O setor de papel e celulose anunciou nesta quarta-feira (21) investimentos de R$ 105 bilhões no Brasil até 2028, durante uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, informou comunicado do Palácio do Planalto.
Os recursos serão destinados à construção de novas fábricas, expansão de plantas já existentes e melhoria da infraestrutura logística. O plano de investimento promete gerar cerca de 36 mil empregos durante as obras e mais 7,3 mil vagas permanentes após o início das operações.
O presidente da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), Paulo Hartung, destacou que o setor tem se reinventado para atender às demandas ambientais e sociais, além de se diversificar.
“O setor entendeu que ia precisar de compromisso social, ambiental, rastreabilidade na produção e assim por diante. O setor vive uma diversificação de uso. Antes, era papel e celulose. Hoje é energia”, afirmou Hartung.
Ele também ressaltou o crescimento de 19% da área de celulose nos primeiros seis meses de 2024 em relação ao ano anterior, posicionando o setor como um exemplo de reindustrialização do país.
O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou a relevância econômica do setor, que gerou US$ 10,3 bilhões em divisas em 2023 e é o maior exportador mundial de celulose.
“O Brasil é o maior exportador do mundo de celulose. O setor tem grande importância ambiental e econômica, é altamente gerador de divisas, o sexto maior exportador brasileiro, com importância no PIB brasileiro”, afirmou Alckmin.
TRÊS LAGOAS É PIONEIRA NO SETOR DA CELULOSE EM MS
Mato Grosso do Sul está crescendo economicamente em vários ramos. Antigamente quando se comentavam do Estado todos pensavam exclusivamente em agropecuária e agricultura, mas com a chegada das gigantes da celulose o cenário mudou e MS já é conhecido mundialmente por ser um grande exportador do setor.
Três Lagoas foi a pioneira na celulose no Estado, na época a VCP, hoje, a Suzano se instalou com duas linhas na cidade. Em seguida, chegou a Eldorado Brasil, com uma linha e existindo a possibilidade de ter a segunda. Poucos anos depois, iniciou-se a construção do Projeto Cerrado, em Ribas do Rio Pardo. Um município, com pouco mais de 20 mil habitantes, se tornou um dos mais que mais geram emprego no Estado, graças ao investimento da fábrica.
Mato Grosso do Sul é exemplo mundial quando o assunto é celulose. Como já dito acima, Três Lagoas, pioneira no setor no Estado, abriga duas indústrias e acabou se tornando ‘a professora’ de Ribas do Rio Pardo e Inocência que, em breve, também terão fábricas operando.
Especulações apontam que existe a possibilidade de Mato Grosso do Sul ‘ganhar’ a quinta fábrica de celulose. Conversas dos bastidores apontam que negociações de uma terceira indústria de papel na região do Bolsão. Se acaso confirmar, o Estado pode totalizar cinco indústrias e nos próximos anos deve se tornar a maior potência do setor no mundo.
As conversas apontam que a fábrica celulose pode ser instalada entre os municípios de Santa Rita do Pardo e Bataguassu. Sendo assim, a região do Bolsão pode somar 3 indústrias, já que Três Lagoas conta com duas: a Suzano e a Eldorado. Também existe a possibilidade da Eldorado ter a segunda linha da fábrica. O anúncio foi revelado pelo próprio diretor-executivo, Wesley Batista, durante um evento na cidade de São Paulo. O investimento deve ser de R$ 25 milhões.
UNIDADE DA SUZANO EM RIBAS DO RIO PARDO – MAIOR DO MUNDO
A indústria da Suzano em MS, conhecida como ‘Projeto Cerrado’ começou os trabalhos neste ano, apesar de ainda não ter inaugurado. Inocência também terá uma fábrica de celulose, do grupo chileno Arauco. As obras da unidade terão início em 2025, mas hoje já tem mais de 400 trabalhadores e vários maquinários atuando na construção e movimentando a economia da então pacata cidade que tinha pouco mais de 8 mil moradores antes do início das obras.
Ao todo, em 2028, Mato Grosso do Sul, estará operando com quatro fábricas de celulose e com a possibilidade de receber a quinta indústria e mais uma linha da Eldorado, o Estado tem de tudo para se tornar a maior potência do setor no mundo. Com as indústrias, também vemos o crescimento do comércio de todas as regiões e do plantio de eucalipto que é a matéria-prima do setor e um negócio que está em alta no Brasil.
Em 2023, foram produzidas 24,2 milhões de toneladas de celulose, das quais 18,1 milhões foram exportadas. Desse montante, 49% foi destinado à China, 24% à Europa, e 15% à América do Norte. O setor foi o quinto item da balança de exportação do agro.
MINAS É LIDER NO SETOR
De acordo com o IBA (Instituto Brasileiro de Atuária) Os plantios de eucalipto estão localizados, principalmente, nas regiões sudeste e centro-oeste do país, com destaque para Minas Gerais (29%), Mato Grosso do Sul (15%) e São Paulo (13%).
O setor da celulose gerou 2,6 milhões de empregos diretos e indiretos em 2022 nos mais de mil municípios presentes, segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais).
As exportações de celulose em 2023 geraram divisas no valor de US$ 7,9 bilhões. Os investimentos previstos somam R$ 67,4 bilhões até 2028.
Os recursos investidos do setor já são destinados para novas plantas, expansão das áreas cultivadas, pesquisa, desenvolvimento e inovação. Hoje, é aberta em média uma fábrica a cada ano e meio.
É o caso do Projeto Cerrado, que oferece origem à nova unidade da Suzano em Ribas do Rio Pardo. A fábrica terá capacidade de produção de 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano. No total, a empresa está investindo R$ 22,2 bilhões no projeto, um dos maiores aportes da história da Suzano, que está em plena celebração de seu centenário.
Para além das novas fábricas, o setor investe consistentemente na modernização das plantas existentes, além de ampliação de áreas plantadas e ciência e tecnologia.