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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

ESCÂNDALO NACIONAL: esquema de corrupção no judiciário faz MS virar manchete no Brasil

A Operação Última Ratio, deflagrada pela Polícia Federal, cumpriu mandados de busca e apreensão contra 27 nomes envolvidos em um esquema de compra de decisões judiciais em Mato Grosso do Sul

Mato Grosso do Sul virou manchete nacional nesta quinta-feira (24). Desta vez, o Estado não foi destaque por suas belezas naturais ou por sua economia que segue deslanchando e sim por um escândalo envolvendo um suposto esquema de venda de sentenças no TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul).

A Operação Última Ratio, deflagrada pela Polícia Federal, cumpriu mandados de busca e apreensão contra 27 nomes envolvidos em um esquema de compra de decisões judiciais em Mato Grosso do Sul. Entre os investigados estão desembargadores, desembargadores aposentados, conselheiros do TCE (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul), advogados e empresários. Quase R$ 4 milhões foram apreendidos, além de armas, documentos e computadores.

ENVOLVIDOS NO ESQUEMA

A PF pediu a prisão de 12 dos 26 investigados por suposto esquema. Entre os que tiveram pedido de prisão representados pela autoridade policial estão os cinco desembargadores que foram afastados do cargo: Vladimir Abreu da Silva, Alexandre Aguiar Bastos, Sideni Soncini Pimentel, Sérgio Fernandes Martins e Marcos José de Brito Rodrigues.

Além deles, também foi representada prisão do conselheiro afastado do TCE-MS (Tribunal de Contas do Estado), Osmar Domingues Jerônymo, e seu sobrinho Danillo Moya Jerônymo – que é servidor do TJMS.

Também foram alvo de pedidos de prisão: Júlio Roberto Siqueira Cardoso – desembargador recém-aposentado flagrado com R$ 2,7 milhões que foram apreendidos -, Diego Moya Jerônymo (parente de Osmar Jerônymo e proprietário da empresa DMJ Logística e Transportes Ltda), Everton Barcellos de Souza (sócio da DMJ), Percival Henrique de Sousa Fernandes (proprietário da PH Agropastoril) e o advogado Felix Jayme Nunes da Cunha.

ESCÂNDALO NACIONAL: esquema de corrupção no judiciário faz MS virar manchete no Brasil

No entanto, os pedidos foram rejeitados pelo ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça), relator Francisco Falcão: “A medida extrema de prisão não deve ser adotada nesse momento, já que, por ora, há outras medidas cautelares capazes de atingir a mesma finalidade, com menor ônus. Além do mais, a efetivação de prisões cautelares nesse momento imporia a necessidade de conclusão das apurações, com oferecimento de denúncia, em prazo exíguo”.

Assim, os investigados deverão usar tornozeleira eletrônica e ficam proibidos de conversar com funcionários e frequentar o TJMS.

VEJA A LISTA E OS CARGOS DOS INVESTIGADOS:

– Sérgio Fernandes Martins – atual presidente da Corte

– Vladimir Abreu – vice-presidente eleito para assumir o biênio 2025/2026

– Sidnei Pimentel – presidente eleito para assumir o biênio 2025/2026

– Alexandre Aguiar Bastos – desembargador

– Marcos Brito – desembargador

– Osmar Domingues Jeronymo – Conselheiro e corregedor-geral do TCE (Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul)

– Danillo Moya Jeronymo – sobrinho de Osmar Domingues Jeronymo

– Natacha Neves de Jonas Bastos – servidora do TJMS

– Marcus Vinicius Machado Abreu da Silva – advogado e filho do desembargador Vladimir Abreu

– Ana Carolina Machado Abreu da Silva – advogada e filha do desembargador Vladimir Abreu

– Júlio Roberto Siqueira Cardoso – desembargador aposentado

– Camila Cavalcante Bastos Batoni – advogada, atual vice-presidente da OAB/MS e filha do desembargador Alexandre Bastos

– Rodrigo Gonçalves Pimental – filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel

– Renata Gonçalves Pimental – filha do desembargador Sideni Soncini Pimentel

– Divoncir Schreiner Maran – desembargador aposentado e alvo da Operação Tiradentes

-Divoncir Schreiner Maran Junior – filho do desembargador aposentado Divoncir Schreiner Maran

– Diogo Ferreira Rodrigues – advogado e filho do desembargador Marcos José de Brito

– Felix Jayme Nunes da Cunha – advogado e um das cabeças do esquema

– Everton Barcellos de Souza – empresário

– Diego Moya Jeronymo – sobrinho de Osmar Domingues Jeronymo

– Percival Henrique de Souza Fernandes – empresário

– Paulo Afonso de Oliveira – juiz da 2ª Vara Cível da Comarca de Campo Grande-MS

– Fábio Castro Leandro – ex-procurador-geral da Prefeitura de Campo Grande e filho do desembargador aposentado Paschoal Carmello Leandro

– Anderson de Oliveira Gonçalves – empresário, proprietário da Florais Transportes e Táxi Aéreo no Mato Grosso

– Flávio Alves de Morais – advogado e sócio de Felix Jayme Nunes da Cunha

– Mauro Boer – empresário

– Marcos Antônio Martins Sottoriva – Procurador de Justiça do Estado de Mato Grosso do Sul

INVESTIGAÇÃO

Foram cumpridos 44 mandados de busca e apreensão expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça em Campo Grande, Brasília, São Paulo e Cuiabá/Mato Grosso.

A ação teve o apoio da Receita Federal e é um desdobramento da operação ‘Mineração de Ouro’, deflagrada em 2021, na qual foram apreendidos materiais com indícios da prática dos referidos crimes.

MINERAÇÃO DE OURO É DESDOBRAMENTO DE DENÚNCIA DE SERVIDOR

Exemplo de cidadão, o ex-secretário do Ministério Público de Contas, Enio Martins Murad, mostra que não importa quanto tempo demore, a verdade sempre vai aparecer. O ex-servidor fez diversas denúncias de desvio de verba pública que resultaram em grandes operações da Polícia Federal. Por sua vez, o conselheiro renunciou ao cargo no último dia 12 de dezembro após sofrer perseguições devido as denúncias.

ESCÂNDALO NACIONAL: esquema de corrupção no judiciário faz MS virar manchete no Brasil

Enio atuou como secretário do Ministério Público do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul no ano de 2015. Diretor do órgão, ele começou a realizar denunciar grandes esquemas. Realizando apenas o seu trabalho, o professor universitário e advogado foi perseguido e até ameaçado de morte pelos ‘chefões do crime’.

As denúncias de Enio foram tão sólidas que resultaram em operações como a Lama Asfáltica, Pilar de Pedra, Mineração de Ouro e Terceirização de Ouro.

Diretamente de Paris, Ênio conversou com o Perfil News e comentou sobre a nova operação da PF, fruto de denúncias que ele realizou anos atrás.

“A Justiça foi feita em Mato Grosso do Sul outra vez. Até quando a Ordem dos Advogados do Brasil junto com outros colegas corruptos irão apoiar a venda de sentença por desembargadores e por membros do Tribunal de Contas do Estado? Justiça seja feita! Liberdade, igualdade e fraternidade. A Justiça sempre vencerá”, desabafou.

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