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quinta-feira, 10 de outubro de 2024

Alunas do IFMS se destacam em eventos científicos

Grupos formados por estudantes do ensino médio do Campus Dourados receberam prêmios por projetos nas áreas de Ciências Humanas e Biológicas

Dois projetos de pesquisa desenvolvidos no Campus Dourados do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS) foram premiados recentemente em eventos nacionais de ciência e tecnologia.

Coincidentemente, as equipes dos trabalhos são ambas compostas apenas por mulheres, entre alunas e professoras, fato que vai ao encontro de uma tendência notável na instituição, e que inclusive já foi pauta de reportagem especial em março deste ano: meninas e mulheres são maioria em bolsas de iniciação científica no IFMS, o que é consequência do edital de fomento específico para incentivo à participação feminina na ciência.

Mesmo que os dois projetos de Dourados não façam parte especificamente de tal iniciativa, eles igualmente ressaltam que meninas e mulheres, cada vez mais, vêm se destacando na área da pesquisa.

Um dos trabalhos, ‘Escritoras no Mato Grosso do Sul’, tem justamente o objetivo de dar visibilidade à escrita feminina, por meio de um mapeamento de mulheres que já publicaram e publicam no e/ou sobre o Estado.

Desenvolvido desde 2022 e com várias conquistas importantes em sua trajetória, dessa vez foi premiado na Feira de Ciência e Tecnologia das Nações (Fenadante), realizada em setembro pelo Colégio Dante Alighieri, em São Paulo (SP). O evento teve a participação de alunos de escolas públicas e particulares de diversas regiões do Brasil e de outros países.

O trabalho conquistou o 2° lugar em Ciências Humanas e a credencial para participação na Copa Science, a ser realizada no México em 2025.

Atualmente, o grupo é formado por seis estudantes, três delas participaram da Feira: Isabella Dias Garcia, Marina Signor Tirloni e Sofia Lopes de Souza.

“Ainda não consegui assimilar tudo que aconteceu. Lá fizemos amizade com pessoas de diversos estados e países, foi uma troca cultural e de conhecimento, algumas até provaram tereré e gostaram!”, comenta Sofia, 17.

Para a estudante, a conquista foi um bônus de toda a experiência.

“Só de estarmos lá já estávamos satisfeitas, mas ficamos muito felizes com o resultado, foi uma emoção muito grande. Ganhar credencial para uma feira internacional foi algo surreal porque nunca imaginamos que isso iria acontecer conosco! O projeto mudou minha vida e minha forma de pensar”, comemora.

Aluna do curso técnico em Informática para a Internet, Sofia integra a equipe desde agosto de 2023, mas acompanhou o trabalho desde o início porque é amiga das primeiras participantes do projeto.

“Eu já admirava e entendia a importância do trabalho. Quando entrei, admirei ainda mais. Percebi que as escritoras que eu achava que estavam longe eram professoras minhas também. Reconhecer mulheres da comunidade local que fazem a diferença me fez gostar mais do projeto”, aponta.

Trajetória 

Na etapa atual do projeto, foi feita uma revisão de todas as escritoras já publicadas para haver uma postagem padrão, que é composta por nome, foto, local de nascimento, uma pequena biografia, onde encontrar sua obra e as referências de onde as informações foram retiradas.

Atualmente, são mais de 300 escritoras catalogadas na página no Tumblr.

Para a professora orientadora Karina Vicelli, a grande inovação do projeto é justamente esse cadastramento das escritoras na página criada.

“Ao alocarmos em nossa página tantas mulheres que escreveram e escrevem em nosso lugar do mundo, a partir do interior, como Jateí, Vila Vargas, Fátima do Sul e Dourados, e tentarmos englobar o MS, percebemos o quanto é urgente nos darmos a devida importância, e começarmos a não deixar que continuemos a ser esquecidas”.

O trabalho é desenvolvido desde 2022. Naquele ano, recebeu fomento via Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do Estado de Mato Grosso do Sul (Pictec) da Fundect/MS. Em 2023, integrou a programação da Feira Literária de Bonito (FLIB).

Conforme ressalta a professora, tudo começou com uma ideia local, mas seu objetivo foi sendo ampliado. 

