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Três Lagoas
terça-feira, 16 de julho de 2024

‘É uma cena de guerra’: familiares de gaúchos relatam desespero ao ver Estado embaixo d’água

Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul nesta semana, já deixaram dezenas de mortos, feridos, desaparecidos e milhares de pessoas desabrigadas. Familiares que residem em outros Estados do País, incluindo Mato Grosso do Sul, relatam o desespero de saber que seus parentes estão ilhados pelas consequências da chuva.

‘É uma cena de guerra’: familiares de gaúchos relatam desespero ao ver Estado embaixo d’água

Ao todo, 147 cidades registraram transtornos, como inundações, quedas de barreiras e deslizamentos de terra. As localidades mais atingidas são as regiões Central, dos Vales, Serra e Metropolitana de Porto Alegre.

RECORDES HISTÓRICOS

O Rio Grande do Sul vem registrando a maior tragédia climática de todos os tempos no Estado. O volume de chuva dos últimos dias bateu recordes históricos. Pessoas estão comparando a situação com um tsunami, mas devido à terra encharcada e desabamentos, a situação no estado gaúcho fica ainda pior.

A engenheira florestal, Mariana Amaral do Amaral, é natural de Santa Maria, Rio Grande do Sul, mas reside em Três Lagoas há 14 anos. Com familiares no Estado Gaúcho, a engenheira relata a preocupação à distância, principalmente com a mãe, que reside em Canela, localizada na Serra Gaúcha, um dos pontos mais atingidos.

“Tem pessoas soterradas, isoladas. É uma chuva incontrolável. Minha irmã mora em Santa Maria, é da base aérea e está lá trabalhando junto com as equipes de resgate. Desde quando começaram a receber chamados de pessoas que estavam sendo isoladas em áreas devido ao nível da água, eles começaram a fazer os resgates. Não dava para ter dimensão do que de fato estava acontecendo, tanto é que as pessoas continuaram a usar as estradas e isso gerou um caos, pois os rios começaram a transbordar em várias áreas e, ao mesmo tempo. O que mais me apavora é saber que hoje já é sexta-feira e ainda têm pessoas ilhadas em cima de telhados, sem água, sem comida e sem luz. Estão incomunicáveis”, Mariana diz que familiares contaram que devido ao desespero e ao nível de água que rapidamente subia, as pessoas buscaram abrigos em pontos mais altos, mas não estão conseguindo se comunicar informando o local exato para esperar o resgate.

‘É uma cena de guerra’: familiares de gaúchos relatam desespero ao ver Estado embaixo d’água

“O volume de chuva foi muito grande e espalhado. As áreas começaram a transbordar e são muito extensas. As pessoas foram se deslocando e estão sem comunicação para mostrar o local e assim esperar salvamento. Graças a Deus muitos estados se mobilizaram, incluindo Mato Grosso do Sul. Estou longe e bem dentro do possível, mas não tem como não sofrer. Estamos vivendo uma situação de guerra. A minha família está protegida, mas me comovi com os vídeos de pais desesperados com os filhos dentro das casas e sem conseguir ajudá-los. O número de mortos, infelizmente, vai ser muito maior. Nós que estamos longe precisamos fazer doações e rezar pelos gaúchos. Foi tudo destruído. É uma dor imensurável”, lamentou a engenheira.

MUITO ESFORÇO PARA SE REERGUER

O Perfil News também teve contato com moradores gaúchos que apesar de estarem em locais seguros, relatam o desespero de saber que pessoas estão precisando de ajuda, que amigos estão desaparecidos e que o Estado vai precisar de muito esforço para se reerguer após tamanha tragédia.

“Tem gente ilhada aqui. Ouvimos pedidos de socorro. Muitas pessoas desaparecidas e pedindo ajuda. Vimos pais perdendo filhos. Idosos sem abrigos, animais morrendo. Muitas cidades estão sem energia, postos sem combustíveis, rodovias interditadas e muita gente incomunicável. Parece que estamos em um pesadelo. Pessoas e animais morrendo. Idosos perdendo suas casas que tanto lutaram para conquistá-las”, disse um morador da cidade de Caxias do Sul.

EM MATO GROSSO DO SUL

Moradores de Mato Grosso do Sul que têm familiares no Estado Gaúcho ficam de mãos atadas, acompanhando por meio da imprensa informações sobre o clima nos próximos dias e rezando para a chuva cessar.

“Vi gente que perdeu casa, tenho amigos nas casas de parentes ou em prédios públicos. Um conhecido perdeu a residência que tanto lutou para conseguir em um deslizamento. Foram anos de suor perdidos em questão de segundos. É algo terrível e estamos com muito medo. Quando tudo começou não tínhamos a dimensão do que estava por vir. Fomos pegos um pouco de surpresa. As pessoas precisaram deixar seus imóveis rapidamente para sobreviver”, disse outro morador gaúcho.

‘É uma cena de guerra’: familiares de gaúchos relatam desespero ao ver Estado embaixo d’água

FENÔMENO CLIMÁTICO

Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.

A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.

Fotos: Jornal Grito da Liberdade/Divulgação

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