Prefeito João Danieze quando assumiu a prefeitura pegou o caixa praticamente no vermelho, com dívidas de mais de R$ 18 milhões. Conseguiu negociar as dívidas e deixará em caixa de R$ 60 à R$ 80 milhões
Ribas do Rio Pardo entrou para a história na última semana. A inauguração oficial da Suzano foi um dia memorável e contou com a presença do Presidente da República, Ministros, Prefeitos e várias outras autoridades na cidade.
O Perfil News bateu um papo com o Chefe do Executivo João Alfredo Donizete (PT) que deixa a frente da prefeitura em dezembro de 2025. Ele contou sobre os desafios enfrentados durante a construção do grande empreendimento que é uma fábrica de celulose.
EVOLUÇÃO
Donizete comentou sobre a evolução do município. A cidade está com novos imóveis sendo construídos e hotéis. Lojas cheias no comércio e um fluxo enorme de pessoas agora fazem parte da rotina da ‘ex-pequena cidade’. Com importantes evoluções e mesmo quando a fábrica ainda estava em construção, a economia local já deu um ‘boom’. O orçamento da cidade previsto para 2023 foi de R$220 milhões.
A transformação veio com o Projeto Cerrado. Anunciado em maio de 2021. A fábrica recebeu investimento total de R$ 22 bilhões e, no pico das obras em abril de 2023, gerou cerca de 12 mil empregos diretos. Ao Perfil News, o prefeito comentou sobre coisas boas e ruins que aconteceram em sua gestão.
“Eu previa um impacto menor. As demandas foram superiores à nossa imaginação. Nunca tinha ocorrido um investimento tão grande na cidade. Não foi culpa da fábrica, mas não teve um planejamento. Foi algo anunciado de última hora. Aceitamos o desafio. A inauguração foi um dia de coroação e agradeço todos os servidores municipais”
MAIS DE R$ 80 MILHÕES EM CAIXA
Com um ‘boom’ econômico, mesmo deixando a frente da prefeitura, o prefeito adianta que vai deixar uma boa quantia em caixa para o gestor que assumir a administração de Ribas.
“Pretendo deixar de R$ 60 à R$ 80 milhões em caixa. Algo muito diferente de quando assumi que tinha de R$ 3 a R$ 4 milhões. A prefeitura quase não tinha caixa e ainda tinha uma dívida de R$ 18 milhões das gestões anteriores. Parcelamos essa dívida e o prefeito que assumir vai estar com todas as contas em dia. Todos os compromissos estão em dia. A próxima gestão vai pegar o município com letra A do Tesouro Nacional. O orçamento para o ano que vem é de R$ 488 milhões e no primeiro ano foi de R$ 120 milhões. Quadruplicamos o valor”
IMPACTOS HABITACIONAL
A Fábrica da Suzano vai produzir 2,55 milhões de toneladas de celulose de eucalipto por ano, empregando 3 mil pessoas, entre colaboradores próprios e terceiros, nas áreas florestal e industrial, e movimentando toda a cadeia econômica da região, mas o prefeito lamenta o impacto envolvendo moradia na cidade.
“Para nós a moradia foi um grande problema. Pequemos a cidade com um baixo percentual de pavimentação. Nós crescemos de 35% para 70% de asfalto. Aumentando o quantitativo de médico, fizemos concurso público já lotados nos cargos. Estamos zerando as demandas de creche. O grande problema foi a moradia devido à falta de política habitacional. Em parcerias conseguimos entregar centenas de casas, mas ainda não atende a demanda. Precisamos de mais 2 mil casas. Estamos deixando um loteamento com 800 lotes para a próxima gestão fazer casas para entregar as famílias dessa situação degradante que foi algo que nos incomodou e continua incomodando”
DEMANDA IMOBILIÁRIA
Com a fábrica, a demanda da imóveis disparou em Ribas do Rio Pardo. Pessoas que pagavam um valor baixo de aluguel tiveram um aumento quatro vezes maior do que pagavam. Sem ter condições de arcarem com as despesas, precisaram ir para as ruas.
