Ministro Gurgel de Faria decidiu que a competência para julgar a disputa entre a J&F e a Paper é da Vara de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul
O ministro Gurgel de Faria, do STJ, decidiu, nesta segunda, que a 1ª Vara Federal de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, é a competente para julgar as ações relacionadas à transferência do controle acionário da Eldorado Brasil Celulose. Conforme informações divulgadas na coluna Radar, da Veja A decisão resolve o conflito de competência entre dois processos movidos em diferentes jurisdições, reafirmando que o caso deve tramitar na vara do MS onde ocorreu a alienação em discussão. A liminar do magistrado será agora analisada pela Primeira Turma.
Considerado a maior disputa societária do Brasil, o caso envolve a J&F – holding dos irmãos Batista – e a Paper Excellence, que adquiriu a Eldorado em 2017, mas ainda não obteve o controle acionário da empresa. A controvérsia está centrada nas restrições legais à venda de terras para empresas com capital estrangeiro, tema abordado em duas ações judiciais: uma Ação Civil Pública ajuizada em Três Lagoas pela Fetagri-MS e outra Ação Popular apresentada em Chapecó (SC) por um ex-prefeito. Ambas visam suspender a transferência do controle acionário da Eldorado para a CA Investment, subsidiária da Paper Excellence no Brasil. O desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, havia concedido uma liminar atendendo aos pedidos da J&F, o que paralisou a operação e suspendeu os investimentos planejados pela Paper para uma segunda fábrica no MS. A CA Investment recorreu ao STJ alegando risco de decisões contraditórias entre as ações e questionando a atuação do TRF-4 no caso.
Na decisão desta segunda-feira, o ministro Gurgel, destacou que o prosseguimento das ações em jurisdições diferentes poderia gerar “soluções distintas e até inconciliáveis”, comprometendo a segurança jurídica e os interesses públicos envolvidos. O relator determinou que a competência para julgar as ações seja fixada provisoriamente na 1ª Vara Federal de Três Lagoas (MS), justificando que a Ação Civil Pública foi a primeira a ser protocolada e está diretamente vinculada ao local da alienação em disputa. Com isso, a liminar concedida pelo desembargador Favreto, que havia suspendido a transferência do controle acionário, será reavaliada pelo juiz Roberto Polini, responsável pela 1ª Vara Federal de Três Lagoas (MS).
Por Robson Bonin