“Se no começo tínhamos como objetivo mapear as mulheres que escrevem no estado de MS, seja produção literária e/ou científica, passamos, além de continuar a levantar esses dados, a propagar a importância de que esse levantamento precisa ser feito e espalhado por todos os municípios, estados e países do mundo”, ressalta Karina.

Para ela, as mulheres estão lutando, escrevendo, pesquisando e produzindo incansavelmente, mas ainda são poucos citadas, pouco estudas.

“Acabamos, ainda, sendo silenciadas. Se em todos os lugares em que há mulheres escritoras elas passarem a ser enxergadas, lidas e estudadas, será possível, por meio desse cadastramento da existência da escrita feminina, fazer com que saiam da invisibilidade e deixem de ser apagadas”, finaliza.

Dentre os prêmios já conquistados pelo ‘Escritoras no MS’ estão o 2° lugar da categoria Ciências Humanas e o Prêmio Destaque Unidades da Federação, que reconhece o melhor trabalho de cada Estado, na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace 2024), promovida pela Universidade de São Paulo (USP). 

Na Feira, Karina também trouxe para o IFMS, pela primeira vez, o ‘Prêmio Professor Destaque‘ criado há 12 anos para reconhecer, valorizar e homenagear os professores pela dedicação.

O projeto também foi classificado como finalista, neste ano, em dois outros eventos científicos nacionais: Feira Nordestina de Ciência e Tecnologia (Fenecit) e Ciência Jovem, ambos no estado de Pernambuco.

Quem desejar conhecer mais o projeto pode acessar a página oficial onde consta o mapeamento que é realizado das escritoras, ou o perfil no Instagram. O e-mail de contato é [email protected].

Diminuição de agrotóxicos

O outro projeto do Campus Dourados que recentemente foi premiado chama-se ‘Isolamento de nematoides entomopatogênicos e patogenicidade contra lagartas de hortaliças’, desenvolvido pelas estudantes do técnico integrado ao ensino médio Isadora Nayara Souza, Izabely Pereira e Livia Almeida de Araujo.

Conforme explica Livia, 18, nematoides são agentes que já estão no solo e, por estarem familiarizados com o clima e o ambiente, são mais eficazes no combate às pragas. Eles já matam naturalmente, só que, por serem em pouca escala no solo e não estarem em todos os lugares, acabam não exterminando as pragas por completo. Outra questão é por serem muito frágeis, os nematoides morrem com a aplicação de agrotóxicos.

“Nosso projeto tem muito a ver com a agroecologia. A gente visa à diminuição do uso de agrotóxicos, por meio do uso de nematoides nativos aqui da região, coletados em Dourados, Fátima do Sul, Vicentina, Laguna, entre outras cidades. Fizemos testes em laboratório para testar a eficácia deles, e os resultados apontaram eficácia boa de 30 a 60%”, relata.

O trabalho foi premiado com o 2º lugar da categoria ensino técnico, na área de Ciências Biológicas, na XII Mostra de Tecnologia e Inovação com Ciências (Motic), realizada em formato híbrido (on-line e presencial) também em setembro.

A credencial para o evento veio após a vitória em 1° lugar em Ciências Agrárias e Engenharias na edição 2023 da Feira de Ciência e Tecnologia da Grande Dourados (Fecigran), promovida pelo próprio IFMS.

“Participar da Motic na modalidade on-line foi uma experiência única, desafiadora e extremamente enriquecedora. O reconhecimento ao projeto foi especialmente gratificante, considerando o alto nível dos demais. A oportunidade de apresentar nosso trabalho em um evento de grande prestígio ampliou nossa visão e aprendizado como pesquisadoras”, aponta Livia.

Confira o vídeo em que as estudantes apresentam o projeto

“Ficamos orgulhosos em ver os nossos estudantes participando de feiras científicas e divulgando os resultados das pesquisas desenvolvidas no campus para a comunidade. A participação em feiras também contribui com a formação e incentiva ainda mais a permanência destes no campo da pesquisa científica. As meninas ficaram muito felizes e motivadas com a premiação”, ressalta a professora orientadora Viviane Santos.

O projeto teve início em outubro do ano passado e recebeu doações de lagartas para uso nos experimentos da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UEMP) e da Universidade de São Paulo (USP). As participantes recebem bolsas da Fundect/MS por meio do Programa de Iniciação Científica e Tecnológica do Estado (Pictec).

Para saber mais sobre o projeto, acesse o perfil no Instagram!

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