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terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

Nivaldo da Silva Moreira, presidente do Sintiespav (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil Pesada) confirma que trabalhadores realizaram uma paralisação no canteiro de obras da Fábrica de Celulose Arauco, na cidade de Inocência, mas que o Consórcio MLC- ATERPA- responsável pelas obras já sentou e negociou com a categoria e as coisas pelo visto estão entrando nos eixos. 

Em um bate-papo com o Perfil News, a liderança comentou o que está acontecendo e quais as reivindicações dos mais de 1 mil trabalhadores, mas adiantou que em uma reunião com a empresa realizada nesta quarta-feira (25), vários pontos já foram esclarecidos, inclusive aumento salarial de 5% a categoria, além de vários outros benefícios. 

“Foi um movimento na parte dos trabalhadores por descontentamento. No último dia de setembro realizamos uma assembleia que seria realizado um acordo coletivo da obra”. 

O presidente do Sindicato adianta que anteriormente tentou várias negociações para rever a situação, mas nada foi realizado. O alojamento é das pautas que os funcionários pedem melhorias, tais como a refeição algo já acatado pela empresa.  

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

Ainda segundo Nivaldo, a distância do alojamento até a cidade é de pelo menos cinco quilômetros e os trabalhadores precisam realizar compras de higiene pessoal. Uma das reivindicações também foi o transporte para esses funcionários. 

“Precisamos de melhoria de saúde, insalubridade devido a poeira, vale alimentação de R$ 1.100 hoje em dia eles recebem R$ 450. O espelho de ponto e holerite também precisa ter uma cópia em papel pelo trabalhador pois é totalmente digital”.  

Após vários descontentamentos, foi agendada uma reunião nesta quarta-feira (25). Uma Comissão com três trabalhadores participou da reunião para negociação.  

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

“Durante o encontro de ontem, o primeiro assunto debatido pelo sindicato foi o pedido para que a empresa não descontasse as horas do trabalhador durante a paralisação. A empresa pediu o retorno do trabalho e foi pedida uma nova reunião na primeira quinzena de outubro, mas anteciparam para o dia 8 do próximo mês. Eles também adiantaram um plano adicional de ganho quando o funcionário que cuidar da mata pode ganhar até R$ 400. O sindicato pediu um reajuste de 20% e eles falaram que é um assunto a ser debatido na próxima reunião, mas adiantaram um reajuste de 5% para que o trabalho fosse retomado não fugindo da responsabilidade”

Além de já adiantar 5% de pagamento, podendo aumentar os outros 15% na próxima reunião, durante a reunião a empresa também realizou outras adequações no encontro desta quarta-feira. 

“Confirmamos a respeito da visita família, reembolso, melhora da alimentação, mudança do recheio do pão, frutas e a empresa adiantou que a partir do da 1 de outubro já estará tudo como estava sendo pedido pelos trabalhadores. Saímos da reunião com a função de repassar as informações para os trabalhadores. Não existe greve quando a empresa quer negociar. O direito de querer e não querer trabalhar é do trabalhador”

EMPATE

Ainda conforme o sindicato, as imagens que repercutiram foram referente a um empate entre os próprios trabalhadores. Grande parte queria retornar ao trabalho e aguardar as negociações, mas na contramão, alguns funcionários começaram a realizar barreiras impedindo que os trabalhadores que queriam prestar o serviço conseguissem passar. 

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

“A empresa convidou os funcionários que não querem trabalhar a se retirarem, dizendo que paga todos os direitos já que não estão satisfeitos, inclusive estou indo ir prestar apoio aqueles que não querem continuar. A empresa está negociando com os trabalhadores. Estamos atento com as negociações. Eu vejo que existe a possibilidade de negociação. A empresa está trabalhando para oferecer o melhor ao trabalhador, existe uma possibilidade excelente de negociação. Explicamos aos trabalhadores que consequências existem e a empresa está negociando com os funcionários”

MEGA FÁBRICA DE CELULOSE 

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

Ainda em fase inicial de construção, a Arauco anunciou a expansão da capacidade de produção e deve se tornar a maior fábrica de celulose do mundo. A empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano. 

Com o crescimento da produção, a unidade fabril vai superar a recém-inaugurada unidade de produção da Suzano, que entrou em operação no fim de julho, em Ribas do Rio Pardo, também em MS, com linha única de produção com capacidade para 2,55 milhões de toneladas. 

O conselho de administração da Arauco aprovou o investimento global de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões) para a construção da unidade em Inocência, a primeira planta do grupo no País. 

O principal fornecedor do Projeto Sucuriú será a finlandesa Valmet, responsável por cerca de 50% da proposta industrial. O escopo do contrato inclui áreas de processos regulares, uma unidade de gaseificação que gerará biocombustível para abastecer os fornos de cal da operação, uma caldeira de recuperação química – a maior do mundo em capacidade no setor – e uma caldeira de biomassa. 

