Uma reunião em que o governo federal apresentou a governadores a proposta de emenda à Constituição chamada de PEC da Segurança teve um desentendimento entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil).
O texto propõe que se estabeleça o Sistema Único de Segurança Pública (SUSP), com maior participação da União no combate ao crime, especialmente organizado, e mudanças em atribuições das polícias federais.
O Governador de Goiás disse ser contra a proposta e ainda relatou que vai atuar contra a PEC no Congresso Nacional. Na frente do Presidente e dos Ministros, o Chefe do Estado goiano relatou que existem assuntos mais importantes para serem abordados.
“A praticidade para fazer o combate é muito diferente que no papel. O Sistema Único de Saúde e de Educação não pode ser confundido com o de Segurança Pública. Ela tem suas peculiaridades. Cada Estado tem a sua e não é uma regra única que deve atingir todos os Estados, esse engessamento não vai dar certo. A função dessa Lei é receber ordem do Congresso Nacional e da União. Eles que devem me dizer como devo cuidar da segurança do Estado. Acho que deviam dar mais autonomia ao Estado. O que não podemos é aceitar como a polícia do meu Estado deve abordar um criminoso. Não vou colocar câmera no meu policial de jeito nenhum. Não vou caminhar em uma situação como essa onde nós estamos apenas a pagar salários e receber ordens do Congresso Nacional e da União dizendo como me comportar em Goiás”, disse Caiado ao Presidente Lula.
DEBATE E IRONIA
Caiado não foi o único governador a se posicionar contra a proposta. A reunião foi toda transmitida ao vivo pelo canal do governo, mesmo com as críticas. O presidente afirmou que esperava por isso e que o objetivo do encontro era realmente promover o debate e ainda ironizou a fala do governador de Goiás.
“Eu tive a oportunidade de conhecer hoje o único Estado que não tem problema de segurança, que é o Estado de Goiás. Eu peço para Lewandowski ir lá levantar, porque pode ser referência para todos os governadores. Em vez de eu chamar uma reunião, era o Caiado que deveria ter chamado a reunião para orientar como se comporta para a gente acabar com o problema da segurança em cada Estado”, disse o presidente.