O Ministério Público de Mato Grosso do Sul encaminhou um ofício à Prefeitura de Três Lagoas nesta segunda-feira (11). No documento, assinado pelo Promotor de Justiça e do Meio Ambiente, Antônio Carlos Garcia de Oliveira, a autoridade pede que o Executivo apresente melhorias a região conhecida como Cascalheira.
Ainda no mesmo dia, o Perfil News publicou uma reportagem a qual mostrava a situação como o lugar está. Hoje, o local é um ponto turístico de Três Lagoas e o queridinho de quem pratica esportes como trilha, corrida, esportes radicais, etc. O lugar também serve como ‘refúgio’ para famílias que querem curtir o fim de semana na beira do rio, mas a falta de conscientização da própria população há muitos anos deixa um espaço lindo com aspecto de abandonado.
AGRESSÕES AO MEIO AMBIENTE
De acordo com o ofício encaminhado ao Executivo, o promotor diz que há muitos anos seguidos no local é encontrado todo tipo de sujeira, lixo, pessoas usando lugar para prática de tiros, abandono de objetos inservíveis, uso indiscriminado para prática sexual, festividades e churrascadas regadas a bebida atirada nos lagos existentes no citado Parque que vêm sofrendo com as infindáveis agressões ambientais ocorrentes.
Sendo assim, o Promotor pediu para que a Prefeitura tome providências sobre o espaço. Localizada na intersecção dos rios Sucuriú e Paraná, a Cascalheira foi uma área utilizada para a remoção de cascalho durante a construção da Usina do Jupiá, na década de 1960. Também foi ali que foi escavado um canal para o desvio das águas do Rio Sucuriú durante a construção da Usina.
Devido à proximidade da superfície dos lençóis freáticos da região, os buracos escavados logo se encheram de água, formando lagoas. Após o término da construção da usina hidrelétrica, o local se tornou uma área de segurança, sob os cuidados do Exército. Também foi utilizado para treinamentos militares. Neste período, a vegetação da área se recuperou e o Cerrado voltou a crescer.
FAUNA E FLORA
A cascalheira é rica em fauna e flora. Repleta de animais como lobinhos, tamanduá e até onça, mas as pessoas que frequentam o espaço estão deixando um rastro de destruição, colocando em risco a vida dos bichos que lá habitam. Vários já ficaram enroscados e até morreram em sacolas de abandonadas pelas pessoas.
“No último final de semana fui brindado com dois vídeos demonstrando a irascível atividade humana de abandonar em area de lazer e beleza ambiental, muito lixo., lixo de toda a espécie. Isso vem acontecendo porque veículos adentram o local para suas atividades como churrascos, embriaguez no local através de ingestão de bebidas em volumes exagerados, barulhos de som dos veículos que ali adentram, enfim, uma baderna generalizada agressiva a ordem ambiental, inclusive em certas épocas tivemos até mesmo a ocupação por animais de criação”, diz um trecho do ofício.
O documento também diz que é preciso que o município tome medidas urgentes e sugere colocação de guarda, de cercas ou montes de terras em todas as passagens de veículos, o que resultaria em danos menores ao Meio Ambiente. O Ministério Público ainda adianta que vai ajuizar medidas para a apuração de todos os fatos e que vai responsabilizar as pessoas que estão causando as agressões ambientais.
Ainda conforme o ofício, a Promotoria de Meio Ambiente estará instaurando Notícia de Fato acerca do assunto, solicitando apoio da Polícia Militar Ambiental para fiscalização e para que medidas mais severas sejam adotadas.
LOCAL ESTÁ SENDO CERCADO
O Perfil News entrou em contato com a Prefeitura de Três Lagoas. O Secretário de Meio Ambiente, Mauro Di Grande, disse o Executivo está tomando medidas. O Chefe da Pasta ressalta que o espaço está sendo cercado.
“Está sendo construída a guarita, o cercamento. Nós fizemos esse projeto e conversamos com o promotor Antônio Carlos. Vamos fechar e colocar guarda. Só vão entrar pessoas para realizarem trilhas e caminhadas a pé. Estará proibida a entrada de veículos e churrascos como andam fazendo”.
Ainda de acordo com o secretário, os trabalhos realizados na Cascalheira foram divididos em duas etapas: a cerca, guarita e poço artesiano e pontos de energia são obras que custaram R$ 800 mil e parte delas devem ser concluídas ainda na gestão do prefeito Angelo Guerreiro (PSDB). Na segunda etapa, já com o prefeito eleito, Cassiano Maia (PSDB), o município deve construir um Centro de Convenções para serem realizadas palestras voltadas para assuntos envolvendo a fauna e a flora.
“O cercamento e a guarita deve terminar ainda na gestão do Guerreiro ou no começo da chefia do Cassiano Maia, que já deve dar início a segunda etapa que contempla auditórios, banheiro, ponto de apoio, estacionamento. A ideia é terminar a primeira e já licitar a segunda etapa”, explicou o secretário.