De acordo com o grupo chileno, a previsão do início das operações na fábrica é para  o fim de 2027, mas ressaltou que a data “pode estar sujeita a mudanças e eventuais adiamentos que possam ser necessários durante o desenvolvimento do projeto”, que já está em fase de terraplanagem. 

 Segundo o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, a fábrica – que já está com as obras em andamento na cidade de Inocência – dependia dessa aprovação para seguir com o projeto. 

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

 “A fábrica já está licenciada e iniciou as obras de terraplenagem, mas dependia essencialmente da definição da tecnologia que utilizaria e de qual fornecedor de equipamentos faria toda a estruturação da obra em Inocência. O que foi aprovado agora no conselho de administração foi exatamente a ampliação dessa planta”, revelou. 

 “A grande notícia é que Mato Grosso do Sul, que já tinha uma planta em Ribas do Rio Pardo de 2,5 milhões de toneladas de celulose, considerada a maior fábrica de linha única do mundo, agora terá uma unidade com capacidade ampliada. Então, a Arauco anuncia uma fábrica de 3,5 milhões de toneladas, ou seja, entre o empreendimento anterior e o de agora, ganhamos uma unidade adicional de um milhão de toneladas. As outras reivindicações que queremos serão debatidas no encontro do dia 8 de outubro”, comemorou Verruck. 

INVESTIMENTO 

Conforme destacou o secretário, o investimento previsto também foi elevado para US$ 4,6 milhões. “São notícias relevantes para o nosso Vale da Celulose, que tem se mostrado [detendor] de alta tecnologia, alta performance, e com uma expansão significativa da base de produção florestal. O Estado mais uma vez se consolida como referência mundial com toda essa estrutura do Vale da Celulose, [agora] com o anúncio da Arauco sobre a ampliação da sua capacidade produtiva para 3,5 milhões de toneladas”, comentou. 

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

 A Arauco financiará a fábrica de celulose emitindo dívida, realizando um aumento de capital de até US$ 1,2 bilhão de dólares e utilizando recursos próprios, afirmou a companhia em comunicado. 

A unidade da Arauco será instalada a 50 km da cidade de Inocência, na margem esquerda do Rio Sucuriú, região onde a Arauco afirma operar desde 2009 com manejo florestal e comercialização de madeira. 

Inocência está localizada  a cerca de 250 km de Ribas do Rio Pardo. A fábrica da Arauco vai gerar mais de 400 megawatts (MW) de eletricidade, dos quais cerca de 200 MW serão destinados ao consumo interno da unidade industrial e o restante será vendido ao sistema. 

A energia excedente – que é suficiente para abastecer uma cidade de mais de 800 mil habitantes – será disponibilizada ao sistema nacional. Segundo a Arauco, o governo de MS conta com uma política industrial e florestal “bem estruturada para o setor” e o Estado tem um clima “muito favorável” ao cultivo de eucalipto. 

 A árvore demora cerca de sete anos para crescer e atingir o ponto ideal de corte no Estado. “É metade do tempo que essa árvore demora para crescer no Chile [12 anos]”, afirmou a companhia. 

VALE DA CELULOSE 

Atualmente, MS conta com uma capacidade instalada de 4,9 milhões de toneladas anuais de celulose, produzidas em três linhas operacionais no município de Três Lagoas, sendo duas da Suzano e uma da Eldorado. 

Reunião acalma ânimos e empresa realiza negociações com trabalhadores da Arauco em Inocência 

 A capacidade produtiva do Estado foi ampliada em mais 2,55 milhões de toneladas com a entrada em operação do Projeto Cerrado, da Suzano, elevando para 7,4 milhões de toneladas anuais a capacidade instalada. 

Estão planejadas as segundas linhas de produção da Eldorado Celulose em Três Lagoas (com uma capacidade prevista de 2,3 milhões de toneladas por ano) e da Arauco em Inocência (2,5 milhões de toneladas anuais). 

 Atraída pelos incentivos fiscais, pela localização estratégica e pelo ambiente favorável, a implementação de um novo megaempreendimento fortalecerá ainda mais o Vale da Celulose. 

Embora ainda não tenha sido confirmada, a nova unidade seria resultado de negociações com a multinacional Portucel Moçambique, empresa controlada pela portuguesa The Navigator Company. Outra possível nova fábrica seria da Bracell, planejada para a região de Água Clara. 

“O anúncio da Arauco está dentro do plano estratégico de desenvolvimento da indústria de base florestal em Mato Grosso do Sul. Recentemente, inclusive, anunciamos o pedido de licenciamento da Bracell para o município de Água Clara. Tudo isso, agora, está dentro de uma estrutura muito bem planejada, com avaliação dos impactos sociais e medidas que o governo, a empresa e a prefeitura terão que tomar para viabilizar a implantação da indústria e, obviamente, garantir os benefícios necessários.  Vamos promover prosperidade e desenvolvimento, além de inclusão para os municípios e as pessoas que vivem e trabalham em MS”, finalizou Verruck.

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