Jaqueline dos Santos, dona de casa de 34 anos, relembra com carinho as datas comemorativas que passou com seus três filhos. No entanto, sua vida mudou drasticamente há seis anos, após a perda do marido.
Conforme o site Campo Grande News, a tragédia familiar se agravou com a morte de seu segundo filho, assassinado dentro de um hospital em Chapadão do Sul. O adolescente foi morto a tiros menos de 24 horas depois de matar um homem durante o roubo de um carro em Aporé (GO).
Ele havia sido ferido em confronto com a polícia durante a tentativa de fuga e estava internado no hospital sob escolta policial.
O jovem ocupava o quarto 9 da ala B do hospital, mas, no momento do ataque, não havia policiais no local. O atirador o alvejou através da janela. Embora a vítima tenha morrido no local, o número exato de disparos não foi divulgado.
“Entendo que, por mais errado que ele tenha sido, por ser menor, eu deveria ter sido autorizada a vê-lo. Mas, com a escolta, não me deixaram. Agora, alguém precisa me explicar o que aconteceu. Ele morreu dentro de uma instituição pública, e eu não pude nem me aproximar dele”, desabafa Jaqueline.
Enquanto internado, a mãe só pôde vê-lo uma vez, durante o banho, e não teve o acesso integral previsto no artigo 12 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Mesmo após obter um documento da Defensoria Pública autorizando sua permanência no hospital, Jaqueline foi impedida de ficar com o filho.
Ela descobriu a morte do filho por meio de conhecidos de Três Lagoas. “Liguei para o hospital e me disseram que não sabiam de nada, e já era 7h30 da noite. Meu filho já tinha morrido. Fui ao hospital para entender o que aconteceu, mas ninguém do hospital ou da polícia me ligou para avisar”.
Jaqueline questiona como o atirador sabia que o adolescente estava sozinho no exato momento em que o policial deixou o local. “Ele estava sob custódia do Estado e acompanhado por policiais. Como é possível que, justamente quando o policial saiu, meu filho foi atingido?”.
Abalada, Jaqueline reconhece os erros do filho, mas afirma que precisa de respostas. “Vou acionar o Estado. Alguém tem o dever de me explicar o que aconteceu. Não é só uma questão de justiça, mas de obter uma resposta”.
Ela relembra o filho como um menino amoroso, mas que se revoltou após a perda do pai. Diagnóstico de bipolaridade, dislexia e epilepsia complicaram sua vida. Apesar do tratamento com medicação controlada, o jovem abandonou os remédios, o que agravou seu comportamento. Ele passou a se envolver com más influências, ficar dias fora de casa e abandonou os estudos.
Às famílias das vítimas de seu filho, Jaqueline pede perdão. “Sei que isso não é suficiente, mas peço desculpas. É tudo o que posso fazer”, conclui, em lágrimas.