“No meu gabinete não acrescentei nada. Não queria ter conforto enquanto pessoas moram em barracos. Pessoas que pagavam R$ 500 de aluguel antes da fábrica viram os valores aumentando para até R$ 4 mil em uma casa de dois quartos. Elas passaram a ocupar áreas públicas e a gente teve que permitir porque não tinham aonde ir. Tiramos centenas delas, mas pelo menos 200 famílias ainda moram em barracos”
DESAFIOS ADMINISTRATIVOS
Com o aumento da população, os serviços públicos também precisaram ser ampliados. Donizete explica que foi um grande desafio e a prefeitura de Ribas do Rio Pardo contou com parcerias para arcar com toda demanda.
“Na segurança pública, o Secretário Estadual Carlo Videira reforçou o contingente de policiais. Na educação o Senai também foi parceiro. A gente foi se readaptando conforme as demandas foram chegando”
Três Lagoas pode até ser considerada a Capital da Celulose, mas quando o assunto é eucalipto, Ribas do Rio Pardo lidera o Ranking. “No dia da inauguração eu disse que Ribas é a Capital do Eucalipto. Hoje em dia temos um total de 370 mil hectares de floresta plantada. Crescemos muito”.
O prefeito entrega o mandato com o gostinho de ‘quero mais’ já que devido às demandas da fábrica, não conseguiu colocar em prática o que realmente pretendia a cidade de Ribas do Rio Pardo.
“Nós imaginávamos fazer mais, mas a construção da fábrica nos tirou o foco. Uma série de outras prestações de serviços não foram feitas dentro do cronograma. Porém, ao passar a correria da construção, esses serviços começaram a ser realizados e as pessoas passaram a notar mais a gestão. Se tivesse mais planejamento teria feito moradia. O grande legado da minha gestão é a geração de emprego. Ver jovens com emprego, salário digno e com cabeça erguida.”
FÁBRICA SUZANO
Referência global na fabricação de produtos desenvolvidos a partir do cultivo de eucalipto, particularmente na produção de celulose, a nova fábrica de celulose, também conhecida como Projeto Cerrado, erguida em Ribas do Rio Pardo exigiu R$ 22,2 bilhões de investimentos e ampliará em cerca de 20% a capacidade instalada da companhia.
O Projeto Cerrado produzirá 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano, ampliando a capacidade instalada da Suzano para 13,5 milhões de toneladas anuais, além de 1,5 milhão de toneladas de capacidade instalada de papel e outros produtos.
A Suzano já estava operando desde o final de junho de 2024, mas a solenidade que acontece hoje, mostra a potência e a importância da indústria no setor. O megaempreendimento levou emprego de sobra para o município, que continua crescendo e ocupando o segundo lugar do Estado na criação de empregos.
POTÊNCIA DA CELULOSE
A inauguração da fábrica trouxe consigo a criação de 3 mil postos de trabalho permanentes, representando 12,9% da população local. Durante a construção, foram gerados 12 mil empregos diretos, evidenciando o impacto positivo e transformador do empreendimento na economia local. Com a operação a pleno vapor, a Suzano empregará colaboradores próprios e terceirizados em atividades industriais, florestais e logísticas, consolidando-se como um dos maiores empregadores da região.
Com o início das operações da nova unidade, a capacidade instalada de produção de celulose da Suzano aumentou de 10,9 milhões para 13,5 milhões de toneladas anuais, representando um crescimento superior a 20% na produção atual da companhia. Além da celulose, a Suzano possui capacidade para produzir 1,5 milhão de toneladas anuais de papéis, incluindo linhas de papéis sanitários, de imprimir e escrever, e de embalagens.
O empreendimento já proporciona uma série de avanços socioeconômicos diretos e indiretos na cidade de Ribas do Rio Pardo e regiões vizinhas. A fábrica conta com o menor raio médio estrutural da base florestal entre as operações da Suzano, com 65 quilômetros entre as áreas de plantio e a unidade fabril, significativamente menor do que o raio médio estrutural de 150 quilômetros. Essa característica única minimiza os custos logísticos e reduz o impacto ambiental associado ao transporte da celulose.
Em termos de sustentabilidade, a nova fábrica utiliza tecnologia de gaseificação da biomassa nos fornos de cal, reduzindo o uso de combustíveis fósseis aos momentos de partida e retomada de produção. Além disso, a unidade será autossuficiente na produção de ácido sulfúrico, peróxido de hidrogênio e energia verde, gerando um excedente de aproximadamente 180 megawatts (MW) médios, que será exportado para o Sistema Interligado Nacional (SIN). Essa energia renovável poderia abastecer mensalmente uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes.