Vans e ônibus são alguns dos modelos que precisam passar por inspeção veicular obrigatória
Com a proximidade das férias, o movimento nas rodovias brasileiras aumenta significativamente e muitos motoristas já planejam viagens em família, excursões ou aventuras sobre rodas. No entanto, para garantir que o trajeto seja seguro, é fundamental realizar as revisões adequadas nos veículos antes de pegar a estrada. Essa medida é ainda mais essencial para ônibus coletivos e vans, que precisam atender à legislação e passar por inspeções veiculares regulares para trafegarem de forma segura e dentro das normas.
Dados da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE) apontam que 33% dos veículos que passaram por algum tipo de modificação em sistemas de segurança foram reprovados na inspeção. Veículos inseguros e com manutenção precária colocam em risco todos aqueles que circulam nas vias públicas.
Recentemente, um exemplo trágico da negligência com a manutenção de veículos ocorreu na BR-376, em Guaratuba (PR), quando uma carreta colidiu com uma van que transportava uma equipe de remo. Nove pessoas morreram, o motorista da van e oito jovens atletas do Projeto Remar para o Futuro, de Pelotas (RS). A carreta estava sem manutenção no sistema de freios, fator que contribuiu diretamente para o acidente.
ESTATÍSTICAS
De acordo com dados da Federação Nacional da Inspeção Veicular (FENIVE), um terço dos veículos que passaram por inspeção veicular foram reprovados por problemas em sistemas de segurança. Entretanto, somente uma pequena parte da frota passa por inspeção de segurança veicular periódica, ou por modificação, ou por recuperação de sinistro. A maioria da frota no Brasil não passa por nenhum tipo de verificação de segurança.
Entre os principais problemas encontrados se destacam as falhas na sinalização, como luzes e faróis, que representam 47,58% das irregularidades. Além disso, 30,1% dos veículos apresentam defeitos ou irregularidades em equipamentos obrigatórios, como cintos de segurança, pneus, freios e barras de proteção, componentes indispensáveis para a segurança de motoristas e passageiros.
O engenheiro mecânico Daniel Bassoli, diretor executivo da FENIVE, explica que a falta de atenção adequada ao veículo pode transformar uma viagem tranquila em uma experiência perigosa. Problemas em sistemas de freios ou em equipamentos de sinalização aumentam consideravelmente o risco de acidentes, especialmente em trechos movimentados ou mal iluminados. “O episódio com os atletas do remo foi um desses casos, em que se somou a negligência do motorista do caminhão à do proprietário do veículo, que não fez as manutenções necessárias para garantir a segurança”, analisa.
INSPEÇÃO VEICULAR OBRIGATÓRIA
Ônibus e vans estão entre os veículos que precisam, obrigatoriamente, passar por inspeções regulares para garantir que estão em condições de circular, de acordo com regulamentação da ANTT e departamentos estaduais de tráfego. Esses veículos precisam estar com todos os sistemas em pleno funcionamento, desde os pneus até a iluminação. “Durante a inspeção veicular, todos os itens são verificados e o veículo é certificado de estar atendendo às regras de segurança e pronto para enfrentar longas viagens”, comenta.
A regra também se aplica aos carros movidos a GNV, veículos de transporte de escolares, de carga perigosa e aqueles que sofreram modificações estruturais, uma vez que as alterações sem a devida inspeção podem comprometer a estabilidade e o funcionamento do veículo. Bassoli destaca que o porcentual da frota inspecionada todos os anos não ultrapassa 2% do total. “Isso não acontece porque o artigo 104 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), que determina inspeção periódica da frota, ainda não foi regulamentado”, pontua.
ESTATÍSTICAS
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou 33.894 mortes decorrentes de acidentes de trânsito em 2022, número pouco superior a 2021, quando foram contabilizadas 33.813 mortes. Além disso, em 2021, foram registradas 180.443 internações hospitalares devido a acidentes de trânsito, com um custo de R$ 253,2 milhões para o Sistema Único de Saúde (SUS).
O diretor da FENIVE enfatiza que, enquanto não houver um trabalho de conscientização coletiva da população, os acidentes de trânsito continuarão sendo um problema de saúde pública no Brasil. “A responsabilidade é de todos, desde o motorista, que é responsável pela direção segura e pela manutenção adequada do veículo, aos passageiros, que devem cobrar essa segurança na hora de aceitar uma carona”, observa, elencando ainda o papel das autoridades de trânsito, responsáveis por garantir que as normativas de trânsito sejam respeitadas.