Funcionários de uma obra de pavimentação e drenagem em Ribas do Rio Pardo estão denunciando a infraestrutura precária dos alojamentos. Dez homens, que vieram do Pará, estão há três meses dormindo em um local improvisado.
Conforme o Campo Grande News, um funcionário da IDS Engenharia, de 27 anos, que pediu para não ser identificado, relatou que, ao chegar no campo de obra, passou dois meses morando em um contêiner.
Há cerca de um mês, o dormitório foi transferido para um barracão improvisado, com paredes de madeirite e sem ventilação adequada.
Imagens enviadas ao Campo Grande News mostram que o banheiro fica em um contêiner. Quem realizou a filmagem afirmou que, dos três chuveiros, dois não funcionam e o terceiro está em péssimas condições.
Outra reclamação dos trabalhadores é em relação às “baixas” — períodos em que poderiam voltar para casa — que foram descumpridas. “Aqui a situação está precária, está muito difícil. […] Estamos aqui que nem trabalho escravo. Um dos nossos parceiros foi mandado embora por justa causa e disseram ‘pode procurar o direito de vocês, procurem porque não vão ganhar nada de nós”, afirmou um servente de pedreiro.
Um ex-funcionário relatou que foi demitido após cobrar as “baixas” a que tinha direito. Segundo ele, a empresa forneceu apenas a passagem de volta para casa.
“A gente foi maltratado, a gente foi humilhado lá. A gente trabalhava até altas horas da noite para fazer hora extra e as nossas horas extras não vinham. Eu fui reclamar, pedir o meu direito [a baixa] que eles tinham prometido. Eles me mandaram embora, não assinei nenhum papel, não assinei nada. Ainda está na minha carteira como se estivesse assinada, sendo que eles me mandaram embora”, afirmou.
Defesa
Em nota, a IDS Engenharia afirmou que mantém “rigorosos padrões de infraestrutura em todos os seus alojamentos”. A empresa informou que antes do início de qualquer obra, são realizadas inspeções para verificar se as instalações atendem às normas regulamentadoras vigentes, a NR-18.
“As instalações sanitárias são regularmente higienizadas e mantidas em conformidade com as normas de saúde pública. Qualquer irregularidade reportada é prontamente corrigida por nossas equipes de manutenção”, diz um trecho da nota.
A IDS Engenharia informou ainda que as denúncias apresentadas estão sendo investigadas internamente. “Até o momento, não foram encontrados elementos que confirmem as acusações de condições análogas à escravidão”.
