SSP), a família que era tutora do cão prestou depoimento na tarde de terça-feira, 23.
“A Delegacia do Meio Ambiente (Dicma) de Guarulhos instaurou inquérito policial para investigar todas as circunstâncias dos fatos. A mãe do tutor do animal compareceu à unidade policial e prestou depoimento”, disse a SSP.
Conforme a investigação, o Golden Retriever morreu durante o transporte aéreo. O cachorro foi encaminhado a um hospital veterinário, onde foi submetido a exames de necropsia.
“Os laudos estão em elaboração e, assim que finalizados, serão analisados pela autoridade policial, que seguirá com as demais diligências para a elucidação do caso”, acrescentou a pasta.
ANIMAIS NÃO SÃO OBJETOS
Não são brindes. Não são enfeites. Não são itens de sorteio. Os animais não são ‘coisas’. Por muito tempo, na sociedade moderna, preponderou a ideia de que os animais estariam à disposição dos interesses humanos.
Agora, isso precisa ter fim. Sabemos que os animais têm direitos. Têm questões que devem ser vistas. Os animais merecem o respeito da sociedade e de nossas leis. Eles não são objetos nem devem ser tratados como coisa.
Apesar da Gol ser responsabilizada, nada vai trazer a vida do querido Joca para o seu tutor. Não há dinheiro que pague a vida de um amigo querido. A tragédia por falta de responsabilidade já foi feita, mas é necessário que o erro não volte a acontecer.