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segunda-feira, 15 de julho de 2024

Dakila pesquisa e Estado de São Paulo assinam Protocolo de intenções

A parceria entre a associação sul-mato-grossense e governo paulista prevê o desenvolvimento do mítico Caminho de Peabiru

Depois de anos de pesquisa de campo, percorrendo todo o percurso do conhecido Caminho de Peabiru – grande via que ligava os oceânos Atlântico e Pacífico e utilizada por povos indígenas muito antes da chegada de portugueses e espanhois –, a associação sul-mato-grossense, com base em Corguinho, Dakila pesquisa, foi convidado pelo governo do Estado de São Paulo a assinar um Protocolo de Intenções com a finalidade de mapear as informações científicas e culturais colhidas nas pesquisas. O ato de assinatura se deu no dia 22 de junho de 2024.

O objetivo final é a criação de uma rota turística que reproduz com exatidão o caminho, que incluí atrações históricas, monumentos arquitetônicos e naturais, que juntamente se transformaram em atração histórica, de estudos, turismo e contemplação. “Na prática, se converterá em uma extraordinária alternativa de expedição para os apaixonados pela história dos povos originários, e por qualquer tipo de turismo ecológico e de aventura”, explicou Urandir Fernandes de Oliveira, CEO de Dakila.

O projeto prevê também o incentivo à adoção de tecnologias e inovação para apoiar a sustentabilidade no turismo e a promoção de ações de sensibilização e divulgação da Rota do Peabiru no Estado. Estima-se que a extensão do Peabiru em São Paulo seja de aproximadamente 5 mil quilômetros, contando-se com os ramais, passando por aproximadamente 25 cidades. 

Presente no evento, em representação oficial do Governo de Sâo Paulo, Roberto de Lucena – Secretário de Turismo e viagem, afirmou que “estamos resgatando a história dos povos originários brasileiros. O Turismo paulista acolhe e abraça as pesquisas de Dakila, por ser uma importante parceria e trará inúmeros benefícios, fortalecendo a história e o turismo paulista”.

A mais antiga e mítica “rota bioceânica”

Os peabiru (na língua tupi, “pe” – caminho; “abiru” – gramado amassado) são antigos caminhos utilizados pelos indígenas sul-americanos desde muito antes da chegada por aqui dos europeus, ligando o litoral ao interior do continente. A designação Caminho do Peabiru foi empregada pela primeira vez pelo jesuíta Pedro Lozano em sua obra “História da Conquista do Paraguai, Rio da Prata e Tucumán”, no início do século XVII. Outras fontes, no entanto, dizem que o termo já era utilizado em São Vicente logo após o descobrimento do Brasil pelos portugueses em 1500.

O principal destes caminhos, denominado Caminho do Peabiru, constituía-se em uma via que ligava os Andes ao Oceano Atlântico. Mais precisamente, Cusco, no Peru (embora talvez se indica que estendesse até o oceano Pacífico), ao litoral brasileiro na altura da Capitania de São Vicente (atual estado de São Paulo), estendendo-se por cerca de 3 000 quilômetros, atravessando os territórios dos atuais de Peru, Bolívia, Paraguai e Brasil. Segundo os relatos históricos, o caminho passava pelas regiões das atuais cidades de Assunção, Foz do Iguaçu, Alto Piquiri, Ivaí, Tibagi, Botucatu, Sorocaba e São Paulo até chegar à região da atual cidade de São Vicente. Ainda havia outros ramos do caminho que terminavam nas regiões das atuais cidades de Cananeia e Florianópolis.

Em território brasileiro, um de seus traços ou ramais era a chamada Trilha dos Tupiniquins, no litoral de São Vicente, que passava pela atual Cubatão e por São Paulo, em lugares posteriormente conhecidos como o Pátio do Colégio e rua Direita; cruzava o Vale do Anhangabaú; seguia pelo traçado que hoje é o das avenidas Consolação e Rebouças; e cruzava o rio Pinheiros. Outro ramal partia de Cananeia. Ramificações adicionais partiam do litoral dos atuais estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Essa grande rota foi primeiramente percorrida em 1524, pelo português Aleixo Garcia, que comandou uma expedição integrada por algumas centenas de guaranis carijós, partindo da Ilha de Santa Catarina (“Meiembipe”), percorrendo essa via para saquear ouro, prata e estanho, tendo atingido o território do Peru, no Império Inca, nove anos antes da invasão espanhola dos Andes em 1533.

Caminho místico

Historicamente, esta rota transcontinental também era utilizada de forma religiosa, com objetivo de seguir o trajeto do sol, sob a orientação da Via Láctea. Mais tarde, a trilha foi adotada pelos europeus em busca de ouro e prata, tendo uma grande importância para a colonização do sul do país, pois permitia o acesso a diversos lugares por terra. Por meio de estudos recentes, soube-se que as trilhas do caminho do Peabiru atravessaram oceano, chegando até o Monte Nemrut, na Turquia. “Além de ter sido construída seguindo a malha magnética do planeta, é praticamente um mapa para ser visto de cima, onde as avenidas mais largas, assim como os ramais, chegavam diretamente às várias construções conhecidas hoje como os fortes estrela. Foram catalogados mais de 2.700 fortes neste formato em todos os continentes”, esclarece Urandir Fernandes de Oliveira, presidente da Associação Dakila Pesquisas.

NOVAS DESCOBERTAS DE DAKILA

Descobertas

A 60 km da capital paulista, entre os municípios de São Lourenço da Serra e Juquitiba, o pesquisador e presidente da Associação Dakila Pesquisas, Urandir Fernandes de Oliveira, localizou em uma região da Serra do Mar, perto da BR 116, o Caminho do Peabiru, fortemente marcado pela grama “puxa tripa” e com os silos que sempre continham alguns alimentos e água nos quais os caminhantes se abasteciam e descansavam para continuar a jornada, deixando o local reabastecido com novos alimentos carregados por eles e que beneficiavam os próximos viajantes. A equipe de Dakila Pesquisas também identificou um geoglifo no local. Essas descobertas foram apresentadas e validadas pelo governo de São Paulo, gerando o referido acordo.

Serviço

Publicações que repercutiram a assinatura do Protocolo de Intenções entre Dakila Pesquisas e Secretaria de Turismo e Viagem do Governo do Estado de São Paulo:

Fonte: Boca do Povo News (Josimar Palácio)

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