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domingo, 22 de dezembro de 2024

IA e a indústria de celulose e papel: um futuro mais sustentável e competitivo

Atualmente, as discussões sobre Inteligência Artificial são abundantes e intensas, explorando todos os aspectos possíveis de uma novidade que promete revolucionar radicalmente nosso dia a dia. E um aspecto fundamental é o motivo por trás desse apelo crescente: a habilidade de desempenhar funções que tradicionalmente demandam capacidades cognitivas humanas, como percepção visual, reconhecimento auditivo, tradução linguística e tomada de decisões. Estamos lidando com sistemas concebidos para adquirir conhecimento e executar tarefas, sem uma programação explícita prévia. A inteligência artificial, em suma, é capaz de aprender e evoluir.

Essas características fazem com que a IA já tenha sido adotada por uma vasta quantidade de indústrias e negócios. Alguns exemplos: no campo da saúde, as aplicações envolvem análise de imagens médicas, diagnóstico de doenças e estratégias de tratamento personalizadas para pacientes individuais. Em finanças, temos a detecção de fraudes e gerenciamento de riscos. Na manufatura, já é possível fabricar produtos personalizados em massa. Nos transportes, os carros autônomos e a otimização do fluxo do tráfego já são realidade. E a tendência é que cada vez mais setores de atividade deem boas-vindas à IA.

Nesse contexto, a indústria de papel e celulose não é exceção. Conforme a revista Época, como qualquer outro negócio que recebe a IA, ela irá enfrentar desafios nessa implantação. Vários deles foram discutidos na 2n International Conference on Recent Academic Studies, realizada na Turquia em 2023. No evento, um dos trabalhos que se destacou, “A Mini Review: Harnessing Artificial Intelligence for a Sustainable and Competitive Pulp and Paper Industry”, reuniu algumas das principais preocupações dos empresários do setor na Turquia em relação à implantação da IA. É um dos únicos trabalhos acadêmicos em todo o mundo sobre a implantação da IA no setor, e rende insights que podem ser usados para analisar o mercado de papel e celulose de qualquer país, mesmo com as idiossincrasias próprias a cada um deles. Vamos aos principais pontos citados.

O principal fator visto pelo setor como entrave são os custos de implantação, manutenção e atualização de um sistema de Inteligência Artificial. Considero que se trata de uma preocupação justa. Mas é importante ressaltar que a principal motivação para o “deployment” de um sistema de IA é sua capacidade de otimizar processos e negócios ao máximo – e, com isso, obter o melhor Retorno sobre Investimento possível. E isso inclui benefícios ambientais, uma vez que, ao otimizar processos, a Inteligência Artificial é capaz de diminuir o desperdício de matérias-primas.

Outro ponto importante em relação a custos é que uma fornecedora competente de IA não irá simplesmente instalar a tecnologia em todos os setores de uma empresa. Antes, ela fará uma avaliação séria de processos e departamentos. E, com base nisso, fará um plano para definir onde a Inteligência Artificial fará a diferença.

Ainda segundo o portal Época negócios, os autores do artigo também afirmam que os empresários do setor citam preocupações referentes a demissões. Aqui, é importante ressaltar que, na indústria de celulose e papel, a falta de mão de obra especializada é um conhecido gargalo. E isso se dá em praticamente todos os setores de produção, desde a preparação da celulose até o corte e embalagem do produto final. Nesse cenário, a IA pode ser uma ferramenta para amenizar a situação, ao permitir a criação de treinamentos por custos muito menores do que os atuais.

Um terceiro aspecto considerado no artigo são os riscos de ciberataques. Com um sistema totalmente automatizado e integrado por uma IA, segundo os empresários, um ataque teria o poder de paralisar toda a operação. Mas como se dá com outras tecnologias, a Inteligência Artificial não está desprotegida. Recursos de autenticação multifator, criptografia e firewalls, atualizados constantemente, têm bons resultados para impedir acessos não autorizados.

Após analisar todos esses pontos, os autores concluem que, como em outros mercados, o trade de celulose e papel necessita se preparar para o advento da IA. E que as empresas que não fizerem esse investimento correm o risco de ficarem obsoletas. Os autores também defendem que, para que isso não ocorra, cabe ao setor desenvolver estratégias para enfrentar os desafios e as oportunidades exclusivas associadas a esta tecnologia. E que governos e instituições acadêmicas devem fazer parte dessa discussão. Assim, a indústria de papel e celulose irá se beneficiar do uso da Inteligência Artificial como todas as outras que já utilizam essa tecnologia. E isso levará o setor a um futuro mais sustentável e competitivo.

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